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A poupança rende pouco, mas é o “lugar” mais seguro para o seu dinheiro, certo? Errado!

Bruno Leuzinger - 2 maio 2018
Anderson Paiva, gerente sênior de marketing da Easynvest
Bruno Leuzinger - 2 maio 2018
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Criada no século 19, nos tempos de Dom Pedro II, a poupança segue sendo, de longe, o tipo de investimento mais popular do Brasil. Segundo indicador do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), 65% das pessoas que economizam dinheiro no país ainda optam pela caderneta de poupança, mesmo com os baixos rendimentos.

É uma escolha que se explica em parte pela nossa cultura imediatista. Economizar pensando no longo prazo ainda é a perspectiva de uma minoria. Em contrapartida, uma certa “preguiça” e aversão à educação financeira parecem arraigadas em um enorme número de pessoas, que relutam em estudar um pouquinho para descobrir formas melhores de investir seu dinheiro, mesmo que conquistado a muito custo.

Nesse sentido, para quem aplica no “piloto automático”, a poupança é cômoda: você pode movimentar valores facilmente e sacar a qualquer instante. Esse “prestígio” também vem, talvez, de uma percepção generalizada de que a poupança seria a aplicação mais segura que existe. Mas aí cabe uma pergunta: isso é verdade?

A resposta é: não.

“A poupança está sempre atrelada a um banco. Todo mundo que aplica nela está emprestando o seu dinheiro para o banco, que pode vir a falir”, diz Anderson Paiva, gerente sênior de marketing da Easynvest. “Quando se compara com outros tipos de investimento, por exemplo títulos públicos, como no caso do Tesouro Direto, você está emprestando para o governo, que é a última instância da sociedade.”

Como equilibristas de circo, os milhões de brasileiros com dinheiro guardado na poupança contam com uma rede de proteção em caso de emergência: o Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que cobre cada aplicação em até R$ 250 mil por CPF e por instituição financeira. Valores acima disso, porém, estão desprotegidos.

Ou seja: o risco da poupança é baixo, sim mas nunca será tão baixo como num empréstimo para o governo (que, no limite, em uma situação de colapso, pode até emitir moeda para honrar seus compromissos).

Anderson explica que adquirir títulos públicos sempre foi possível, mas ficou mais fácil a partir de 2002, com o Tesouro Direto, que permite comprar frações de cada título com investimento mínimo de R$ 30. Nos últimos tempos, o programa ganhou visibilidade e status de tábua de salvação para os “poupanceiros” arrependidos, que encontraram aí uma opção mais segura e rentável de investimento.

Peraí: mais segura E mais rentável? Pois é.

A popularidade da poupança parece depender da inércia dos investidores e esconde uma sina de “patinho feio” que, ao contrário da fábula, nunca vira cisne. Como ocorre com outros investimentos, sua atratividade está atrelada à taxa básica de juros, a Selic, em queda desde fins de 2016 e hoje em 6,5% ao ano.

Mas existe aí uma dupla pegadinha. Quando a Selic está abaixo de 8,5%, como agora, o rendimento da poupança fica em 70% da taxa de juros (mais a variação da Taxa Referencial, ou TR, que foi de 0,60% no ano passado). Entretanto, esse percentual despenca para 6,17% quando a Selic sobe acima de 8,5%.

Com a declaração de IR ainda fresquinha na cabeça, você pode até protestar: ah, mas pelo menos a poupança é isenta de Imposto de Renda!

É verdade. Isenção, porém, não é sinônimo de rentabilidade.

“A poupança hoje rende 70% da taxa de juros. O Tesouro mais conservador, que é o Tesouro Selic, paga 100%”, diz Anderson. “Mesmo no pior cenário, de imposto mais alto [22,5% sobre o lucro, em caso de resgate do título em menos de seis meses], ainda assim o ganho do Tesouro Selic sobre a poupança chega a 8%.”

Hora de conhecer as três principais modalidades do Tesouro Direto. Uma é essa aí que o Anderson comentou, o Tesouro Selic, ou pós-fixado, que rende o mesmo que a taxa básica de juros. O segundo tipo é o pré-fixado, em que o rendimento é fixo, imune a oscilações. E há uma terceira categoria que mistura as duas anteriores:

“Nessa modalidade, que combina ‘pré’ com ‘pós’, o que temos hoje no mercado são títulos em que a parte pós-fixada é indexada à inflação”, diz Anderson. “Ou seja, o título paga IPCA [Índice de Preços ao Consumidor Amplo, que mede a variação de preços dos produtos para o consumidor final] mais 4% ao ano, por exemplo.”

Cada um tem suas vantagens, diz Anderson. No pós-fixado, você pode vender a qualquer momento e receber o rendimento combinado até aquele ponto; o preço do título e seu valor de mercado permanecem iguais, sem prejuízo para o vendedor (aliás, eis aí outra desvantagem da poupança: no resgate, se você não esperar o aniversário da aplicação, a cada trinta dias, o seu rendimento se evapora: puf…).

Com o título pré-fixado, você sabe de antemão o rendimento (um pré hoje paga, por exemplo, 9% ao ano, contra os 6,5% atuais da Selic); o risco é querer vender o título antes do vencimento e arcar com uma eventual desvalorização, caso os papéis à venda naquele momento estejam pagando uma porcentagem mais atraente.

“O mesmo pode acontecer com o título que combina inflação mais ‘taxa pré’. A vantagem dele é que você está garantindo uma rentabilidade acima da inflação, e portanto um ganho real ao seu patrimônio”, diz Anderson. “Então, é um título muito indicado para guardar dinheiro por um longo prazo e ter um ganho lá na frente.”

O desafio de todo investidor é conciliar segurança e rentabilidade. E o “cobertor” quase sempre é curto: se você puxa de um lado, falta do outro. O que não faltam, porém, são aplicações melhores à espera dos futuros ex-poupanceiros. Deixando a prateleira do Tesouro Direto há os títulos de renda fixa, como CDB, LC, LCI e LCA, todos com um risco semelhante ao da poupança (incluindo a garantia do FGC).

“O CDB que temos hoje na plataforma da Easynvest paga 130% da taxa de juros, ou seja, 30% a mais do que a taxa Selic. Então você tem uma rentabilidade superior à do Tesouro Direto e consequentemente bem superior à da poupança.”

Mesmo na esfera dos fundos de investimento existem alternativas para clientes de perfil conservador, como os fundos DI, ou fundos de renda fixa, que possibilitam aportes de valor reduzido, liquidez diária e baixa volatilidade.

“São opções para o investidor ir diversificando, compondo uma carteira com tipos de investimentos de riscos diferentes, em prol de tentar uma rentabilidade cada vez maior”, diz Anderson.

Com os juros em baixa, diversificar é essencial: seja na renda fixa ou mesmo na variável, para quem aguenta o risco. O importante é se informar antes, estudando as particularidades de cada título ou produto.

E a poupança? Bom, ela é obviamente muito mais segura do que guardar o dinheiro em casa, debaixo do colchão. E mesmo rendendo pouco, é melhor do que o cofre de porquinho…

 

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