“Meu app entrou no ar e falhou duas vezes, mas não desisti. Ainda quero lutar pelo que acredito”

Carla Ribeiro - 2 jun 2017Em um relato sincero sobre os muitos erros cometidos na aventura de lançar um aplicativo, Carla Ribeiro conta o que aprendeu.
Em um relato sincero sobre os muitos erros cometidos na aventura de lançar um aplicativo, Carla Ribeiro conta o que aprendeu.
Carla Ribeiro - 2 jun 2017
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por Carla Ribeiro

Resiliência…

Sei bem o que é isso.

Em março de 2015, em um dia comum de trabalho, com minha insatisfação permanente de querer fazer algo em que eu acredito, que fizesse diferença na vida das pessoas, tive uma ideia. Obviamente que essa ideia não pulou no meu colo, não foi algo tipo: “Eureka!”. Mas veio de uma necessidade, de uma dificuldade! Relacionamentos.

Não sou novinha. Dizem que sou da geração X, usei chat, mirc, icq e, mais recentemente, os aplicativos. Uso como você e como alguém que os planeja, prototipa, pois sou arquiteta de informação e nunca, nunca me encaixei em nenhum dos apps de relacionamento existentes no mercado.

Fizemos pesquisa quantitativa, qualitativa, enfim, tudo o que manda o figurino. Seguimos todos os 10 mandamentos das startups. E chegamos à conclusão que a minha dor não era só minha. Havia muitas outras pessoas que também não se encaixavam, que se sentiam flutuando ao vento e sem direção.

Nessa fase, baixei mais de 25 aplicativos de relacionamento, estudei, avaliei e usei cada um e cheguei ao problema que eu queria resolver, nesse mundo que você é jogado para direita e para esquerda, sem ao menos poder dizer um oi.

Embarquei sozinha na ideia de fazer meu projeto nascer.

Foi um ano trabalhando todos os dias após o expediente, finais de semana e abrindo mão de vida social — e de ter um relacionamento amoroso mais saudável, já que eu mal saia de casa. Controverso, não?

Aventurei-me apresentando a ideia em um PDF para algumas pessoas e o retorno foi positivo.

Arregacei as mangas, tive apoio da minha família e procurei desenvolvedores próximos para desenvolverem o MVP e… não deu certo. Não havia comprometimento necessário. Passei a procurar empresas e encontrei uma que dizia ajudar startups que não tinham desenvolvedores ou alguma etapa do projeto.

Fiz dívidas com familiares e também no banco, pois estava convicta de que esse era o caminho. Contratei uma empresa fora do estado e… foi mais uma decepção.

Mesmo assim, lançamos o app e em dois dias tivemos 7 mil acessos. Seria um motivo lindo para sorrir, se ele não tivesse dado milhões de erros — a ponto de não haver nem uma interface gráfica visível: só erros e mais erros. Só me restou retirá-lo da loja.

Não me dei por vencida.

Falei da ideia com novas pessoas que, hoje, são meus sócios. Refizemos todo o aplicativo, do zero, tanto o layout quanto a programação, só mantivemos o nome: joinder.me.

Todos acreditando no projeto, certos de que iria dar tudo certo.

Bem, não foi bem assim…

Aprendi que fazer planos com datas não dá certo. Não nessa atividade. Milhões de imprevistos acontecem e é preciso respirar fundo, resolver uma coisa por vez, seguir em frente e passar a se antecipar aos problemas sempre que possível

Lançamos novamente agora, em fevereiro de 2017, ficamos quietinhos, queríamos fazer mais testes e aproveitar o fluxo orgânico e só divulgar à mídia quando estivesse 100%.

Mas, como eu disse, imprevistos acontecem.

Saímos em uma reportagem de um veículo de comunicação grande e, em algumas horas, 10 mil pessoas entraram no joinder.me e o app ficou em loading eterno. Mais uma vez, eu vivia a mesma enrascada. E tive que dar, novamente, outro passo atrás.

Retiramos da loja, nos reunimos e pensamos:

O que fazer agora?

Não havia o que ser feito. Precisávamos aumentar o banco de dados e fazer mais ajustes no aplicativo. Mas como? De onde tirar mais dinheiro?

Em momento algum passou pelas nossas cabeças desistir, de fato, do aplicativo. Conversamos, fizemos uma nova parceria, com uma pessoa que também acredita no app e deu a ideia de criarmos uma campanha de crowdfunding para levantar o valor necessário para as melhorias.

Você pode estar perguntando… Mas por que tanta insistência? Porque mais um app de relacionamento?

E eu respondo o seguinte:

Meu app entrou no ar e falhou duas vezes. Mas não desisti. Aprendi que uma das coisas mais gostosas e vibrantes da vida é lutar pelo o que você acredita. Eu acredito no amor. Acredito que esse sentimento é capaz de curar e mudar as pessoas para melhor. Que é através dele que vem o perdão, a aceitação e a maturidade de cada um.

O joinder.me, não é mais um aplicativo de relacionamento, ele é um aplicativo de amor, de autoconhecimento e que vem para unir as pessoas, para levar o amor aonde ele for necessário, sem ver cor, religião, credo, gênero ou o que for.

E é por acreditar nisso e ver em cada retorno que tenho em emails, nas lojas e no inbox do Facebook que vejo que estou no caminho certo, que há espaço para nós.

O aprendizado que ficou até aqui, é que planejar é preciso! A parte financeira, a área de TI, estudar, estudar, estudar tudo o que for preciso para se sentir seguro nos mares nunca antes navegados, mas o mais importante: acredite na sua ideia, se você sente que ainda tem gás e que há demanda, não desista! Você pode estar desistindo a poucos metros da praia.

Agora, só resta trabalhar muito pela campanha de financiamento que está no ar e deixar que o universo mostre o nosso destino.

 

 

Carla Ribeiro, 40, é formada em Design Gráfico e Publicidade. Trabalha na área digital há mais de 10 anos, como designer de interface e arquiteta de informação sênior. Passou por UOL, Terra, IG, Agência Click Isobar, entre outras.

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