Minha história não começou com grandes privilégios ou facilidades. Cresci em Franco da Rocha, uma cidade da região metropolitana de São Paulo, onde morei em um imóvel pequeno, de apenas um cômodo e banheiro.
Minha mãe trabalhava como doméstica e meu pai era vendedor, e desde muito cedo aprendi o valor do trabalho duro e da perseverança
Como filho de pais que lutavam todos os dias para nos dar o melhor, vi de perto as dificuldades que eles enfrentavam para garantir o sustento da casa. O desejo de conquistar algo a mais para nossa vida sempre esteve presente em mim, mas a realidade era difícil.
Muitos sentimentos limitantes também me acompanhavam — a insegurança, o medo de não conseguir, a sensação de que talvez eu estivesse sonhando alto demais. Ainda assim, eu acreditava que era possível.
E mais do que isso: minha vontade de vencer era movida por algo muito maior do que ambição pessoal. Eu queria dar mais conforto aos meus pais, retribuir tudo o que fizeram por mim e proporcionar a eles uma vida com mais dignidade
Essa motivação foi o que me manteve firme, mesmo nos momentos mais desafiadores.
Quando eu era criança, meu maior sonho era ser jogador de futebol. Eu passava horas treinando, sonhando com o momento em que poderia sair da nossa condição e viver uma vida diferente.
Assim como tantos outros garotos da periferia, era isso que eu via como possível. Era o que aparecia como caminho viável quando eu assistia à televisão — jogadores que saíram de histórias parecidas com a minha e conseguiram vencer.
Acreditei de verdade que o futebol seria minha saída. E cheguei a tentar. Investi tudo o que pude, inclusive emocionalmente.
Infelizmente, fui vítima de um golpe de um falso empresário, que prometeu transformar minha carreira como jogador de futebol, porém acabou me roubando uma quantia significativa de dinheiro — dinheiro que minha família juntou com muito esforço
Foi um baque enorme, um daqueles momentos que poderiam ter me feito desistir. Mas, mesmo com a decepção e a frustração, o sonho de uma vida melhor nunca deixou de existir. Eu só precisei encontrar outro caminho.
Foi justamente nesse cenário que comecei a buscar alternativas para melhorar nossa situação. Aos 15 anos, comecei a trabalhar em tudo o que aparecia: garçom em buffet, animador de festas infantis, ajudante de pedreiro, entregador de panfletos e vendedor na feira da madrugada do Brás.
Eram trabalhos duros, mal remunerados e que deixavam claro o quanto seria difícil conquistar uma mudança de vida seguindo por esse caminho. Não havia glamour, só cansaço e a sensação constante de que, por mais que eu me esforçasse, aquilo não seria suficiente.
Foi aí que a ficha caiu: se eu quisesse algo diferente, precisaria buscar um caminho fora do que estava posto. Não foi uma descoberta sobre o “poder do trabalho”, mas sobre os limites que a realidade impõe a quem nasce com pouco
E foi justamente esse desconforto que despertou em mim a vontade de empreender — de tentar algo meu, por mais improvável que parecesse naquele momento.
Em determinado momento, percebi que poderia transformar minha realidade por meio do marketing digital. Decidi estudar, me aprofundar nesse mundo e, com o tempo, aplicar o que aprendia.
Os primeiros resultados foram um choque — no melhor sentido. Em um único mês, faturei 46 mil reais. Eu mal conseguia acreditar quando olhei o extrato. Era mais dinheiro do que eu já tinha visto na vida
Fiquei radiante, mas também assustado. A sensação era de empolgação e incredulidade ao mesmo tempo, como se algo tivesse finalmente virado. Aquilo me mostrou, de forma concreta, que sim, existia uma saída. E mais do que isso: que eu era capaz.
Foi a partir dali que decidi apostar tudo em um projeto que unisse meu espírito empreendedor com a vontade de transformar vidas — começando pela minha, mas sem parar por aí.
Foi assim que, em 2023, nasceu a Big Boom — uma marca criada com o propósito de apoiar mulheres que se dedicam ao treino, à saúde e ao autocuidado.
A ideia sempre foi simples: desenvolver produtos de qualidade, acessíveis, e que realmente conversassem com a rotina e as necessidades do público feminino. Aos poucos, fomos construindo um portfólio pensado com carinho e responsabilidade, sempre com foco em performance, bem-estar e autoestima
Hoje, a Big Boom já é uma realidade que me enche de orgulho. Em 2024, alcançamos 5 milhões de reais em faturamento, com mais de 25 mil unidades vendidas.
E o mais incrível é ver a força desse crescimento. Só em janeiro de 2025, batemos 1 milhão de reais em vendas — um salto de mais de 4 000% em comparação com o mesmo mês do ano anterior.
Lembro de pensar: “Uau… em apenas um ano, olha só o que conseguimos construir…” E não foi fácil. Quando olho pra trás e me lembro dos tropeços, dos riscos que corri, das noites mal dormidas e de todas as incertezas, vejo como cada etapa foi essencial
Agora, seguimos com os olhos voltados para novos desafios — e o próximo é grande: expandir para os Estados Unidos, com a meta de faturar 1 milhão de dólares já no primeiro ano.
Eu sempre acreditei que era possível reescrever a minha história. Mas acreditar não tornava o caminho mais fácil.
Quando decidi largar tudo e começar do zero, muita gente achou que era loucura. E, pra ser sincero, em alguns momentos eu também duvidei. Tive medo, insegurança, senti o peso da responsabilidade e, muitas vezes, a solidão de quem está tentando algo que ninguém ao redor entende.
Foi justamente nesses momentos — nos erros, nas frustrações, nas madrugadas de ansiedade e nos dias em que nada parecia funcionar — que eu fui construindo minha resiliência
Aprendi a lidar com pressão, a tomar decisões difíceis, a ouvir mais do que falar e a me adaptar. Descobri que empreender não é só sobre ter boas ideias, é sobre saber continuar mesmo quando tudo parece desmoronar.
Esses sentimentos não me paralisaram — eles me moldaram. E foi esse processo que me transformou em alguém capaz de tirar um negócio do papel, de liderar uma equipe, de pensar estrategicamente e, acima de tudo, de transformar esforço em resultado.
Hoje, ao olhar para trás, vejo que cada desafio teve um papel essencial na jornada. E sigo em frente com a mesma certeza de antes: eu posso construir o meu caminho.
Por muito tempo, minha motivação era uma só: mudar de vida. Queria dar uma condição melhor para meus pais, sair do aperto, provar que era possível vencer mesmo vindo de onde eu vim. E isso me moveu por muitos anos.
Mas, conforme as coisas começaram a acontecer, percebi que a transformação que eu buscava pra mim também podia alcançar outras pessoas.
Foi natural. À medida que o negócio crescia, mais histórias chegavam até mim — mulheres que se sentiam mais confiantes, mais fortes, mais motivadas a cuidarem de si mesmas. E foi aí que minha perspectiva mudou: o foco deixou de ser só sobre o meu sucesso, e passou a ser sobre o que nós podemos construir juntos
O maior motivo para seguir em frente hoje é justamente esse: ver o impacto positivo que a Big Boom tem na vida de tantas mulheres. Nossa missão vai muito além de vender suplementos — queremos ser parte da jornada de quem busca bem-estar, autoestima e autonomia.
É isso que me dá fôlego, que me lembra todos os dias por que comecei e por que ainda vale a pena continuar. E, sinceramente? Ainda estamos só no começo.
Gabriel Ferreira é CEO da Big Boom.
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