Como o PiniOn se juntou a um instituto de pesquisas na Ideia Big Data, que quer revolucionar o mercado

Patrícia Büll - 22 ago 2017
Eduardo, fundador da PiniOn, conta como tornou-se sócio do Ideia Big Data.
Patrícia Büll - 22 ago 2017
COMPARTILHE

Era uma vez uma empresa de pesquisa via mobile que atuava no setor privado e não parava de crescer. Um dia, ela se juntou com uma empresa de big data para fazer uma pesquisa de campanha eleitoral. Deu tão certo que elas começaram a discutir uma parceria, lá em 2014. E eis que, em julho deste ano, o PiniOn (aplicativo e também nome da startup que faz pesquisas online) e a Ideia Inteligência se fundiram para criar a Ideia Big Data, empresa que quer revolucionar o mercado de pesquisas, mapeando os mais diversos públicos e opiniões.

O novo negócio já nasce com números representativos: a base de 680 mil usuários do aplicativo PiniOn se junta aos cerca de 172 milhões de brasileiros que fazem parte da plataforma Alexandria, desenvolvida pela equipe interna do (então) Ideia Inteligência para gerenciar dados. “Passamos a ter a mais completa cobertura de big data e tecnologia para ajudar nossos clientes a conhecerem melhor seu público-alvo e aprimorar sua relação com ele. Acredito que nenhum instituto de pesquisa conseguirá ofertar algo similar”, diz Eduardo Grinberg, 44, fundador do PiniOn e sócio da nova empresa, onde é o responsável por marketing e comunicação.

Mas esse é só mais um capítulo da história que começou em 2012, quando o próprio Eduardo, publicitário com passagens por empresas como Cachaça Sagatiba e Peixe Urbano, teve a sacada de criar uma plataforma digital de pesquisa que remunerasse os participantes, a exemplo do que já ocorria nos Estados Unidos. Ele conta: “Na minha passagem pelo Peixe Urbano convivi muito com o pessoal de startups e vi esse mercado se desenvolver. Ao mesmo tempo, fui entendendo como a ideia do crowding, de oferecer vantagem para uma multidão de pessoas que busca o mesmo produto ou serviço, podia realmente agregar valor para uma marca”.

O passo seguinte foi conversar com um amigo que estava nos Estados Unidos sobre a ideia de criar uma plataforma de pesquisa online aqui no Brasil, fugindo do modelo tradicional de telefonar para as pessoas ou realizar entrevistas na rua. Assim, o PiniOn colhe opiniões sobre produtos e serviços, nos mesmos moldes das empresas de pesquisas tradicionais, mas de forma digital.

Outra diferença, pontua Eduardo, é que aqui as pesquisas são chamadas de “missões”, remetendo a um jargão dos games, já que a ferramenta tem esse formato: “Chamar de missão é uma forma também de fazer as pessoas encararem as pesquisas como objetivos a cumprir, a exemplo do que ocorre nos games, não ficando presas apenas à remuneração”.

O PiniOn surgiu, portanto, como uma plataforma para auxiliar o pessoal que trabalhava com trade marketing, gôndolas e medição de concorrência. “Aos poucos, percebemos que havia espaço também para pesquisas de opinião. Neste momento começamos a procurar institutos de pesquisa para ampliar nosso escopo”, conta ele.

PESQUISA DE PRODUTO PODE VIRAR… PESQUISA DE OPINIÃO

O que não muda é a forma de remunerar quem participa das pesquisas via aplicativo: geralmente 20 centavos (o valor pode aumentar conforme a complexidade da pesquisa). Quando o usuário consegue acumular 30 reais, ele pode resgatar o valor. Eduardo conta que embora outras empresas do mercado também ofereçam um serviço parecido, “só o PiniOn tem esse tipo de remuneração, que vai direto para a conta do usuário”.

Ele evita falar no investimento inicial total feito na startup, mas diz que, de sua parte, foram cerca de 150 mil reais. “No meio do processo captei investimento de terceiros, o que fez a empresa ganhar robustez”, conta. E, a exemplo de outras startups, ele também enfrentou desafios nesta fase.

Além de convencer investidores de que o negócio daria certo, era preciso convencer os clientes — empresas que encomendariam as pesquisas — a acreditar em um serviço inédito, desenvolvido por uma startup que apresentava seu primeiro produto. “Não ter concorrência nem sempre é bom, pois você precisa criar tudo do zero e convencer as pessoas de que aquilo realmente funciona”, diz, e prossegue:

“O raciocínio do nosso negócio é digital, mas como depende da interação das pessoas para funcionar e, por isso, corre o risco de dar errado em algum momento. Encarar isso é parte do crescimento”

Eduardo conta que, diante deste cenário, considerou o mais importante se cercar de gente igualmente comprometida. Conselho que dá também para quem quer começar um negócio. “Quando você se aproxima de gente comprometida, tem confiança para passar para o cliente de que aquilo que ele pediu será entregue. Confiança faz toda a diferença.”

O PiniOn oferece três produtos diferentes: pesquisa (web e mobile, em centenas de pessoas respondendo simultaneamente às principais questões que a marca ou cliente quer mapear); monitoramento e o chamado “cliente oculto” (em que os usuários do aplicativo vão a pontos de venda do cliente e passam as suas impressões). Neste caso, diz o empreendedor, o usuário precisa ir até o local determinado e somente lá terá acesso à “missão”, já que o app utiliza um sistema de geolocalização para garantir que a pessoa está de fato onde a missão deve ser realizada.

Entre as empresas já atendidas estão corporações como Nestlé, Unilever, Ambev e Hypermarcas. Além de grandes varejistas, empresas de mídia como Globo, Ibope e Globosat já contrataram o PiniOn Lab — uma ferramenta especial, desenvolvida para monitorar eventos em tempo real. Foi por causa desse serviço, aliás, que teve início a parceria do PiniOn com o instituto de pesquisas. Eduardo conta: “Era 2014, eles precisavam fazer o entrevistas com eleitores indecisos logo após o debate de um candidato. Nós topamos o desafio e conseguimos fazer as entrevistas durante o debate. Foi ali que vimos que poderia surgir algo muito bacana”.

QUANDO PRODUTOS, E NEGÓCIOS, SE COMPLEMENTAM

Apesar desta aproximação inicial, as duas empresas levaram mais de dois anos para finalmente baterem o martelo e decidirem pela fusão, juntando os softwares e o nome, agora para Idea Big Data. “Para o usuário, não muda nada”, diz Eduardo. O que muda, ele prossegue, é o potencial de se usar dados e microtargetings (técnica que localiza o público-alvo por meio dos endereços de IP, cookies e dados de dispositivos móveis) para impactar “as pessoas certas no momento certo”. Com a fusão, os produtos se valorizam e melhorar ao agregarem o que têm de complementares.

O PiniOn, portanto, junto com o Alexandria, passa a ser a engrenagem do Ideia Big Data — e pode atender clientes de forma isolada ou conjunta. O site do PiniOn segue no ar e, nas redes sociais da startup, há algumas dezenas de usuários perguntando insistentemente por novas “missões” (as pesquisas em que recebem 20 centavos por participação).

Nos bastidores, a nova empresa tem investido fortemente na internacionalização de suas operações, hoje responsável por 30% do faturamento. A Ideia Big Data tem escritórios no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Ribeirão Preto, Lisboa, Montevidéu, Nova Delhi e Washington. O mundo é grande.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: Ideia Big Data
  • O que faz: Pesquisa, tecnologia mobile e monitoramento crowdsourcing
  • Sócio(s): Eduardo Grinberg, Igor Lemos e Maurício Moura
  • Funcionários: 30
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: janeiro de 2013
  • Investimento inicial: R$ 150.000
  • Faturamento: NI
  • Contato: contato@ideiabigdata.com e (11) 3251-2297
COMPARTILHE

Confira Também: