A primeira semana de negociações da COP 28, que acontece neste ano em Dubai, termina com um sabor já conhecido: muitas promessas e poucos avanços. Para fechar a semana, o secretário executivo da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças do Clima (UNFCCC), Simon Stiell, subiu o tom e cobrou um pé no acelerador. “É preciso que negociadores entreguem um “trem-bala” para ação climática”, disse ele.
Até o momento – e, pelo visto, sem nenhuma pressa – o principal documento que está sendo negociado na COP é o chamado Balanço Global de Carbono, conhecido como Global Stocktake. Trata-se de um balanço global da ONU para acompanhar e avaliar a implementação das metas do Acordo de Paris no longo prazo. A ideia é que este balanço seja concluído durante a COP 28, visto que o período de duração do da iniciativa é de dois anos.
Stiell apontou os ganhos com o Global Stocktake, um veículo, segundo ele, que pode sim colocar a ação climática no bom caminho. Entretanto, alertou:
“Se quisermos salvar vidas agora e manter o objetivo de 1,5 °C ao nosso alcance, os resultados mais ambiciosos da COP devem estar no centro das atenções. E não adiantam apenas boas intenções. Sejamos honestos. As boas intenções não vão reduzir para a metade as emissões nesta década. Só um progresso sério no quesito do financiamento pode produzir resultados na linha da frente”.
Segundo ele, os países membros precisam colocar esforço extra para que o Global Stocktake – além dos outros que estão na agenda – reflitam a urgência do problema.
“No final da próxima semana, precisamos que a COP entregue um comboio-bala para acelerar a ação climática. Atualmente temos um velho vagão percorrendo trilhos frágeis”.
COMO SE POSICIONAM AS EMPRESAS
O setor privado também precisa andar mais depressa. Apesar do alto interesse pela COP, pesquisas apontam que o engajamento das empresas nas questões climáticas ainda é considerado baixo.
A terceira edição do relatório Carbon Emissions Survey do Boston Consulting Group (BCG) mostra que, apesar de haver uma preocupação das companhias na mitigação da crise climática, apenas 10% delas têm uma medição abrangente de todas as suas emissões de carbono. Não houve nenhuma em relação à pesquisa de 2022. Somente 14% reportaram reduções de acordo com as suas metas ao longo dos últimos cinco anos, uma queda de 3 pontos percentuais em relação a 2022.
LONGA LISTA DE BENEFÍCIOS
A pesquisa do BCG aponta ainda que as empresas que progrediram na descarbonização estão obtendo benefícios que vão além dos financeiros. Valor reputacional, custos operacionais mais baixos e a conformidade regulamentar estão entre os principais exemplos das demais vantagens: 40% dos entrevistados estimam um retorno financeiro anual de pelo menos US$ 100 milhões com o cumprimento das metas de redução de emissões.
Como uma marca de bolsas e acessórios pode impulsionar a economia da floresta e o comércio justo? A carioca Bossapack contrata indígenas da Amazônia para pintar e impermeabilizar com látex o tecido de suas mochilas e pochetes.
Visão holística, uso combinado de tecnologias e ética nos negócios: em entrevista exclusiva ao Draft, a holandesa Marga Hoek, fundadora e CEO do think tank Business For Good, crava a receita para viabilizar o futuro e salvar o planeta.
Contra o negacionismo climático, é preciso ensinar as crianças desde cedo. Em um dos municípios menos populosos do Rio de Janeiro, a Recickla vem transformando hábitos (e trazendo dinheiro aos cofres públicos) por meio da educação ambiental.