Boris Veldhuijzen van Zanten é o CEO e co-fundador do site The Next Web, que criou uma série de eventos globais para investidores e empresários de negócios da internet. As conferências acontecem em Amsterdam, Nova York e São Paulo. Amanhã, Boris e outros palestrantes estarão na capital paulista, no palco da The Next Web Latam.
A TNW Latam atrai agências, investidores, empreendedores, programadores, designers e interessados no mercado digital. Além de verem o que gigantes como Google, Nokia, Facebook, Apple, Microsoft e Spotify — todas com presença confirmada — têm a dizer, os participantes ouvirão líderes de negócios inspiradores, como o CMO da Easy Taxi, Paul Malicki; o fundador do Booking.com, Kees Koolen; o co-fundador da Dafiti, Thibaud Lecuyer; e o próprio Boris e outros.
Mas talvez um dos aspectos mais interessantes do encontro seja a interação entre as pessoas. Criar um ambiente propício a troca de informações, formação de novas conexões e mesmo de novos negócios é um dos principais objetivos de Boris, como ele conta ao Draft, nesta entrevista concedida por email.
DRAFT – The Next Web começou como uma conferência em 2006, para mais tarde se tornar um blog – bem como uma empresa, em 2008. Qual é a sua visão sobre o futuro das empresas de mídia com base na produção de conteúdo? Há alguma esperança para as empresas com base em jornalismo?
Boris – Está muito claro que tudo está mudando no mercado editorial. Hoje em dia é mais fácil para amadores do que para profissionais cobrir as notícias de última hora. Como um indivíduo, você simplesmente cola uma URL no Facebook e ele auto-completa com título, imagem, descrição e link, e você pode se concentrar apenas em dar sua opinião e veredito sobre aquilo. Os jornalistas não têm esse luxo e não estão acostumados a perder esse poder. Precisamos melhorar nossas ferramentas e realmente pensar sobre o valor agregado que podemos trazer para o conteúdo que publicamos. Dar as notícias em si não é mais suficiente. Então, sim, há esperança, mas só se evoluirmos como jornalistas e começarmos a usar a tecnologia a nosso favor.
DRAFT – Qual é o modelo de negócio da The Next Web? De onde vêm as receitas?
Boris – Temos uma marca forte com alcance global, algo que pode ser monetizado de várias maneiras. Trabalhamos com os modelos óbvios, como publicidade e eventos, mas agora também temos uma parte de e-commerce (a TNW Deals) e diversos serviços que geram receita. Estamos trabalhando em “Features Pro”, conteúdos especiais que as pessoas podem se inscrever para receber, e muito mais. Hoje, não dá para não ter inovação em tecnologia e nos modelos de negócios.
DRAFT – O business de conteúdo é um investimento para construir o business das conferências, ou é o contrário?
Boris – Nós realmente nos vemos como uma marca e como um publicador disruptivo de conteúdo. A Amazon não é apenas uma livraria, mas uma empresa que está inovando a competição em aspectos externos a ela. Isso é o que nos esforçamos para fazer também. Os eventos são uma evolução lógica de nosso negócio, uma vez que pessoas sempre gostam de se conhecer offline. Nosso público também gosta de aplicativos e de gadgets, então esses são alguns dos próximos passos na nossa evolução também.
DRAFT – O que você acha do modelo Huffington Post, de não pagar muito para quem faz o conteúdo? Qual é o seu modelo neste tópico?
Boris – Não sou contra isso e às vezes no TNW temos posts de convidados, autores que não pagamos para produzir o conteúdo. Ter isso como um modelo funciona muito bem para eles, mas eu, particularmente, hesitaria em construir um negócio com essa premissa.
DRAFT – Você lançaram o Boost, um programa de auxílio para startups em estágio inicial lançarem produtos e conhecerem investidores. Como isso funciona? Você está acelerando novas empresas ou só promovendo o encontro entre as boas ideias e o capital? Como foi essa experiência até agora?
Boris – Nós costumamos gastar muito tempo conectando essas startups a jornalistas, investidores e potenciais parceiros. O programa é uma ótima maneira de conectar startups interessantes ao nosso público. Funciona muito bem.
DRAFT – Vocês só fazem conferências em Amsterdam, Nova York e São Paulo. Por que o Brasil? O que o Brasil representa como mercado para a inovação e o empreendedorismo?
Boris – O Brasil parecia um lugar lógico para se começar quando consideramos ter um evento fora da Europa. Nosso foco está muitas vezes nos EUA, mas outros mercados crescem mais rápido. Sempre mantivemos um olhar atento sobre o Brasil e sobre as empresas que vão bem por aqui.
DRAFT – O que você poderia dizer sobre a maneira brasileira de criar novos negócios e startups? É possível identificar algum traço específico?
Boris – Vemos os empreendedores brasileiros como indivíduos muito esforçados. Fazer networking não é tão natural da personalidade deles e isso é algo que tentamos ajudar. Também vemos um grande interesse em saber como o resto do mundo está se saindo, e isso é algo que tentamos mostrar em nossos eventos e em nosso site.
DRAFT – Apesar de ser pago, a inscrição não garante automaticamente o ingresso na conferência. Que critérios a The Next Web usa para decidir quem fará parte do público do evento?
Boris – Temos algumas pessoas analisando todas inscrições. Elas se concentram em dar acesso a profissionais da internet que se encaixem bem com o restante do público e com os palestrantes.
DRAFT – Quais são os destaques da conferência The Next Web que acontece amanhã na Estação São Paulo?
Boris – Temos uma fórmula simples para nossos eventos, que tem funcionado bem nestes últimos 10 anos: chamamos os melhores oradores que encontramos, alugamos um espaço inspirador e, em seguida, convidamos os profissionais da internet mais interessantes que conseguirmos. Quando você coloca tudo isso junto, coisas incríveis acontecem. Sempre me intriga o quão sensacional é ver pessoas que pensam parecido interagindo. Pode demorar uma hora ou duas para elas se adaptem ao espaço e ao ambiente, mas depois há um “click” e todos percebem que estão entre iguais.
DRAFT – O que mais te surpreendeu nas duas últimas Conferências TNW Latam?
Boris – Me admirei de ver quão sérios e ambiciosos, mas ao mesmo tempo tímidos, os brasileiros podem ser. Eles são ansiosos para aprender, conectar-se e crescer, mas têm vergonha de fazer uma pergunta a um palestrante diante da plateia. Isso foi uma grande surpresa para nós. Nossa reação foi levar os palestrantes para o bar, para que as pessoas pudessem interagir em um nível mais pessoal. Aí sim, realmente funcionou.
The Next Web Latam
Rua Ferreira de Araújo, 625, São Paulo, São Paulo
Ingressos (a partir de 275 dólares) e mais informações aqui.
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