Você sabe exatamente quanto custa o consumo de água na sua empresa? Faça as contas na ponta do lápis. Será que daria para gastar menos? Estamos falando que diminuir o desperdício significa mais do que redução de custos: trata-se de aumento de receita. “A sustentabilidade não é um custo a mais para o empreendedor. Temos uma metodologia para comprovar que o investimento sustentável pode ser uma fonte financeira importante. Sustentabilidade rima com lucro”, crava Mauro Munaretti, Líder de Contas Corporativas para a América do Sul da divisão Nalco Water Light da Ecolab.
Com mais de um século de existência, a Ecolab oferece soluções e serviços para água, higiene e prevenção de infecções, operando em mais de 170 países em todo o mundo. No último ESG Forum, a empresa apresentou o programa Water for Climate™, um conjunto de soluções que têm o objetivo de ajudar as organizações a solucionarem os desafios impostos pela intensificação da crise energética e pelos impactos das mudanças climáticas e da escassez de água em todo o mundo.
“Identificamos as todas as oportunidades de melhoria em água. E isso inclui energia e CO2, que estão correlacionados. Quanto menos energia pudermos utilizar, reduzimos a geração de CO2. E tudo isso pesa menos no bolso”.
A seguir, Munaretti fala mais sobre sobre o quanto este impacto financeiro precisa estar mais visível nas contas das empresas e de que forma a tecnologia pode ajudar a abrir os olhos para os custos não percebidos da água.
***
Estamos numa cruzada forte para responder que não, de forma alguma. Pelo contrário: a sustentabilidade pode dar lucro, ela rima com lucro. Temos uma metodologia que comprova isso, inclusive oferece dados para relatórios. Os projetos sustentáveis estão ligados a modelo de negócios e tornam-se uma fonte de lucro financeiro, social e de proteção da marca também porque acaba gerando mais valorização pelos clientes.
Em primeiro lugar, precisamos garantir que a água seja um produto sempre disponível. Como profissionais, explicar: a água é um recurso que não vai faltar, ela existe. O problema é não estará disponível a preços e custos adequados a todos.
A água não desaparece, ela se transforma. A questão é ter agua doce e potável a todos. Não vai faltar: o problema é quanto isso vai custar. Por isso precisamos poupar para que ela seja usada por toda a população.
Dentro deste conceito tecnológico de tratamento de água, temos três grandes frentes de trabalho. A primeira é justamente esta: como evitar o desperdício e reduzir o consumo. Se a gente conseguir, de cara, fazer com que nossos processos industriais evitem o desperdício, e isto está que ligado a incapacidade de identificar que existe o desperdício, já conseguimos uma economia significativa.
Evitar o desperdício parece uma atitude simples. Por que isso não acontece naturalmente?
Porque as empresas não sabem que o desperdício está acontecendo. Temos uma tecnologia, que é uma automação, e faz uma gestão de todo o processo. É um equipamento que analisa a eficiência da água cada 6 segundos. Só com isso já temos 30% de redução do consumo. Temos no mundo mais de 40 mil unidades destas tecnologia em todos os segmentos. Onde há um processo industrial, estamos presentes. Esta é a primeira frente de batalha que trazemos ao cliente. Depois que eliminei as gorduras, posso partir para o segundo passo: reciclar esta água. Fazer um tratamento em que esta água é reciclada dentro do processo fabril. O terceiro passo é o reuso TOTAL. Depois que reciclei tudo, vou trabalhar no efluente final, vou analisar qual a química e equipamento que eu possa tratar esta água para que ela volte ao processo fabril inicial.
Estas etapas funcionam para todos os segmentos da indústria?
Para algumas indústrias o tratamento e o reuso funcionam bem; para outras, nem tanto. Na indústria alimentícia, há desafios. Não temos a cultura de pensar: estou tomando uma cerveja feita com água de reuso. As pessoas sentem que é uma água suja – e não é. Há um limitante psicológico.
Lembrando que a natureza já faz isso: o efluente vai se transformando e volta para nós. Nossa tecnologia acelera o que a natureza demora milhares de anos para fazer. Mas nas indústrias de madeira, por exemplo, de MDF, é perfeitamente possível trabalhar no reuso, pois a água não é utilizada pelo consumo humano. Existe a tecnologia para reutilização total da água, mas, antes de tudo, precisamos trabalhar pela informação: onde estão os desperdícios.
Toda esta tecnologia é acessível para todas as empresas, mesmo as de menor porte?
As tecnologias estão aí para ajudar a diminuir efeitos devastadores das mudanças climáticas. E estão cada vez mais acessíveis. As células fotoelétricas, por exemplo, eram caríssimas e hoje já é possível instalar estas placas dentro de casa com um retorno rápido. Os benefícios são claros. Temos produtos em que colocamos todos os nossos experts dentro do processo industrial para fazer uma auditoria de sistema por sistema. Assim descobrem onde estão os gaps, onde podemos evitar o desperdício e colocar o reuso. E há também ferramentas gratuitas disponíveis, que apontam qual a sua situação em relação a água. Em alguns lugares, por exemplo, ela ainda é muito barata e seus custos estão escondidos.
Se a água é muito barata e não vai faltar, como você mencionou, então o investimento em tecnologia de reuso passa a ser discutível…
Não é bem assim.
Precisamos considerar as mudanças climáticas e a situação em cada região. Vamos supor que sua empresa capta água de um poço e ela é muito barata. Mas, e se acontecer uma seca, e esta água precisar direcionada para a comunidade local? Neste caso, qual o custo que esta água vai ter em função da não disponibilidade?
Esta ferramenta gratuita ajuda a trazer uma monetização destes riscos. Quanto isso vai custar caso haja um problema? É muito útil para o tomador de decisão. Ele vai saber o real custo da água a longo prazo. É uma visão de custos escondidos, que a gente não vê.
Estamos falando de conter gastos, certo?
Sim. Há 100 anos, o fundador da Ecolab percorria hotéis e descobriu que os quartos ficavam semanas fechados só para a limpeza de carpetes. E isso era um prejuízo financeiro de grandes proporções. Então ele descobriu produtos para limpar em que os quartos ficavam parados só um dia. O produto era, no fim, um investimento que se pagava rapidamente. Esta é a proposta de nossa tecnologia até hoje.
Como uma marca de bolsas e acessórios pode impulsionar a economia da floresta e o comércio justo? A carioca Bossapack contrata indígenas da Amazônia para pintar e impermeabilizar com látex o tecido de suas mochilas e pochetes.
Visão holística, uso combinado de tecnologias e ética nos negócios: em entrevista exclusiva ao Draft, a holandesa Marga Hoek, fundadora e CEO do think tank Business For Good, crava a receita para viabilizar o futuro e salvar o planeta.
Contra o negacionismo climático, é preciso ensinar as crianças desde cedo. Em um dos municípios menos populosos do Rio de Janeiro, a Recickla vem transformando hábitos (e trazendo dinheiro aos cofres públicos) por meio da educação ambiental.