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Encerrar um ciclo nunca é apenas sobre tempo, e sim sobre transformação. Há um ano, eu escrevia um dos textos mais difíceis (A tristeza faz parte da vida), no qual compartilhei uma dor íntima: a perda gestacional que vivi em 2024, depois de engravidar naturalmente de gêmeos aos 42 anos. Era o tipo de ferida que não se vê, mas que reorganiza tudo por dentro.
O que eu não sabia é que aquele texto marcava, sem que eu percebesse, o início de um recomeço
De lá pra cá, vivi um dos anos mais intensos e simbólicos da minha trajetória. Foi o ano em que a minha empresa atingiu o breakeven, que revisamos a estratégia dos próximos 10 anos, e entregamos os maiores eventos até o momento. Mas, mais do que os números e conquistas, 2025 foi o ano em que eu aprendi a celebrar o essencial: a serenidade de estar inteira.
Fechar ciclos exige coragem. Nem sempre é uma escolha, às vezes é um chamado. E, curiosamente, foi a experiência da perda que me preparou para viver o que viria depois: a gestação da minha filha, Lara, que chega em abril de 2026. Entre uma história e outra, aprendi que fé e tempo são aliados poderosos. Que não é possível controlar a vida, e tá tudo bem.
Aprendi que a resiliência não está em resistir o tempo todo, mas em saber parar, respirar e confiar que o que é pra ser, floresce. Gestar uma vida tem me transformado como mulher e como líder.
A maternidade, em toda a sua intensidade física e emocional, está me ensinando a delegar, a desacelerar, a confiar nas pessoas que caminham comigo. E, de forma quase poética, quanto mais eu desacelero, mais a empresa parece prosperar
Depois de quase uma década como empreendedora, descobri que sucesso e exaustão não precisam andar juntos. Que cuidar da saúde mental não é um discurso, é uma prática diária, feita de escolhas pequenas e conscientes. Escolher dormir bem antes de uma reunião importante, escolher adiar um compromisso para cuidar de si, e escolher a pausa, mesmo quando o mundo insiste em velocidade.
Nos últimos anos, o mercado tem romantizado a produtividade ininterrupta. Mas o que faz uma empresa durar não é a pressa, é a consistência. E o que faz uma pessoa prosperar não é o ritmo, é a coerência entre o que fala e o que vive
Hoje, enxergo com mais nitidez que o verdadeiro resultado é aquele que chega sem que a gente precise se perder no caminho.
A gestação me lembra de algo que eu já sabia das maratonas que corri: o descanso também é parte do treino, e a pausa é o que permite à vida se refazer. No primeiro trimestre, o corpo trabalha em silêncio, criando estruturas invisíveis, e é assim também com os nossos projetos, com os nossos sonhos, com tudo o que exige maturação. Aprendi que florescer dá trabalho, mas é um trabalho diferente: o de confiar, nutrir, cuidar, e de entender que nem tudo precisa acontecer agora.
Fecho este ano com gratidão profunda. Pelas conquistas que alcançamos, pelo time que cresce junto, pelos marcos que nos posicionam entre as empresas que estão moldando o futuro do trabalho e da saúde mental no Brasil. Mas, principalmente, por estar vivendo um tempo em que o coração e a razão caminham juntos.
Se 2024 foi o ano da dor, 2025 foi o ano da serenidade. E 2026 promete ser o ano da vida, em todos os sentidos
Afinal, cada ciclo que termina abre espaço para o florescer de um novo começo. E se existe uma coisa que aprendi nessa caminhada é que nada floresce à força, mas tudo floresce a seu tempo.
Tatiana Pimenta é fundadora e CEO da Vittude, referência no desenvolvimento e gestão estratégica de programas de saúde mental para empresas. Engenheira civil de formação, com MBA Executivo pelo Insper e especialização em Empreendedorismo Social pelo Insead, escola francesa de negócios. Empreendedora, palestrante, TEDx Speaker e produtora de conteúdo sobre saúde mental e bem-estar, foi reconhecida em 2023 como LinkedIn Top Voice, e em 2024 como uma das 500 pessoas mais influentes da América Latina pela Bloomberg Línea.
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