Verbete Draft: o que é Machine Learning

Isabela Mena - 2 nov 2016Benedict Cumberbatch vive Alan Turing no filme 'The Imitation Game’, sobre o cientista da computação que perguntava se as máquinas eram capazes de pensar (foto: reprodução internet)
Benedict Cumberbatch vive Alan Turing no filme 'The Imitation Game’, sobre o cientista da computação que perguntava se as máquinas eram capazes de pensar (foto: reprodução internet)
Isabela Mena - 2 nov 2016
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

MACHINE LEARNING

O que acham que é: Uma nova descoberta computacional.

O que realmente é: Machine Learning (ou Aprendizado de Máquina) é uma sub-área da Inteligência Artificial que desenvolve a capacidade dos computadores de tomar decisões a partir de dados, sem que sejam programados explicitamente para esses fins.

Segundo Almir Meira Alves, professor dos cursos graduação e MBA da FIAP, o Machine Learning se propõe ao desenvolvimento de algoritmos e técnicas que orientem o computador a aprender para que aperfeiçoe seu desempenho em alguma tarefa. “O Machine Learning utiliza o chamado raciocínio indutivo, que extrai regras e padrões de grandes conjuntos de dados.”

Celso Poderoso, coordenador do MBA em Big Data – Data Science da FIAP, complementa: “Esse tipo de sistema é capaz de tomar decisões baseadas nos dados disponíveis e as decisões tomadas pelo sistema podem realimentar a base de dados. Desta, não segue apenas a lógica imposta pelo desenvolvedor e, sim, é capaz de se ajustar sem a intervenção humana”.

Quem inventou: É difícil definir. “Mas se quisermos ir até o limite da ciência da computação, possivelmente chegaremos a Alan Turing”, diz Poderoso. O texto WTF is machine learning?, do TechCrunch diz que, embora várias publicações levem o leitor a acreditar que isso é algo incrivelmente novo, a verdade Machine Learning é que é uma tecnologia quase tão antiga quanto o computador: “Não é coincidência que Alan Turing, um dos mais influentes cientistas da computação de todos os tempos, começou seu tratado sobre computação, em 1950, com a pergunta ‘Podem as máquinas pensar?’”.

Quando foi inventado: Alves conta que, em 1950, Turing criou o um o “Teste de Turing” para determinar se um computador tinha inteligência real. Dois anos depois, em 1952, Arthur Samuel (pioneiro em inteligência artificial) escreveu o primeiro programa de aprendizagem para computador, um jogo de damas. “O IBM ia melhorando o desempenho à medida em que jogava, estudando os movimentos, propondo estratégias vencedoras e incorporando esses movimentos em seu programa.” A partir daí, há descobertas em praticamente todas as décadas, por variados cientistas, até os dias de hoje.

Para que serve: Magali Andreia Rossi, professora do curso de Sistemas para Internet da Faculdade de Tecnologia do Estado (Fatec) de Carapicuíba, diz que os resultados do Machine Learning são úteis na tomada de decisão: “O maior beneficio é a possibilidade de produzir análises rápidas e precisas independentemente da complexibilidade que os dados possuam”. Para Alves, algumas das aplicações práticas são o processamento de linguagem natural, os motores de busca e os diagnósticos médicos. “Também é usado na bioinformática, no reconhecimento de fala e de escrita, na visão computacional e na locomoção de robôs”, diz.

Quem usa: Segundo Rossi, a Machine Learning está sendo altamente difundida pelos mais diversos tipos de empresas: “Podemos citar os carros autônomos do Google, Amazon e Netflix com seus serviços online, empresas de segurança cibernética para detecção de fraudes, entre outras que necessitam de análise em grandes quantidades de dados”. Poderoso cita também sites de e-commerce e varejo em geral, redes sociais, instituições financeiras, indústria automotiva, aviação, etc. “De um modo geral, qualquer grande empresa hoje utiliza, em maior ou menor, grau essa tecnologia”, afirma.

Efeitos colaterais: Há questões éticas envolvidas quando máquinas começam a rotular ou ranquear pessoas, lugares e produtos. “Alguns pesquisadores europeus acreditam que o uso do Machine Learning e da Inteligência Artificial representam risco para a continuidade da espécie humana. Mas, como toda ferramenta, ela não pode ser acusada pelos males que eventualmente venha a causar e, sim, seu mau uso, pelo homem”, diz Poderoso.

Quem é contra: “Não há quem, explicitamente, seja contra. Mas questões da automatização como forma de diminuição de postos de serviços acabam por gerar fortes questionamentos de sua aplicação em diversas áreas”, diz Rossi.

Para saber mais:
1) Leia, na Forbes, Machine Learning Examples That Will Amaze You. Além de mostrar (com vídeos) o uso do Machine Learning em mídias sociais e games, o autor texto que a IDC (International Data Corporation), empresa de pesquisa de mercado, prevê que os gastos com Machine Learning, no mundo, chegarão 47 bilhões de dólares em 2020.
2) Leia, no Inc., How Machine Learning Will Disrupt the Economy As We Know It. O texto é a resposta de Susan Athey, acadêmica de Stanford das áreas de tecnologia e economia, à pergunta, publicada originalmente no Quora: What will be the impact of machine learning on economics
3) Leia, na WiredSoon We Won’t Program Computers. We’ll Train Them Like Dogs. O texto começa com uma explanação entendimento do cérebro humano até os anos 1950, quando novas descobertas foram feitas pelas mais diversas áreas (via psicólogos, linguistas, teóricos e pesquisadores pioneiros da inteligência artificial) para, então, relacionar as mudanças humanas às tecnológicas.
4) Assista ao filme O Jogo da Imitação (The Imitation Game, 2014), a cinebiografia do gênio matemático Alan Turing, protagonizado por Benedict Cumberbatch.

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