Bruno Kato, 42, sonhava em empreender desde a época da faculdade, com o objetivo inicial de transformar sua realidade financeira. Até que, ainda durante a graduação, ele percebeu que poderia ajudar a mudar, também, a realidade de outras pessoas por meio da economia verde — abordagem que promove crescimento econômico de forma sustentável, com uma redução significativa do impacto ambiental e maior inclusão social.
Nascido e criado em Belém, no Pará, Bruno começou a Horta da Terra em 2016, replicando um modelo de negócios que funciona bem no Sudeste – entrega de cestas de alimentos orgânicos por assinatura. Em 2020, porém, a pandemia afugentou seus clientes na época, a maioria deles restaurantes e refeitórios.
Em paralelo, Bruno percebeu que as hortaliças convencionais em outras regiões do país sofrem mais ao serem cultivadas na Amazônia, e decidiu investir numa outra ideia: comercializar plantas alimentícias não convencionais (PANCs) típicas da Amazônia no formato em pó para uma série de usos – medicinais, suplementação e cosméticos.
Assim, ele transformou sua empresa em uma naturetech e agroindústria, que utiliza técnicas de agricultura regenerativa e sintrópica para cultivar alimentos de altas propriedades nutricionais e funcionais.
Ao longo da trajetória, Bruno diz ter desenvolvido um entendimento profundo sobre bioeconomia e os desafios de empreender na região amazônica. Criou uma green venture builder, a Hanei Green, desenvolveu vários negócios e cofundou a Amazônia B, aceleradora de negócios locais com foco em biodiversidade.
Neto de imigrantes japoneses, ele enxerga na floresta uma oportunidade de negócios alinhada à sustentabilidade, e prepara suas empresas para ampliar os negócios durante a COP30, que será sediada daqui a um ano na sua cidade natal.
Bruno explica que os empreendedores e investidores na Amazônia enfrentam um “risco superior ao risco Brasil”, citando dificuldades como logística, sazonalidade e condições de mercado. Para viabilizar o projeto, ele estruturou uma cadeia de produção que inclui uma fazenda própria, um contêiner que funciona como laboratório e fábrica de processamento, além de parcerias com instituições de ensino.
De São Paulo, Bruno Kato deu a seguinte entrevista ao Draft:
Como foi sua trajetória até se tornar empreendedor e investidor?
Minha infância basicamente foi em Belém, minha família toda é de Belém também. Sou neto de imigrantes japoneses, meu avô e minha avó vieram nas primeiras imigrações para o Norte do Brasil.
A minha avó era dona de casa e o meu avô trabalhava numa loja de departamento do grupo Yamada. A minha mãe tem sangue 100% japonês e nasceu em Belém, é funcionária pública.
O meu pai, já falecido, era paraense também, foi funcionário de multinacional por muitos anos. Ele era formado em eletrotécnica e trabalhava como técnico de soldagem; tentou empreender, mas não teve sucesso. Apesar disso, minha educação familiar me deu inspiração para empreender
Nasci em um ambiente limitado de recursos, e meu desejo era ser empresário para mudar a minha realidade financeira. Meu plano, aos 17 anos, era me formar em engenharia elétrica, trabalhar para poder juntar dinheiro e empreender.
Durante a faculdade, na Universidade Federal do Pará (UFPA), ficou claro pra mim que eu precisava sair de Belém para encontrar oportunidades de formar a minha carreira como empreendedor, desenvolvendo competências empreendedoras dentro de uma carreira executiva.
Na região Norte do Brasil há limitação de oportunidades: tem poucas empresas comparadas ao Sudeste para formar uma massa crítica de pessoas com soft skills e competências de gestão. A melhor forma que encontrei para fazer isso era entrar em um programa de trainee nacional – e foi o que eu fiz
No meio desse processo, ainda durante a graduação, em 2001, entendi que além de empreender por dinheiro eu poderia empreender com impacto socioambiental positivo.
Tive a oportunidade de participar de um workshop internacional conduzido pela Petrobras, na UFPA, com uma introdução aos aspectos econômicos da mudança climática. Conheci pessoas do mundo todo neste workshop, e ficou claro que o caminho no futuro seria a economia verde.
Você chegou a ter um emprego?
Durante a graduação, eu dava aula particular de física, matemática, fazia manutenção de computadores e celulares, para gerar uma fonte de renda e reinvestir na minha formação.
Comecei a receber bolsa de pesquisa na graduação, fazia publicação de trabalhos em congressos, artigos em revistas de engenharia e estudava nos finais de semana, como um bom nerd, enquanto meus amigos iam para as micaretas
Ainda como estudante, fui CLT em uma indústria em Barcarena [cidade a 40km de Belém], eu pegava um barco e um ônibus para chegar ao trabalho numa fábrica de alumina [óxido de alumínio]. Essa multinacional com alto nível de governança foi uma grande escola para mim, ampliou minha compreensão e despertou ainda mais minha paixão por gestão.
Eu me inscrevi em vários programas de trainee nacionais, mas não passei pelo meu nível de inglês… Nesse meio tempo, recebi uma proposta para trabalhar em Belo Horizonte, na DCML Cummins Komatsu, que fabrica máquinas pesadas para mineração e motores gigantescos para navios. A princípio assumiria como engenheiro de aplicação, mas antes mesmo de assumir a vaga me promoveram para coordenador de vendas.
Fiquei lá por pouco mais de um ano, e fui promovido quatro vezes. Fui aprendendo inglês por pressão, porque a liderança falava inglês o tempo todo, tinha profissionais em outros países. Eu almoçava em 20 minutos, e estudava inglês por 40 minutos, além de fazer um curso duas vezes por semana
Estudei japonês por cinco anos também, mas não falo. Meu inglês começou a alcançar os patamares dos programas de trainee nacional e eu passei em vários. Acabei não passando no da Unilever, o que eu mais queria, mas passei no da Oi, e descobri que era a mesma empresa que conduzia a formação dos trainees nessas duas corporações.
Entrei na Oi, e passei um ano morando no Rio. Depois tive a oportunidade de retornar para minha região e assumir uma posição de liderança de quatro estados do Norte, cuidando do segmento de governo.
Aí me destaquei, fui promovido para outra área da empresa, o segmento corporativo, até ser promovido de novo como executivo de varejo. Passei a ganhar bônus executivo, e me mudei novamente para Minas Gerais – e depois para o Recife.
Quando e o que te levou a largar o emprego para finalmente empreender?
Eu imaginava que ia viver minha carreira executiva até a idade que eu tenho hoje, 42 anos, para ganhar bônus executivos milionários e deixar o patrimônio trabalhando para mim enquanto eu reduziria o meu risco financeiro direto na pessoa física.
Mas num desses processos de treinamento de líderes e educação executiva de altíssimo nível da Oi, participei de uma imersão com Oscar Motomura, CEO e fundador do Grupo Amana-Key, cujo propósito é elevar o nível de consciência da sociedade através dos seus líderes.
Entrar em contato com esse propósito foi muito impactante para mim. Eu pensei: “Que forte! É poderosíssimo esse propósito. Quando eu empreender quero um negócio com essa força”
Ele falou sobre ética, algo como: “Se pensar e agir em prol do bem comum é ser ético, então, tomar decisões orientadas a interesses individuais é não ser ético. Tomar decisões excluindo conscientemente minorias é não ser ético. Negligenciar o seu potencial é não ser ético”.
Essa reflexão foi como um empurrão pra mim e comecei a sentir um chamado muito forte. Como fala Joseph Campbell, na Jornada do Herói, esse chamado emerge de dentro de você.
E toda vez que eu ia para Belém visitar minha família, via a floresta e sentia a floresta me chamando de volta. Eu brinco que a onça rugiu e eu voltei. Isso foi em 2011, conversei com a empresa, expressei minha gratidão por todas oportunidades, peguei meus bônus acumulados – e pedi demissão
Na minha transição de carreira, me preparei financeiramente para ficar 40 meses sem entrar nada no meu bolso, enquanto encontrava um caminho de empreender com impacto positivo. Tive muitas conversas, vários mentores – lideranças mais velhas que eu fui ativando na rede de relações que construí durante minha jornada executiva.
Em 2011 mesmo criei uma green venture builder: uma empresa que faz investimentos e desenvolve negócios tomando muito risco. A Hanei Green é uma holding de participação focada no desenvolvimento do território amazônico, algo que não existia na época em Belém, e a Horta da Terra é o primeiro negócio a ser concebido pela Hanei Green.
O que faz a Horta da Terra?
A Horta da Terra é uma empresa de plantas não convencionais amazônicas em pó, com propósito de promover a biodiversidade, destravando os poderes nutricionais, funcionais e medicinais dos ingredientes amazônicos para qualquer pessoa, e monitorando isso tudo com análises de DNA ambiental.
Atualmente vendemos sete ingredientes em pó: jambu, taioba, cariru, ora-pro-nobis, chicória amazônica e vinagreira, que é um hibisco amazônico.
Com esses pós se pode fazer chás, bebidas, shots, drinks, cosméticos, produtos farmacêuticos, adicionar valor funcional na sua crepioca, fazer molho funcional para massas, suplemento vegano de proteína – e inclusive produtos eróticos
Tudo depende da cultura do país. No Japão, por exemplo, as pessoas estão mais acostumadas a usar o pó como remédio. Pegam a erva em pó e jogam na boca sem água nem nada.
Fazemos esses produtos a partir de um sistema produtivo ecossistêmico, com boas práticas de agricultura regenerativa e sintrópica, adaptadas ao bioma amazônico, com plantas locais.
Somos uma naturetech e agroindústria. Temos uma fazenda própria e parceiros agrícolas, uma fábrica própria que processa essas plantas não convencionais e as transforma em pó. Isso junto com várias outras entidades internacionais e parcerias nacionais também
Temos uma parceria com a UFRA, a Universidade Federal Rural da Amazônia, na qual por meio de atividades de extensão, fomentamos a futura geração de profissionais regenerativos, através da transferência de conhecimento e tecnologias: agrônomos, engenheiros florestais e ambientais, tecnólogos de alimentos e outras atividades afins.
Mostramos que além dos trajetos lineares da economia como se conhece, existem outros caminhos que pensam de forma mais ecossistêmica em relação ao meio ambiente.
Esse projeto da Horta da Terra, eu tenho desde 2009, quando comprei um terreno de 40 hectares em Santo Antônio do Tauá [a cerca de 60km de Belém]. Mas virou uma empresa mesmo em 2016, concebida para ser um modelo de negócio replicado do Sudeste: produtos orgânicos, hortaliças, frutas, entregues em cestas por assinatura.
O ticket médio era alto porque atendíamos restaurantes, lanchonetes, refeitórios de indústrias. E aí quando começamos a ter uma resposta do mercado, recebendo nosso primeiro aporte de um fundo de investimento em 2020, o Mirova Natural Capital, cuja gestão agora é feita pelo Impact Earth, veio a pandemia: perdemos os nossos 60 clientes, e tivemos que nos reinventar.
Foi a virada de chave para passarmos a trabalhar com os sistemas regenerativo e sintrópico, e as plantas amazônicas. Percebemos que as plantas convencionais sofrem muito na Amazônia, e que as tecnologias e ciência para o sistema orgânico aplicados no Brasil levam em conta o contexto do Sudeste e do Sul do Brasil, e as hortaliças propícias para essas regiões: alface, rúcula, agrião, couve.
Foi meio irônico, porque a pandemia, um processo natural, trouxe uma resposta à perda da biodiversidade
Estávamos tendo todo esse trabalho de tentar trazer espécies exóticas para produzir na região amazônica em larga escala produtos orgânicos. Por exemplo, caía uma chuva torrencial, um toró amazônico, e a alface ficava toda desmantelada, triste, quebrada; mas o cariru, uma hortaliça adaptada ao contexto amazônico, estava lá, forte.
Quanto foi investido e como estão as operações da Horta da Terra atualmente?
Eu e os sócios diretos investimos, ao todo, 1,6 milhão de reais, isso sem atualização monetária. Do Amazon Biodiversity Fund investimos 3,850 milhões de reais na primeira fase, e recebemos 5,400 milhões de reais para investir na segunda fase. Ainda vamos receber outras parcelas deste contrato de empréstimo conversível em ações e associado ao desempenho da receita.
Agora estamos na segunda fase do projeto de investimento, recebendo um outro conjunto de tranches (parcelas) para poder dar continuidade à expansão. A primeira fase foi implantar o sistema produtivo e validar o modelo de negócio. Batemos as metas contratuais do investimento que foram acordadas junto com o investidor.
Implantamos a fábrica e o laboratório num contêiner de desidratação e liofilização das plantas em volume semi-industrial, uma solução para exponencializar o impacto socioambiental, porque poderemos levar esse contêiner, com todos os protocolos industriais, para as comunidades.
Com isso vamos poder transferir conhecimento e tecnologia, para que trabalhar no contêiner seja também uma alternativa de carreira high tech atraente para as novas gerações permanecerem no campo, perto de suas famílias
Estamos também expandindo para uma fábrica fixa em Belém para processar os ingredientes em pó, consolidar o tracionamento internacional de vendas, garantir contratos recorrentes com estabilidade de receita crescente futura, e adaptar o desenvolvimento de produto por país ou região no mundo – América do Norte, Europa e Ásia.
Até então tivemos o apoio do Centro Internacional de Agricultura Tropical suportado pela USAID, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional. Fazemos parte da Alliance Bioversity International e do Consórcio de Negócios Alimentares Regenerativos (NAR) – que mapeou 440 iniciativas ao redor do planeta e selecionou três com mais maturidade, uma delas é a Horta da Terra. Estamos muito envolvidos com a Fundação Ellen MacArthur.
Em 2021 faturamos 13 mil reais. Depois, 30 mil reais. Em 2023, 180 mil reais. E pretendemos fechar o ano em 1 milhão de reais. Ano que vem, a expectativa é alcançar o patamar de 10 milhões de reais com os contratos assinados que nós temos
O mercado internacional exige disponibilidade de produto, regularidade das entregas e padrão de qualidade. Investimos bastante na fazenda e na fábrica, para poder garantir esses três pontos.
Como são plantas não convencionais, ainda não tem cadeia produtiva para elas. A fazenda e a fábrica próprias são formas de garantir a segurança da disponibilidade e atender os contratos internacionais.
Para fazer negócios no Brasil vocês não enfrentam esse mesmo tipo de exigência?
No Brasil tem um pouco mais de flexibilidade quando se trabalha com pequena e média empresa. Principalmente na região Norte não se tem muita segurança desses compromissos contratuais.
Como muitas das cadeias produtivas não são organizadas, é comum ter o descumprimento de prazos e entregas, o que aumenta muito a complexidade de fazer as coisas acontecerem na região amazônica
Deu um problema no barco, então não consegue fazer a entrega… Choveu muito? Paciência. Combinei de buscar o produto amanhã, chega lá e a pessoa já vendeu para outro porque eu estava sem dinheiro para comprar comida no final de semana…
Existe o risco Brasil e existe o risco Amazônia, que dependendo da região, pode ser de 50% a 200% superior ao risco Brasil.
Você também é um dos fundadores da Amazônia B, uma aceleradora com foco em biodiversidade. Como está esse empreendimento?
Fundamos a Amazônia B em novembro de 2019, a partir de uma provocação do mercado, de entidades e grandes filantropos interessados em colaborar com esse ecossistema.
Recebemos um grant [bolsa/verba] através do Centro de Empreendedorismo da Amazônia, liderado pelo Raphael Medeiros, como diretor executivo, e conselheiros Beto Veríssimo e Adnan Demachki, para fazermos um estudo de mercado e entendermos qual seria o melhor modelo de negócio para uma aceleradora privada no ecossistema da Amazônia brasileira.
Fechamos uma tríplice aliança, com três entidades privadas, representando cada uma a Amazônia colombiana, a peruana e a brasileira. Fizemos um trabalho forte de prospecção de mais de 600 startups que já se relacionavam com a bioeconomia nessas regiões, para entender o estágio de maturidade de cada uma, como poderíamos agrupar essas empresas em segmentos e desenhar o nosso programa de aceleração.
Não dá para chegar com um programa pronto replicado de outras regiões. Incluímos a dimensão de impacto social e ambiental na avaliação do estágio de maturidade das aceleradas. E a compreensão de que esses negócios vão ter uma curva de crescimento diferente de, por exemplo, fintechs. Não dá para esperar resultados de negócios digitais em negócios de economia real
Conversamos com a Amazon Investor Coalition, por exemplo, para aproximar as fronteiras amazônicas internacionais, e fazer o desenvolvimento de ecossistemas de inovação e empreendedorismo integrando e pensando na Amazônia de uma maneira mais sistêmica. Muita coisa mudou de 2019 para cá, houve um ganho de maturidade bem relevante no ecossistema de inovação e empreendedorismo dos negócios da Amazônia.
Agora estamos na segunda fase da operação, envolvidos com a iniciativa Sinergia Investimento, dentro da Jornada Amazônia, um programa conduzido pela Fundação Certi e outros apoiadores, como a Darwin Aceleradora, que tem uma carteira de mais de 100 aceleradas no Brasil.
Aceleramos oito startups na primeira fase do Sinergia, estamos conduzindo a segunda fase e planejando uma terceira para finalizar até a COP30.
Como o mercado de capitais tem respondido a essa iniciativa?
Vejo que começou a ter alguns despertares, mas de modo geral quando se conversa com essas pessoas se vê que ainda há um distanciamento muito grande da compreensão dos mecanismos de desempenho dos negócios conforme as regiões do Brasil.
Tomar risco sentado na Faria Lima, pensando só no resultado de curto prazo, é muito confortável. Ou sentar lá nos grandes núcleos financeiros do planeta e dizer que não tem projeto para investir…
É muito confortável se posicionar nessa postura passiva e dizer suas condições para que os negócios se adequem ao seu formulário de risco. Mas essa não é a realidade do planeta – é a mesma coisa querer que a natureza se ajuste a você. São essas distorções de realidade que geram ignorâncias esdrúxulas de pessoas que estão tomando decisões e que são grandes influenciadores do capital
Todos nós somos responsáveis por essa transformação. O teu custo de alimento vai aumentar. Os desastres naturais vão aumentar. O sofrimento vai ser global.
Claro que as pessoas em condições financeiras mais desfavoráveis, ou em zonas de maior influência do clima, vão ser mais prejudicadas. Mas já estamos vendo os países mais ricos sofrendo com os desastres naturais, com desconforto térmico, a chuva atrapalhando mais o seu lazer. A indisponibilidade de alguns alimentos.
Hoje, 80% da alimentação do planeta está baseada em somente 12 alimentos, das cerca de 6 mil espécies de plantas cultivadas para alimentação humana. A biodiversidade é fundamental para equalizar as questões do clima – e a Amazônia representa 10% da biodiversidade planetária. Ou seja, sem a Amazônia a equação do clima não fecha
É muito mais fácil investir em uma startup de impacto no Sudeste: está próximo à realidade do investidor, ele pode visitar a qualquer momento. Na Amazônia, para visitar um negócio inovador que está desenvolvendo biotecnologias, pode ser necessário pegar um avião por quase quatro horas de viagem, depois um barco ou um carro e viajar mais algumas horas para dentro da floresta
Sobre isso, já escutei muito “ah, mas uma viagem dessas já explode o meu orçamento administrativo”. Então, tenham um orçamento administrativo maior para investir na Amazônia…
O mercado normalmente está muito orientado ao imediatismo. E isso não conversa bem com investimentos num território onde existe um patamar de risco acima do que se tem na região de São Paulo, por exemplo.
Como está sua expectativa para a Conferência das Partes sobre as Mudanças Climáticas, a COP 30, em Belém, daqui a um ano? Você vai participar com seus negócios?
Nunca fui em uma COP. Acho que será uma oportunidade de amplificação de resultados, dando voz à Horta da Terra junto com várias outras empresas que fazem coisas relevantes semelhantes. Provavelmente devemos estar presentes numa área de exposição de negócios locais; já gravamos um material institucional, mas ainda não está claro como vamos participar.
Queremos demonstrar que é totalmente possível viabilizar modelos de negócios que entregam resultados com impacto super positivo ambiental e social, promovendo a biodiversidade e regenerando efetivamente ecossistemas nessa jornada. E com um potencial extremamente exponencializável em termos de oportunidade para o capital em novos negócios de biodiversidade
Essa é uma mensagem muito importante de se passar nesse ambiente. Para a Amazônia B, acho que vai ser um momento de consolidação e de amplificação desse entendimento de que é possível fazer aceleração num ecossistema de inovação e empreendedorismo que está em desenvolvimento, com bioeconomia e circularidade.
Na perspectiva individual, como cidadão belenense, a COP vai deixar um legado de melhor infraestrutura e serviços, e a cidade conhecida no mapa. Agora, quando eu for a algum Fórum internacional e falar que sou de Belém, sede da COP30, mais pessoas vão conhecer.
E isso facilita, gera naturalmente autoridade, já muda a conversa e encurta explicações. Atrair atenção e aumentar o capital político do Pará no contexto global, por consequência, gera mais interesse de investimento em negócios.
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