Sempre fui uma criança orientada a atender os padrões e expectativas dos adultos. Ser o melhor aluno da sala, o filho perfeito e o garoto bonzinho.
Nunca fui incentivado a errar e aprender com os meus erros. Vejo que isso me trouxe grandes dificuldades na vida adulta. Muito medo de falhar, de não ser aceito pelas pessoas, pela sociedade e até mesmo pela minha própria família
Essa questão se mostrou muito forte quando quis mudar de vida, migrar de carreira — de um bancário frustrado para trabalhar com o que realmente toca meu coração: o desenvolvimento humano, a escalada e a conexão com a natureza.
Meu processo de crescimento foi todo pautado em normas e regras. “Faça isso, faça aquilo”. Mas em nenhum momento em: “O que você pensa disso? O que você sente com essa decisão?”.
Ao mesmo tempo, sempre fui uma pessoa conectada com a energia de rebeldia dentro de mim. Rebeldia no sentido de criar o meu próprio destino.
Fugia dos padrões e cheguei, inclusive, a fugir da escola. Havia em mim uma tendência em fazer as coisas ao contrário do que as pessoas queriam que eu fizesse.
Não sei se era uma defesa, mas hoje isso faz total sentido. Eu já era quem realmente eu sou, um buscador de aventuras, um buscador do próprio caminho.
Quando fiz 18 anos, entrei no velho e conhecido dilema: o que farei da vida? Qual curso irei escolher? Qual será a faculdade?
Na época, meus pais eram proprietários de farmácia e quase me tornei farmacêutico, porque eles queriam que eu seguisse o mesmo caminho.
Mas acabei escolhendo engenharia ambiental, que graças às forças divinas larguei após um ano de curso.
Me disseram que seria uma das profissões mais remuneradas no século e eu caí nesse condicionamento de escolher o meu destino por dinheiro.
Ainda bem que não durou. Achei o curso extremamente chato e sem sentido. Parecia que tinha voltado ao ensino médio novamente. Apesar de matérias mais complexas e difíceis, não senti nada de transformador ou motivador.
Depois da breve experiência na faculdade, resolvi trabalhar em uma usina de cana de açúcar, contrariando muita gente da minha família
Eles queriam me ver nos padrões tradicionais, o filho exemplar, estudioso, em um cargo gerencial de uma grande empresa e com muito sucesso financeiro.
Apesar das críticas, eu gostava muito desse novo trabalho, pois era afastado de São Paulo, dentro de uma fazenda. Ou seja, eu estava mais perto da natureza.
Esse processo também durou um ano, quando resolvi pedir as contas e voltar à faculdade. Desta vez me matriculei no curso de administração, com foco em gestão empresarial.
Um tempo depois, meu pai conseguiu me indicar para um processo seletivo em um grande banco. Me desenvolvi e aprendi muito durante os sete anos que trabalhei no sistema bancário. Tive muitos aprendizados e amadurecimento profissional.
Entretanto, essa experiência me fez perceber mais claramente como eu estava escravizado dentro de um sistema que não valoriza nem 1% o ser humano, mas sim o lucro e os números
Em um certo momento, percebi que algumas condutas que eu era obrigado a seguir por parte da empresa estavam invadindo os meus valores.
Esse foi um dos motivos principais que me fizeram sair e começar a traçar o meu próprio caminho. Eu não queria ser corrompido.
Quando saí do banco, realizei o meu grande sonho: me mudei para Florianópolis. Fui buscar um novo estilo de vida, mais contato com a natureza, novas amizades e possibilidades
Apesar de ter me sentido leve com essa mudança, alguns desafios em minha adaptação me fizeram quase desistir e voltar para São Paulo.
Nos primeiros anos, trabalhei em algumas empresas e, por mais que estivesse morando onde sempre sonhei, me vi novamente preso a um sistema.
Por mais que fossem empresas diferentes do setor bancário, a conduta em relação ao ser humano era a mesma. Com as mesmas histórias e mentiras, a mesma necessidade de “puxar o saco” do gerente para subir de cargo ou dar risada da piada chata e preconceituosa do chefe para se dar bem no networking.
Me senti muito perdido, desorientado, sem rumo pois não estava encontrando contentamento em minhas atividades de trabalho e relações com as pessoas desses ambientes.
A meditação entrou em minha vida quando comecei a pesquisar técnicas de produtividade.
Inicialmente, resolvi aprender a meditar por conta própria. Porém, depois de um certo tempo, procurei uma escola de yoga para refinar minha técnica.
Para minha surpresa, essa mesma escola havia acabado de inaugurar uma nova aula chamada Climb Yoga, uma mistura de escalada e filosofia do yoga.
Fiz uma aula e foi conexão total. Lembro de chorar em casa depois da primeira aula. Fiquei muito presente depois dessa experiência e sem entender ao certo o que estava acontecendo comigo
Durante as outras aulas tive a confirmação de que aquilo era o que eu estava buscando. Tinha encontrado a minha paixão.
Um tempo depois, fiquei amigo do meu professor, o Eduardo. E ele me deu a incrível oportunidade de trabalhar e me desenvolver nesse novo universo do yoga.
Decidi sair do meu emprego da época e entrar de corpo, alma e coração nessa nova aventura. Foi assim que em pouco tempo, depois de uma formação, me vi ministrando aulas de Climb Yoga.
Quando comecei a ministrar aulas, tinha ainda poucos alunos, sendo obrigado a arrumar um outro emprego para me manter.
Comecei a trabalhar como lavador de pratos em um restaurante vegano perto de onde eu dava as aulas. A experiência foi incrível. Eu não queria voltar de nenhuma forma para empresas tradicionais ou cargos gerenciais.
Foi um trabalho que me fez acessar muito a humildade e o respeito às pessoas que estão sempre arregaçando as mangas por trás das tarefas que não percebemos
Apesar de corrido, fui muito feliz. Lembro até hoje de colocar meus fones de ouvidos e lavar a louça. Eu fazia tudo muito bem e rápido!
Fiquei cinco meses nesse restaurante e, depois de conseguir mais alunos, pedi as contas e saí com muita honra.
Ao adquirir um pouco mais de estabilidade, dei início a várias formações profissionais, como em Yoga, Ayurveda Pessoal, Massagem Ayurvédica, treinamento avançado em meditação, curso básico e avançado de escalada e curso internacional WMAI de primeiros socorros em zonas remotas (válido em todos os sete continentes).
Participei ainda de dois programas internacionais poderosos de autoconhecimento, o Primal e o Path Of Love. Foi um tempo de muito estudo e entrega no aprimoramento pessoal.
Desde o início dessa nova fase, tenho focado em me conhecer melhor, eliminar padrões repetitivos e condicionamentos, purificar meu corpo e minha mente, levando todo esse conhecimento para meus alunos.
Depois de algum tempo, rolaram alguns conflitos de interesses e desentendimentos entre mim e meu amigo Eduardo.
Acredito que não soubemos separar muito bem nossa amizade com a parceria de trabalho. Diante desse novo desafio, resolvemos, de forma consciente e respeitosa, encerrar nossa parceria
Confesso que não foi fácil, mas necessário, tanto para mim quanto para ele. Nós crescemos com essa decisão e continuamos amigos e parceiros de escalada hoje em dia.
Com toda a experiência que adquiri ministrando aulas e percebendo certas necessidades dos alunos em relação à saúde e vitalidade, criei um programa chamado Origens.
Trata-se de um processo altamente estruturado em que o participante passa por diferentes experiências na natureza envolvendo a escalada, meditação e outras práticas de autoconhecimento.
Depois de observar os efeitos duradouros na saúde dos alunos dentro do programa, impactando positivamente várias áreas como os relacionamentos, carreira, energia e bem-estar, surgiu a ideia de fundar a minha própria escola de desenvolvimento humano.
Hoje, a Climb 4 Life é uma escola que oferece experiências de exploração interna para o aprimoramento pessoal, através da escalada, meditação e outras práticas naturais de cura
Colaboramos com o acompanhamento personalizado no processo dos alunos de se conhecerem melhor e se tornarem mais amigos de si mesmos.
Nossa missão é encorajar as pessoas a abrirem mão do que não precisam mais — crenças, conceitos e estilos de vida ultrapassados.
Eu consegui deixar o que não precisava mais para trás e te convido a fazer o mesmo. Hoje, sonho viajar pelo mundo e conhecer setores incríveis de escalada e centros de meditação, sempre explorando, me aprimorando internamente e compartilhando essa evolução com os alunos.
E a Climb 4 Life poderá ir comigo para onde eu for, pois é uma escola outdoor. A sala de aula é na natureza!
Nascido em São José do Rio Preto (SP), Ricardo Gonz, 36, se define como um buscador de novas possibilidades. Após ter experimentado diferentes formas de levar a vida, envolvendo mudança de carreira, hábitos, reconexão com a natureza, meditação e escalada, fundou a escola Climb 4 Life, em 2021.
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