• LOGO_DRAFTERS_NEGATIVO
  • VBT_LOGO_NEGATIVO
  • Logo

“Queria criar algo para trazer bem-estar e dignidade a mulheres que, como eu, se sentem invisíveis nesse momento tão delicado”

Carolina Sineme Reginato - 6 jun 2025
Carolina Sineme Reginato, fundadora da Kunda Care.
Carolina Sineme Reginato - 6 jun 2025
COMPARTILHAR

Sabe aquele dia que começa de maneira comum, sem nenhum sinal de que algo especial ou difícil está por vir, mas, que em poucas horas, tudo muda e sua vida vira de cabeça para baixo?

Essa foi exatamente a minha experiência.

A descoberta do meu câncer de mama aos 44 anos aconteceu assim — de forma inesperada, silenciosa, mas com um impacto que eu jamais poderia imaginar

Tudo começou com exames de rotina, procedimentos que já faziam parte da minha vida há anos. Exames que eu fazia sem medo, sem ansiedade, quase como um ato automático, uma verificação usual que parecia sem grandes surpresas. Até aquele dia.

Na mamografia, a médica pediu para trocar a placa no meio do exame, uma atitude pouco comum, e que inicialmente parecia uma simples questão de detalhes técnicos. Mas algo naquele pedido me deixou intrigada.

No ultrassom, veio a notícia que devastou tudo: “A senhora está com um nódulo estranho no seio esquerdo. Vamos mudar de máquina para analisar melhor. Pode ser?”

O tom de preocupação na voz do médico acendeu uma luz de alerta vermelho em mim! Tudo muito fora do padrão, nada assim havia acontecido antes

Mudamos de sala, o médico olhou minuciosamente, chamou outro colega para analisar junto, e ali, sem saber, comecei a enfrentar uma dessas situações que transformam a vida. Dois nódulos suspeitos no meu seio esquerdo — detalhes que no ano anterior, com todos os exames feitos corretamente, não estavam lá.

Essas descobertas, por mais que na teoria a gente saiba que existe a chance de serem benignas, trazem uma carga emocional intensa, uma mistura de medo, ansiedade e incerteza.

JUNTO COM O MEDO DA DOENÇA VEIO OUTRA ANGÚSTIA: COMO CONTAR AQUELA NOTÍCIA TERRÍVEL À MINHA FAMÍLIA?

Naquela manhã, a rotina virou um turbilhão de intenções rápidas: marcar uma ressonância, ligar para o meu ginecologista, agendar uma consulta urgente com um mastologista, correr contra o tempo.

Mas o maior medo não era só a possibilidade da doença somente — era a incerteza de como contar para minha família.

Como comunicar ao marido e aos meus filhos, ainda pequenos — com 11 e 8 anos — que aquela mãe forte, ativa, saudável, que se cuidava tanto, na verdade, tinha uma batalha difícil pela frente? 

Como transmitir, de forma honesta e sensível, que uma doença grave poderia mudar por meses a nossa rotina, limitar nossos momentos alegres e nos colocar frente a uma realidade que até então era inimaginável?

A ansiedade me acompanhou por dias. Operação marcada, sessões de quimioterapia agendadas, efeitos colaterais previstos — cabelos caindo, sobrancelhas e cílios desaparecendo, indisposições, dores, dias de cama, muito mal-estar.

Foram seis meses de tratamento intenso, difíceis, como todo tratamento contra o câncer costuma ser. Perder um seio, os cabelos, usar peruca, depois sair por meses na rua careca, receber olhares de soslaio, responder perguntas indiscretas…

Incrível como as pessoas, inclusive mulheres, não sabem como se comportar frente a uma pessoa passando por uma luta como esta 

Batalhar contra um câncer é algo que desafia o físico, força a mente e, principalmente, testa a alma. Nesse período, senti na pele o peso do isolamento, da solidão emocional, das incertezas.

Muitas lágrimas, momentos de desânimo — mas também de esperança.

O CÂNCER DE MAMA INDUZIU UMA MENOPAUSA PRECOCE QUE ME JOGOU NUM POÇO AINDA MAIS FUNDO DE SOLIDÃO EMOCIONAL

No meio da tempestade, uma certeza: tudo aquilo ia passar. E, com ela, a minha força interior, que me impulsionou a seguir, a lutar, a acreditar.

E passou. Hoje, olhando para trás, tenho orgulho da mulher que fui — e da que sou agora, mais resiliente, mais empática, mais consciente de si mesma.

O câncer de mama trouxe mudanças profundas na minha vida. Uma delas foi a indução de uma menopausa medicamentosa — uma menopausa precoce, brutal, cheia de sintomas desconfortáveis: fogachos intensos, insônia, irritabilidade, uma sensação de ter sido completamente abandonada pelos meus hormônios 

Aos 44 anos, me vi numa solidão emocional que parecia ainda maior do que a enfrentada na batalha contra o câncer. Porque, enquanto minhas amigas ainda ovulavam, ainda viviam seus ciclos, eu me sentia quase invisível nesse novo capítulo da minha vida.

Como falar sobre menopausa quando ninguém quer tocar nesse tema? Quando a sociedade, as redes sociais, pouco falam sobre isso? Reposição hormonal? Nem pensar — meu câncer foi hormonal, e as possibilidades de terapia de reposição hormonal eram nulas para mim.

E foi aí que começou uma busca intensa. Procurei informações, estudos, blogs, comunidades de mulheres que enfrentavam o mesmo desafio. Mas encontrei pouco conteúdo relevante e esclarecedor… 

Ninguém falava abertamente dessa jornada, sobretudo das alternativas não hormonais que pudessem melhorar minha qualidade de vida. Sentia-me imensamente isolada, lutando contra um silêncio coletivo.

COMECEI A BUSCAR ALTERNATIVAS QUE AJUDASSEM A REDUZIR A INVISIBILIDADE DESSE MOMENTO DELICADO DE VIDA

Diante deste cenário, decidi que eu mesma precisaria criar, de alguma forma, uma solução.

Afinal, o que eu mais precisava naquele momento era de apoio, de compreensão, de um espaço onde pudesse trocar experiências com outras mulheres que também estivessem enfrentando a menopausa precoce, especialmente após um câncer de mama hormonal.

Eu sabia que não estava sozinha, mas às vezes o sentimento de isolamento parecia sufocante. Essa vontade de ajudar me motivou a buscar alternativas que fossem além das disponíveis no mercado brasileiro

Comecei a explorar produtos de outros países, legislação, fórmulas, ingredientes. Investi tempo, recursos, estudos. Queria algo seguro, eficaz, que respeitasse minha condição e minhas limitações, mas que também pudesse trazer alívio, bem-estar e dignidade às mulheres que, como eu, se sentem invisíveis nesse momento tão delicado da vida.

Nesse processo, conversei com muitas mulheres — mães, profissionais, amigas — e percebi que esse desafio era universal. Cada uma tinha sua história, suas dores, suas angústias silenciosas, mas todas buscavam uma resposta, uma forma de continuar vivendo com alegria, força e esperança.

EMPREENDI A KUNDA CARE PARA OFERECER UM ESPAÇO DE ACOLHIMENTO E TROCA A MULHERES QUE VIVEM O CLIMATÉRIO

Foi assim que nasceu a ideia de criar a Kunda Care — uma plataforma que conta com uma linha de produtos pensada especialmente para mulheres no climatério, pós-câncer ou que simplesmente querem atravessar essa fase de maneira mais leve e plena sem o uso de terapias hormonais.

Nosso objetivo é oferecer um espaço de acolhimento, troca e empoderamento. Muitas das nossas formulações são exclusivas, desenvolvidas com ingredientes cuidadosamente selecionados, combinando inovação e segurança, sempre pensando no bem-estar dessas mulheres que, muitas vezes, se sentem esquecidas ou mal atendidas.

Nós acreditamos que viver sem os sintomas indesejados, as inseguranças e dúvidas que surgem com esta nova fase pela qual toda mulher irá passar é possível. Acreditamos na força de uma comunidade que se apoia, que compartilha experiências e que busca, junta, soluções concretas para viver com mais qualidade

Porque, para mim, tudo isso tem um significado muito profundo: aprender a transformar dificuldades em oportunidades, reconhecer a força que existe dentro de cada uma, e entender que pedir ajuda nunca é sinal de fraqueza, mas de coragem.

Tudo isso afirma a nossa essência de que a vida é uma jornada que merece ser vivida em plenitude, independentemente do quão difícil possa parecer.

A MINHA HISTÓRIA PROVA QUE A LUZ SEMPRE PODE SURGIR NO FIM DO TÚNEL, E QUE A FORÇA E A CORAGEM VÊM DE DENTRO DA GENTE

Minha esperança com a Kunda Care é criar uma rede de apoio, uma comunidade de mulheres que descubram que, mesmo após momentos tão desafiadores, é possível se reinventar, se cuidar e se amar mais do que nunca.

Porque a minha história — de luta, de esperança, de transformação — é a prova viva de que o limão pode virar limonada, que a luz sempre surge no fim do túnel, e que, muitas vezes, a maior força vem de dentro, da coragem de buscar, de enfrentar e de seguir em frente, com o coração aberto para novas possibilidades.

Hoje, olho para trás com gratidão. Pela força que adquiri, pelas lições que aprendi e, principalmente, pela chance de poder ajudar outras mulheres a se sentirem menos sozinhas 

A vida realmente é um presente precioso, e merece ser vivida com intensidade, amor, esperança e determinação.

A história de Kunda Care é, acima de tudo, uma história de empoderamento, de resistência e de amor à vida — uma celebração de tudo aquilo que podemos conquistar, mesmo diante dos maiores desafios.

 

Carolina Sineme Reginato, 50, há 6 anos no climatério, é publicitária de formação, com mais de duas décadas de experiência na indústria farmacêutica, e cofundadora da Kunda Care Universo Feminino 40+, uma plataforma dedicada a celebrar e apoiar as mulheres na fase do climatério, abordando tanto suas dores quanto suas delícias. 

COMPARTILHAR

Confira Também: