Repare na quantidade de eletroeletrônicos que estão ao seu redor neste exato momento. Vale desde o computador, celular, fones de ouvido, até geladeira, televisão, microondas. Mais precisamente: tudo o que ligar na tomada. E, se incluirmos o que tiver pilhas, então, estamos falando praticamente da casa inteira. Agora pense na montanha de lixo tóxico ao meio ambiente que estes objetos formam quando são descartados. Para onde eles vão? Ora, organizar um destino adequado aos seus resíduos faz parte das obrigações legais dos fabricantes – no caso dos eletroeletrônicos, a maioria das empresas se uniu para manter uma entidade gestora, a Green Eletron, que faz toda a logística reversa de seus produtos, desde a coleta até o envio para recuperação de todo o material, que volta a ser matéria-prima.
“Atualmente, conseguimos reciclar e reutilizar como matéria-prima todo o material que coletamos. Este número é mais de 90%. Entretanto, nossa meta é mandar zero resíduos para o aterro – estamos pesquisando alternativas destes poucos materiais que não são aproveitados para transformá-los em combustíveis”, afirmou Ademir Brescansin, gerente executivo da Green Eletron.
O montante deste material que ele se refere é considerável: desde 2017, a entidade já coletou mais de 6 mil toneladas de eletroeletrônicos e mais de 2 mil toneladas de pilhas. Para este ano, a meta é ambiciosa: chegar a mais 4 mil toneladas de eletroeletrônicos coletados. São 9,3 mil Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) espalhados pelo Brasil.
COMO O TRABALHO É FEITO
A Green Electron contrata e coordena os serviços de coleta, transporte e a destinação final ambientalmente adequada dos eletroeletrônicos descartados. Assim, garante para as empresas associadas, que incluem gigantes como Apple, Accer, Epson, Samsung, entre outras, o atendimento às exigências legais.
Todo o trabalho é executado por meio de fornecedores parceiros – a entidade apenas faz a gestão.
“Nós contratamos empresas que operacionalizam o sistema. Tem a empresa que fabrica, a que instala, a que coleta, a que faz o transporte, a que recebe e depois manda para os recicladores de cada tipo de material. Nossa responsabilidade só acaba quando o material se torna novamente uma matéria-prima para a fabricação de novos produtos”.
Segundo o executivo, todo este processo, tem um custo altíssimo. No ano passado, o orçamento da Green Eletron foi de R$ 20 milhões. Por isso, as empresas fabricantes decidiram se unir para formar uma entidade gestora. “A legislação diz que a logística reversa pode ser individual ou coletiva – mas nunca vi alguém fazer sozinho, uma vez que as metas são as mesmas. Custaria muito caro fazer individualmente, melhor ratear. A empresa que coloca mais produtos no mercado contribui com um valor mais alto para a entidade, a métrica de pagamento é proporcional à quantidade de produtos, ou melhor, ao impacto que eles causariam se não fossem coletados”, explicou.
Para Brescansin, o principal desafio da entidade é a conscientização do consumidor final sobre o descarte correto. Por isso, a entidade lançou a campanha Eletrônico Não é Lixo, que atua pelas redes sociais, e que informa pontos de coleta, dá dicas para aumentar a sobrevida de produtos e explica quais os danos de jogar fora este tipo de material.
E AS PILHAS?
O mais recente desafio abraçado pela Green Eletron foi a coleta e o reaproveitamento de pilhas, iniciado em 2018. “A coleta é mais fácil, pois é um produto leve e temos parceiros como a maioria das grandes redes de farmácias, que disponibilizam pontos. A complexidade é fazer o consumidor levar as pilhas em lugares de descarte corretos”, lembrou Brescansin, observando que todos os materiais contidos em uma pilha são reaproveitados. “Tudo que está ali pode se tornar um novo produto. Até a casquinha externa é reaproveitada, vai para a siderurgia. Na pilha, nada vai pro aterro”.
A educação é uma das apostas da entidade para mudar este cenário. Em 2022, a Green Eletron fechou várias parcerias para incentivar a educação ambiental entre crianças e adolescentes. Uma delas foi a parceria com a Agenda Geek, que propôs uma gincana de coleta de resíduos eletrônicos entre 20 escolas de São Caetano do Sul (SP) em conjunto com aulas sobre o tema. Houve também o lançamento do selo Descarte Green com o objetivo de ajudar os consumidores a conhecerem as marcas que se comprometem e apoiam a logística reversa dos produtos pós-consumo. Até o momento, 11 marcas aderiram. São elas: Agis, Arris, Br55, Elgin, Epson, Fagundez, FAME, Mazer Distribuidora, Rayovac, SND e Solid Power Importação e exportação.
“Vamos até o fim: tudo tem que ter um tipo de recuperação, não queremos nenhum material no lixo”.
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