The Venture, o projeto de US$ 1 milhão que coloca o empreendedorismo social na vitrine

Bruno Lazaretti - 25 jul 2015
Dezesseis finalistas de diferentes países foram escolhidos por voto popular e por um painel de jurados
Bruno Lazaretti - 25 jul 2015
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O empreendedorismo social está em alta no mundo. Em tempos em que o planeta pede novas atitudes, uma geração inovadora vem repensando o modo de fazer negócios. Através de ações positivas, esses jovens empreendedores têm gerado benefícios para a sociedade e apontado possibilidades positivas para o futuro. Sintonizada com essa turma que faz um mundo melhor, a Chivas Regal criou o projeto The Venture.

Desde outubro de 2014, o projeto The Venture vem analisando iniciativas de milhares de startups com foco social em dezenas de países ao redor do globo. Desses milhares, 16 foram selecionados para dividir o fundo de US$ 1 milhão oferecido pelo The Venture para ajudar nos projetos.

O fundo foi dividido da seguinte maneira: US$ 250 mil foram alocados aos participantes de acordo com uma votação popular na página theventure.com. A divisão do restante do incentivo ficará a cargo de um grupo de experts da The Venture, que inclui nomes como o ator Adrian Grenier, da série Entourage, Alex Ricard, CEO da Pernod Ricard, e Morgan Clendaniel, editor da Co. Exist, braço de ideias inovadoras da revista Fast Company.

No momento, os 16 selecionados estão no Vale do Silício, na Califórnia, assistindo a um ciclo de palestras ministradas por experts em tecnologia e inovação, como Laura Camacho Mackenzie, gerente do Google na Colômbia, e Zhou Jiangong, editor-chefe da Forbes China. Em breve farão as apresentações finais para receberem os outros US$ 750 mil do fundo.

Assista abaixo aos vídeos sobre o projeto:

 

 

Conheça oito finalistas a seguir e veja no site do The Venture o perfil dos outros concorrentes.

 

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Projeto: Lumkani

País: África do Sul

Representante: David Gluckman

Para solucionar de forma inteligente o problema de incêndios em favelas sul-africanas, a equipe da Lumkani juntou a expertise de três engenheiros mecatrônicos, um cientista social, um designer industrial e um empreendedor para criar detectores de fogo baratos e conectado em rede.

Os detectores Lumkani, batizados pela palavra do dialeto Xhosa que significa “tenha cuidado”, têm um custo por unidade inferior a US$ 9, evitam alarmes falsos detectando calor em vez de fumaça, e são ligados em uma rede de rádio frequência, o que significa que emitem um alerta coletivo em caso de incêndios na vizinhança.

A empreitada pretende distribuir 3 mil aparelhos teste em comunidades carentes na Cidade do Cabo, Johanesburgo e Durban. Uma vez conquistada a exposição internacional, a startup quer expandir as operações para ONGs e governos de outros países.

 

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Projeto: Coolpeds

País: China

Representante: Tony Chan

O projeto de scooters elétricas para uso urbano do programador chinês Tony chan disparou à frente dos outros competidores da The Venture e atualmente é umas das poucas startups finalistas que já alcançou (e superou) sua meta na página de crowdfunding IndieGogo, levantando US$ 25 mil (156% da meta) 13 dias antes do prazo.

O sucesso deve-se tanto à simplicidade do produto quanto à sua tecnologia: as Coolpeds são basicamente scooters movidas a baterias de íons de Lítio. O que as separa de produtos existentes no mercado são escolhas acertadas de design industrial: eixos inspirados em carros de Fórmula 1, carregadores USB para seus gadgets, e corpo em policarbonato dobrável que aguenta até 90 kg. O modelo mais interessante, que inclui um compartimento do tamanho de uma mala de rodinhas, custa US$ 400. Além de significar uma categoria verde e viável de transporte urbano, a Coolpeds se compromete a doar uma scooter mecânica para crianças chinesas para cada scooter elétrica vendida pela empresa.

 

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Projeto: Vendedy

País: EUA

Representante: Christine Souffrant

Bebendo da fonte de sabedoria da própria mãe a avó, que ganharam a vida como vendedoras de rua no Haiti, Christine Souffrant decidiu aproveitar sua cidadania e educação norte-americana para impactar a vida de vendedores de rua no mundo.

A Vendedy é uma plataforma móvel de produtos de vendedores de rua – um tipo de Etsy de raiz. Os vendedores de rua sobem seus produtos na plataforma pela internet, e turistas no país em questão (a versão beta operou no Haiti) visualizam os produtos pela internet e pagam usando uma tecnologia SMS que dispensa o acesso constante a redes móveis por parte dos vendedores. Os produtos são entregues ao hotel dos compradores por agentes locais e a empresa retém apenas 20% do valor de cada venda.

A ideia é aquecer a economia de artesãos, artistas e vendedores de rua em países emergentes facilitando o processo de compra e venda com tecnologia móvel. O produto já foi testado no Haiti e a startup pretende usar os fundos do The Venture para expandir operações a países da América Latina.

 

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Projeto: Algramo

País: Chile

Representante: Jose Manuel Moller

Foi enquanto vivia nas áreas periféricas de Santiago do Chile que o administrador Jose Manuel Moller encontrou o que ele apelidou de “imposto da pobreza” embutido em produtos alimentícios de mercearia. Funciona assim: já que não existem grandes cadeias de mercado na periferia, os moradores precisam recorrer a quitandas de menor porte, que reembalam grãos de alimentação básica como arroz, lentilhas e feijões em sacos menores que os originais com um preço proporcionalmente mais salgado. Ou seja, moradores de periferia precisam pagar mais por menos em produtos de alimentação básicos.

Para solucionar o problema, a Algramo (contração da expressão “al gramo”, ou “a granel”, em espanhol) encarou o problema em sua integridade, comprando quantidades grandes de grãos direto com os produtores, embalando-os em copos pequenos de plástico que são vendidos em máquinas da startup a preços mais justos nas próprias quitandas periféricas.

Assim, os quitandeiros não precisam gastar reembalando sacos de grão de supermercado, compartilham dos lucros da empresa sem ter que manter as máquinas, e os compradores podem comprar mais barato no processo. A Algramo já opera em 300 quitandas no Chile e pretende usar os fundos do The Venture para expandir as operações e desenvolver uma máquina de distribuição mais verde e eficiente.

 

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Projeto: MGov

País: Brasil

Representante: Guilherme Lichand

A equipe formada por Guilherme Lichand, Marcos Lopes e Rafael Vivolo, experts em políticas sociais, comunicação e administração, decidiu encarar e duas difíceis realidades brasileiras: a precária cobertura de telefonia 3G e a falta de comunicação entre as comunidades carentes e os desenvolvedores de projetos sociais e políticas públicas. Dessas duas carências surgiu a Mgov, uma firma de consultoria que utiliza o feijão-com-arroz da telefonia móvel, como mensagens de voz e SMS, para ajudar as comunidades carentes a se expressar. O pulo do gato é que o canal de comunicação com a Mgov prescinde de conexão com a internet. Qualquer um com um celular da década de 90 pode dar voz à sua opinião sobre a eficiência desta ou daquela iniciativa pública, e receber informações relevantes da firma.

 

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Projeto: ¡Échale! a tu casa

País: México

Representante: Francesco Piazzesi

Lá em 1987, Francesco Piazzesi criou o projeto sem fins lucrativos Adobe Home Aids, cujo objetivo era ensinar às comunidades carentes mexicanas a manufatura do adobe (tijolo barato e resistente constituído 90% por terra). Dez anos depois, convencido de que moradias não são apenas amontoados de tijolos, o empreendedor criou a ¡Échale! a Tu Casa, que basicamente dá assistência – desde planejamento e treinamento técnico – para comunidades carentes em área de risco que querem construir suas próprias moradias utilizando materiais ecologicamente sustentáveis. A iniciativa já opera no México e pretende impactar mais de 25 000 famílias pelos próximos 5 anos.

 

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Projeto: Diseclar

País: Colômbia

Representante: Juan Nicolás Suárez

Dos três R da sustentabilidade, os engenheiros industriais Juan Nicolás Suárez e Ulrich Frei só têm olhos para um: “reciclar”. Dos resíduos da agroindústria colombiana, a Diseclar aproveita fibras vegetais e plástico não degradáveis para construir belas peças de mobília interna e externas. No primeiro ano de operação na Colômbia, a Diseclar reaproveitou 300 mil quilos de plástico e 192 mil quilos de resíduo agroindustrial, criando um crédito de CO2 de 17 mil toneladas e salvando cerca de 2 mil árvores – tudo isso usando apenas 15% da energia dispendida na fabricação de móveis equivalentes de madeira. Os planos futuros do projeto incluem a expansão para novos mercados, a começar por Costa Rica e Estados Unidos.

 

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Projeto: Conuco Solar

País: República Dominicana

Representante: Raul Aguayo

Gerar e distribuir energia em uma ilha não é um negócio fácil. No caso da República Dominicana, o setor virou uma terra de ninguém que regularmente vê custos crescentes nas distribuidoras, “gatos” para todos os lados e blackouts regulares. A ideia da Conuco Solar é simples: trocar todo esse sistema obsoleto, 86% ancorado na queima de combustíveis fósseis, por uma rede inteligente de energia solar. A princípio, o serviço será destinado a pequenos negócios do país. Empresários pagam uma taxa mensal que funciona como um aluguel de um lote da fazenda solar da Conuco Solar. Além do incentivo da estabilidade na linha energética, uma lei do governo abate em 70% a conta de luz para fontes de energia renovável. As taxas de aluguel são usadas para a manutenção dos painéis solares na fazenda da Conuco, o que livra os contratantes das demandas de espaço e atenção que a tecnologia solar exige.

 

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