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Seis reflexões curtas e grossas sobre empreendedorismo, criatividade e inovação

Aziz Camali - 27 fev 2015 Aziz Camali, da DZN, consultoria de inovação, bate um papo reto aqui no Draft com quem deseja trilhar o caminho da inovação, da criatividade e do empreendedorismo
Aziz Camali, da DZN, consultoria de inovação, bate um papo reto aqui no Draft com quem deseja trilhar o caminho da inovação, da criatividade e do empreendedorismo
Aziz Camali - 27 fev 2015
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Por Aziz Camali

 

Amigos, é o seguinte:

Se você é consultor de inovação…

Sério que o melhor que você pode fazer por seu cliente é um keynote bonitinho, um desk research que não amarra A com B (muito menos com C ou com D), um videozinho inspiracional com trilha branca? Será que muitas vezes não levamos ao cliente uma compreensão que ele já tinha, e o catequizamos com uma verdade que ele já tinha absorvido, a partir de um problema que ele já estava careca de saber?
Se você é uma agência criativa…

Será que às vezes não esquecemos de gerar resultados para o cliente, e nos dedicamos a gerar resultados para nós mesmos? Será que o modelo de um atendimento que enrola, para cumprir suas metas como desenvolvedor de negócios, e de um planejamento que pensa de modo isolado, e de uma dupla de criação mantida a incenso dentro de uma redoma podem gerar algum tipo de inovação ou solução criativa eficaz para quem está pagando a conta?

Se você tem uma startup…

Pare de sonhar com a capa da Pequenas Empresas Grandes Negócios ou de correr cegamente atrás da validação de um investidor numa banca de aceleração. Foque em criar algo que tenha valor real para a vida das pessoas. Jogue fora todas as pesquisas e números que servem para “embasar” o seu Pitch e vá para rua testar sua oferta e aprender com os usuários, tanto com os adeptos quanto com os resistentes, como melhorar seu produto, como tornar seu serviço irresistível. Procure problemas para resolver. E ache soluções reais para eles. Empreender significa amor e não dinheiro. É assim que se começa direito um negócio. E se a sua jornada não começar do jeito certo, é problema que seu negócio não vá evoluir pelos melhores caminhos – o que reduzirá bastante suas chances de sucesso. E é preciso fazer um trato consigo mesmo e com os seus – o empreendimento não é lugar para quem gosta de estabilidade. Nem para quem não gosta de investir. Nem para quem não gosta de risco. Combine bem isso com sua família. Você jamais se dará bem se sua vida pessoal e sua vida profissional não estiverem bem amarradas.

Se você é um executivo…

Será que inovar é simplesmente ter um departamento de inovação com permissão para manter uma decoração diferente do resto da empresa, com paredes cheias de post-its abandonados à própria sorte, e com colegas que usam meias coloridas e competem por visibilidade, disputando a posição de descobridores deste número ou daquela referência, de terem trazido esta notícia ou aquele report à pauta? Será que é isso – consumir informações do tipo “trendwatching” e compartilhar links bacanas no Facebook?

Já sei que o ambiente corporativo que você trabalha é agressivo na competição entre pares, tem grande chance de ser opressivo no trato dos funcionários por seus superiores e que costuma ser hostil à mudança. E inovação é sinônimo de mudança. De modo geral, no mundo corporativo, erros custam caro – e causam demissão. Em contrapartida, terceirizar a inovação dificulta a implementação de projetos inovadores. E, principalmente, obstaculiza o engajamento de quem deveria participar.

A inovação não pode ser um intruso na sua organização. A maioria das empresas tenta reduzir a probabilidade de falhas, o que as leva a fazer escolhas mais seguras, sistematicamente impedindo com que sejam mais inovadoras. Esse é o ambiente como o qual você terá de lidar. E do qual você não poderá desistir se você quiser ser um inovador corporativo – um elemento fundamental para o ecossistema da inovação em qualquer mercado.

Se você é um pequeno empresário…

Se você já colocou a sua empresa no ar e a desculpa que dá para si mesmo para não inovar, ou para ter parado de inovar, é que não tem tempo para pensar em outra coisa a não ser tocar o dia-a-dia do seu negócio, o fracasso é algo que você poderá adiar, mas não evitar.

Ao invés de reclamar da vida no elevador, e ficar torcendo para que o telefone toque com um cliente novo do outro lado da linha, exercite o que na meditação chamam de “Eu Observador” – olhe os problemas de fora. A visão sistêmica, extraindo o seu ego por um minuto da cena, lhe permitirá enxergar oportunidades, demandas desatendidas que você poderia tratar de satisfazer. Focar onde vem o dinheiro é um erro. Primeiro, porque a grana poderá, amanhã, vir de outro lugar. Segundo, porque esse caminho leva à construção de mercados canibais, baseados no conflito e não na cooperação, e em modelos comerciais que erodem valor.

Por fim: em mercados de muita concorrência, inovar pode ser mais fácil do que seguir dando murro em ponta de facas que já existem. Da mesma forma, às vezes é mais fácil criar o novo em mercados existentes do que inovar em mercados que ainda não existem. (Lembre-se apenas de que ser mais fácil não garante que vá ser melhor ou dar mais resultado.)

Se você está a um passo de virar dono do próprio nariz…

Se você sente que trabalha em um ambiente pouco inovador, e que está correndo atrás do rabo, que tal para de julgar os chefes e patrões, e construir um novo olhar sobre aquela realidade? E que tal testar a sua visão na prática? Sair para o mercado, vende-la, vê-la funcionando, aperfeiçoá-la?

Nem sempre as mudanças vêm de cima para baixo. E nem sempre o cara que senta ao seu lado está a fim de inovar – a inércia de uma rotina funcional e a (falsa) zona de conforto de um salário fixo que entra na conta todo mês, muitas vezes, solapam a energia vital do sujeito. Mas não quer dizer que essa postura deva ser a sua.

Inovar não depende de rótulo, curso, qualificação e muito menos de uma posição corporativa. Basta querer e mobilizar os agentes transformadores a que você tiver acesso. Não deu certo? Troca. Tenta de novo. A vida é curta demais para a gente ficar parado.

Para finalizar: se, diante da perspectiva de inovar ou de empreender, você não sabe por onde começar, nem se encaixa facilmente nos pontos explorados acima, não esqueça: olhe para dentro. Sinta o que faz seu coração bater mais forte. E comece experimentando a partir das oportunidades que estão à sua volta, no seu dia-a-dia. Viva intensamente todas as oportunidade que estão ao alcance da sua mão – e que tiverem a ver com a sua essência. Piscou, passou.

 

*Aziz Camali é sócio fundador da DZN, consultoria de inovação baseada em São Paulo.

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