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Como as Empresas Randon abriram as próprias portas para fomentar o ecossistema de inovação do Sul do Brasil

Giovanna Riato - 30 nov 2020
A partir de uma transformação na cultura interna, companhia contribuiu para colocar o Rio Grande do Sul no mapa dos estados que mais geram startups no País. Uma das iniciativas recentes é a inauguração da Conexo, hub de inovação e empreendedorismo na Serra Gaúcha. (Foto: Alex Battistel)
Giovanna Riato - 30 nov 2020
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O Sul do Brasil já tem protagonismo no ecossistema de startups. Cidades como Florianópolis, a capital de Santa Catarina, e Curitiba, no Paraná, deram conta de contribuir consideravelmente com o ecossistema empreendedor nos últimos anos. Agora, quantos jovens negócios do Rio Grande do Sul você conhece? A tendência é que sejam cada vez mais.

Em 2019, a região apareceu na terceira posição entre os estados que mais criam startups no Brasil. O ambiente é favorável para que este movimento se fortaleça ainda mais. “O Rio Grande do Sul tem universidades, hubs de inovação, aceleradora de startups e, principalmente, corporações engajadas em contribuir com este desenvolvimento”, afirma o diretor da AB Startups, José Muritiba. Ele cita, entre essas corporações, as Empresas Randon, conglomerado brasileiro que reúne 15 empresas das áreas de autopeças, implementos rodoviários e serviços financeiros.

Aos que não têm intimidade com a companhia, vale apontar que só no terceiro trimestre do turbulento 2020 a organização gerou receita líquida de R$ 1,5 bilhão. Apesar de nem sempre serem conhecidas do público final, as empresas do grupo têm presença garantida em segmentos essenciais à economia e à sociedade. Quer tirar a prova? Ao pegar uma estrada, procure a inscrição Randon na carreta dos caminhões. É quase impossível não encontrar.

“O Sul tem a característica de ter muitas startups que oferecem serviços não para o cliente final, mas para outras empresas. E, neste caso, as corporações têm papel essencial para movimentar este mercado. A Randon tem feito isso de forma muito consistente nos últimos anos”, conta Muritiba. E complementa:

“Com o estímulo da organização, temos visto um fortalecimento grande do ecossistema de inovação do Rio Grande do Sul, principalmente em Porto Alegre e na Serra Gaúcha. E é essencial ver a expansão de startups das várias regiões do Brasil porque elas oferecem uma diversidade de soluções e são capazes de resolver dores locais”

O DESAFIO DE ABRIR A CULTURA CORPORATIVA PARA A INOVAÇÃO

Atualmente as Empresas Randon se relacionam com mais de 50 startups tanto do Sul quanto de outras regiões do país, entre empresas que fornecem serviços ou produtos, jovens negócios que receberam aporte da Randon Ventures ou com quem a companhia mantém algum tipo de parceria. Muritiba, da AB Startups, diz que a organização é um exemplo de inovação aberta, com práticas consistentes nessa frente.

Todos esses resultados vêm de uma ainda recente jornada de fomento e colaboração das Empresas Randon com o ecossistema empreendedor. Anos atrás, um diagnóstico de cultura interna promovido pela organização mostrou que alguns aspectos precisavam ser melhor desenvolvidos, como a tolerância ao erro, a capacidade de trabalhar com inovação aberta e desenvolver o foco no digital.

“A partir disso, em 2017, começamos a fazer as nossas primeiras incursões com o ecossistema de startups”, conta Mateus de Abreu, gerente de Negócios e Estratégias Digitais das Empresas Randon e head officer da Randon Ventures – unidade da companhia focada em investir e acelerar startups lançada em fevereiro deste ano. No começo, em 2017, essas iniciativas eram discretas, ainda sem metas claras e com funcionários da companhia deslocados justamente para entender o ecossistema e criar novas conexões. O projeto foi chamado de Randon Exo e tinha a meta de tirar alguns profissionais do ambiente corporativo, que traz anticorpos naturais à inovação, e abrir espaço para que eles enxergassem novas possibilidades.

Já na primeira geração da iniciativa (que hoje está na quarta), não foram necessários mais de dois meses de trabalho para as ideias começarem a surgir: logo no primeiro ano, foram implementados oito projetos, que reduziram o custo operacional da companhia em cerca de R$ 3 milhões. Nada mal para quem, a princípio, só pretendia fazer uma exploração para entender o ecossistema.

DEPOIS DOS PRIMEIROS RESULTADOS, A COMPANHIA DEU PASSOS MAIS AMBICIOSOS

Depois de colher primeiros frutos tão promissores, a companhia decidiu mobilizar outras corporações da Serra Gaúcha em um projeto um tanto ambicioso: criar uma organização de conexão com startups, que identificasse as dores comuns dessas companhias da região e lançasse desafios para a comunidade empreendedora. Entraram no barco outras três empresas: Florense, Marcopolo e Soprano. Nascia ali o Instituto Hélice, um projeto cocriado que hoje já serve, inclusive, de inspiração para outras iniciativas de grandes organizações do Sul do Brasil.

A esta altura, a Randon também já figurava entre as parceiras de hubs de inovação da região e trabalhava com universidades que tinham iniciativas nesta frente. Mateus fala da importância desta movimentação:

“Logo que começamos esta jornada, a maioria das startups do Rio Grande do Sul com quem conversamos ainda estava em estágio muito inicial, era um ecossistema pouco estruturado. Por isso, nossas primeiras conexões foram com empresas de outros estados. Mas temos visto este cenário mudar, com a percepção de que estimulamos o desenvolvimento das startups e da cultura de inovação aberta na região”

O executivo diz entender a influência – e a responsabilidade da companhia nesta evolução. “Cada movimento que fazemos gera um efeito e traz novos parceiros e empresas que se inspiram nas nossas iniciativas”, diz. Muriti, da AB Startups, lembra que este trabalho regional é essencial para estimular o desenvolvimento e fortalecer a economia fora do eixo Rio-São Paulo.

“Ter esta diversidade de origem das startups é essencial para atrair e fomentar talentos em outros estados, gerar empregos e novas oportunidades”

DA RESISTÊNCIA AO ERRO AO INVESTIMENTO EM STARTUPS

Mateus se orgulha de contar que, nesta trajetória de inovação aberta, as Empresas Randon tiveram a chance de ver o crescimento de jovens negócios com quem firmaram parceria em algum momento. “Vi startups melhorarem seu produto a partir do relacionamento com a gente e, em seguida, firmarem contratos com outras corporações e prosperarem”, diz, lembrando que a inovação aberta é uma via de mão dupla. Segundo ele, a organização também teve aprendizados importantes:

“As startups têm este instinto de sobrevivência, uma capacidade de realizar com menos recursos, além do apetite para fazer as coisas darem certo. Este modelo mental é muito importante para que as Empresas Randon, com seus 71 anos de história, mantenham a competitividade e a capacidade de inovação em novos cenários.”

A mudança que Mateus cita é tão consistente que a organização que lá atrás detectou a intolerância ao erro como parte de sua cultura, fundou no começo de 2020 a Randon Ventures, uma empresa para investimento em startups focada nas áreas de logística, serviços financeiros, seguros e mobilidade das coisas.

“Devemos encerrar o ano com aportes em seis negócios”, conta Mateus.  Com um investimento inicial previsto de R$ 3 milhões no seu lançamento, a Randon Ventures aumentou seu capital para R$ 15 milhões no fim deste ano.

Já no contexto pós-Covid-19, a empresa inaugurou outra iniciativa relevante para manter o ritmo da colaboração e da inovação aberta: a Conexo. Instalado em Caxias do Sul, o hub pretende reunir empreendedores, empresas da região e diferentes elos interessados em gerar negócios e construir novas soluções.

Nessa toada, com o impulso da companhia, Muritiba diz que o Rio Grande do Sul deixou de ser um ambiente de startups emergentes para representar um ecossistema em ascensão. “É um polo denso e diverso, com as melhores condições possíveis para o estado crescer e prosperar muito nos próximos anos”, diz. Do outro lado, Mateus confirma: “O medo de errar, definitivamente, é um traço que deixamos para trás.”

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