A união faz a força: entenda como scale-ups e corporações podem multiplicar os resultados e construir uma relação ganha-ganha

Giovanna Fiorini - 6 abr 2022
Giovanna Fiorini, gerente de Inovação Aberta da Endeavor.
Giovanna Fiorini - 6 abr 2022
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A cada ano, mais do que dobra o número de grandes empresas brasileiras que realizam inovação aberta, segundo o Panorama da Open Innovation entre Corporações e Startups no Brasil, publicado pela 100 Open Startups.

Companhias de todos os tamanhos e setores abraçam a oportunidade de conectar-se com scale-ups, buscando cultivar relações inéditas que contribuam para o desenvolvimento de um ecossistema mais aberto e colaborativo.

A maioria ainda está em fases iniciais de aprendizado, portanto é importante conhecer as boas práticas que levam a ganhos mútuos na geração de mais e melhores negócios.

O QUE UMA STARTUP OU UMA SCALE-UP GANHA AO SE RELACIONAR COM UMA GRANDE EMPRESA?

Os benefícios em ter grandes empresas como clientes, parceiras e investidoras alcançam tanto startups quanto scale-ups mais maduras.

Uma startup inicial pode contar com apoio na validação, desenvolvimento ou melhoria de produto e na construção de case para vendas futuras, acelerando seu crescimento

Compartilhar experiência e conhecimento para validar uma ideia pode diminuir o tempo de entrada de tecnologias no mercado,  alavancar o alcance das soluções da startup e contribuir para o seu posicionamento no setor de atuação.

Já para uma scale-up, que está em fase de expansão e escala, a conexão é uma oportunidade de conquistar uma fonte adicional de receita para crescer e multiplicar seu impacto positivo

A parceria também pode culminar em um novo canal de vendas ou até em uma internacionalização facilitada.

E DO LADO DAS GRANDES EMPRESAS: QUAIS OS BENEFÍCIOS DE LIDAR COM NEGÓCIOS MENORES OU EM CRESCIMENTO ACELERADO?

Do outro lado, ao interagir com o ecossistema empreendedor, que se caracteriza pela velocidade, as grandes empresas aprendem sobre formas mais ágeis de inovar, ganham eficiência e diminuem custos e riscos.

Ao liderar mudanças e disrupções de forma colaborativa, elas se tornam protagonistas da transformação delas mesmas e do mercado.

Além disso, estar próximo de quem inova ainda possibilita fomentar uma cultura ágil e um mindset empreendedor na organização, posicionar a marca ligada à inovação e atrair novos talentos

A colaboração entre os players se dá de diversas maneiras a fim de gerar valor compartilhado. As scale-ups são capazes de ajudar as empresas a encontrarem novas maneiras de resolver problemas urgentes com tecnologias comprovadas e escaláveis.

Levando inovação em contextos inéditos, elas podem resolver desafios e gargalos operacionais, criar um novo produto em conjunto ou até mesmo acoplar soluções para que a corporação apresente uma proposta de valor mais completa aos clientes.

Cada uma dessas possibilidades é mais adequada para atingir um objetivo, por isso recomenda-se diversificar os formatos de acordo com as necessidades da empresa para ampliar as chances de sucesso.

COMO TORNAR A INOVAÇÃO ABERTA UMA PRÁTICA

Considerando que algumas corporações já realizam inovação aberta há algum tempo, enquanto outras ainda estão dando os passos iniciais, as empreendedoras e empreendedores devem dedicar-se a estudar as oportunidades de troca.

Recomenda-se que conheçam bem não só o negócio, mas também a experiência da empresa com a qual desejam se conectar, porque organizações menos maduras provavelmente ainda não têm uma cultura aberta à inovação e processos simplificados.

É sempre importante ter clareza da intenção de ambos com a parceria e cultivar empatia pelo outro lado

Startups em estágios iniciais devem ter cuidado, pois ainda estão aprendendo e correm mais risco de aceitar uma proposta que não seja tão adequada a seus objetivos.

Já a grande empresa deve desbloquear desafios internos para garantir que todas as lideranças estejam alinhadas à estratégia de inovação, com vontade de aprender e de fazer.

Faz parte da adaptação incorporar a mentalidade das scale-ups: quanto mais rápidos e ágeis os processos, melhor.

Para além da cultura, um passo que facilita a interação é rever toda parte processual e burocrática, o que na prática significa criar processos de cadastro simplificados, padronizar contratos e acordos de confidencialidade e estabelecer prazos razoáveis de negociação

Também é essencial envolver desde o início as áreas viabilizadoras, como compras, jurídico e tecnologia da informação para que trabalhem em conjunto a fim de chegar nos melhores caminhos da parceria.

OS QUATRO FATORES QUE PRECISAM ESTAR EM SINTONIA ENTRE STARTUPS/SCALE-UPS E GRANDES EMPRESAS

É possível elencar fatores-chave para um bom negócio de inovação aberta. Depois de conversar com empreendedoras e empreendedores da rede Endeavor, entendemos que eles se dividem  em quatro principais frentes: compatibilidade entre o problema e a solução proposta; preparo para geração de negócios; engajamento das partes; e aspectos culturais.

A fim de alcançar os resultados desejados, é recomendado ter bastante clareza do desafio que pode ser trabalhado em conjunto e garantir que seja efetivamente uma dor latente.

No dia a dia, é essencial ter um fluxo de comunicação e rotina de acompanhamento bem definidos e clareza do fluxo da scale-up internamente

O óbvio também precisa ser dito: só é possível trabalhar em conjunto se há acesso aos recursos e informações necessários, então reserve um orçamento para o projeto.

Por fim, lideranças e área de negócios engajadas fazem toda a diferença, assim como a cultura e mentalidade da empresa — que, indiscutivelmente, deve estar receptiva para a inovação.

MULTIPLICANDO O IMPACTO POSITIVO DO ECOSSISTEMA EMPREENDEDOR NO BRASIL

A tendência é que a inovação aberta cresça ainda mais no Brasil, pois a curva de aprendizado é vigorosa e, quanto mais madura a empresa, maior o  impacto no ecossistema.

De 2020 para 2021, o número de conexões entre grandes empresas e scale-ups da rede Endeavor aumentou mais de 45%.

Acumulando uma série de experiências, tanto as empreendedoras e empreendedores como as grandes empresas se sentem mais confortáveis com as trocas e podem trazer mais complexidade para as interações.

Com níveis de engajamento maiores, ambos os lados assumem projetos mais arriscados – é questão de prática e tempo.

Com os dois lados dispostos a trabalhar de forma colaborativa, é certo que a relação será ganha-ganha, não só para as partes envolvidas como para todo o país

A prática catalisa o crescimento de scale-ups, que solucionam uma série de desafios e geram empregos e renda, e assim multiplica o impacto positivo do empreendedorismo inovador.

Giovanna Fiorini é gerente de Inovação Aberta na Endeavor. Formada em Relações Internacional pela PUC Rio de Janeiro, pós-graduada em Gestão de Empresas pela Fundação Getúlio Vargas, ela soma vivência internacional pela Science Po e é certificada em Agile Teams e Innovation Toolkit pela Hyper Island. 

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