Também conhecidos como “títulos verdes”, os green bonds são títulos de dívida – privada ou pública – como inúmeros outros disponíveis no mercado, em que o investidor compra um papel e tem a garantia de que vai receber um rendimento combinado com quem emitiu o título.
Podem fazer parte desta categoria de investimento os Debêntures; Debêntures de Infraestrutura; Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA); Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI); e Cotas de Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC).
A diferença dos green bonds para produtos de renda fixa tradicionais é que o capital levantado com a transação deles só pode ser destinado para financiar atividades e projetos ambientalmente responsáveis. São, portanto, opções de investimento que conjugam rentabilidade com sustentabilidade, alinhadas aos princípios ESG.
A Bolsa de Valores brasileira, B3, lista uma série de finalidades que, quando vinculadas a títulos, os credenciam como green bonds: adaptação às mudanças climáticas; conservação da biodiversidade terrestre e aquática; edifícios verdes; eficiência energética; energia renovável; gestão sustentável das águas e águas residuais; produtos, tecnologias e processos de produção ecoeficientes e/ou adaptados à economia circular; prevenção e controle de poluição; transporte limpo etc.
De acordo com a Climate Bonds Initiative (CBI) – organização que busca mobilizar o mercado de fundos mundial a investir em soluções para as mudanças climáticas –, o mercado de green bonds deve totalizar meio trilhão de dólares emitidos em 2021, com projeção de dobrar o montante anual em 2023.
No Brasil, o acumulado de títulos verdes emitidos desde 2015 até o início de 2021 equivale a US$ 9 bilhões, sendo pouco mais de US$ 2 bilhões emitidos em 2020 – os números também são da CBI. No cenário nacional, a iniciativa listou as categorias para as quais o capital relacionado a títulos verdes se destina: 45% do investimento em green bonds no Brasil foi para as energias renováveis e 27% foi para o uso da terra (conservação florestal, bioenergia, agricultura, pecuária, indústria de alimentos etc).
A tendência global é de que esse tipo de ativo não somente prolifere como seja mais valorizado. Comparando dois índices da Bloomberg Barclays, o Global Aggregate (que lista somente títulos convencionais) e o Global Green Bond (composto por títulos verdes), nos três anos mais recentes, o índice verde cresceu 16,3% contra 11,9% do índice padrão.
O passo a passo para que um título verde seja lançado no mercado é o seguinte:
Pré-emissão e elaboração do projeto
Governos ou empresas criam projetos de conservação ambiental ou que solucionem problemas relacionados a mudanças climáticas. Estes projetos são submetidos à Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) e ao Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS). Estas entidades chancelam o título como verde ou não;
Certificação
O título é analisado por um avaliador externo, que verifica se os recursos serão direcionados a projetos ambientalmente responsáveis (verdes) e com indicadores de impacto claros e bem estabelecidos;
Emissão e oferta
Um órgão credenciado no mercado de capitais, como um banco, uma financeira ou uma empresa oferece o título a investidores. É nesta fase em que se estabelecem os prazos e a frequência com que o investidor receberá os juros combinados.
Pós-emissão
Os recursos captados são monitorados. O emissor do título é responsável por divulgar relatórios sobre o desempenho ambiental dos projetos financiados.
Os principais aspectos que distinguem os títulos verdes dos convencionais são:
O Banco Europeu de Investimentos (BEI) lançou, em 2007, o Climate Awareness Bond (algo como “Fundo de Atenção/Consciência Climática”, em tradução livre). O fundo era focado em soluções para energia renovável e eficiência energética. No ano seguinte, 2008, o Banco Mundial lançou outro fundo ambientalmente responsável, e o primeiro divulgado sob o selo de green bond – que pegou no mercado.
No Brasil, os primeiros títulos verdes foram emitidos pela BRF S.A. em 2015. No ano seguinte, a CPFL foi a primeira empresa da América do Sul a emitir um green bond certificado internacionalmente.
Em 2017, o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) foi o primeiro banco brasileiro a emitir um green bond no exterior – listado na bolsa de valores de Luxemburgo.
O turismo gera renda e emprego, mas também potencializa impactos ambientais negativos. Saiba como três empreendedoras uniram forças para desenvolver uma certificação voltada às boas práticas sustentáveis do setor hoteleiro do Brasil.
As faculdades continuam formando profissionais sem um olhar crítico para os problemas sistêmicos do planeta. A EcoUniversidade quer mudar esse jogo estimulando a colaboração e conectando empresas e comunidades tradicionais.
A farmacêutica Vivian Yujin Chun se reinventou ao criar sabonetes, trabalhar como agricultora e viver junto à natureza. À frente da MOMA, ela desenvolve cosméticos com ativos amazônicos e que trazem impacto real para quem vive da floresta.