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“O desafio é entregar uma experiência que gere resultado financeiro da inovação”

Bruno Leuzinger - 13 set 2018
Juliano Seabra: para além da aceleração, o iDEXO quer gerar negócios conectando grandes empresas e startups.
Bruno Leuzinger - 13 set 2018
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“Resultado” é uma palavra que desponta bastante na fala de Juliano Seabra. Há 15 anos (foram nove à frente da Endeavor), ele atua no fomento a empreendedores, e aprendeu a ver através da “espuma” do hype que, evoluções à parte, encobre hoje o ecossistema de inovação e empreendedorismo no país.

Agora, Juliano aplica esse currículo e esse olhar em um novo desafio: desde maio, ele é o diretor do iDEXO, uma plataforma de coinovação entre grandes empresas e startups que tem a TOTVS como uma de suas associadas-fundadoras.

A proposta do iDEXO, conforme Juliano explica na primeira parte da nossa entrevista, é simplesmente entregar uma experiência inédita no Brasil: a partir de “dores” reais de grandes empresas, o iDEXO quer facilitar múltiplas oportunidades de desenvolvimento de negócios com startups, com foco na geração (concreta) de resultados.

O que a TOTVS e o Laércio Cosentino [CEO e fundador da TOTVS e idealizador do iDEXO] querem com o iDEXO?

Para explicar a jornada do iDEXO, precisamos explicar a jornada da TOTVS, sua associada-fundadora. A TOTVS passa por um processo de transformação digital muito interessante: após construir a maior empresa de tecnologia do Hemisfério Sul, está basicamente convertendo um modelo tradicional de negócios, de venda de softwares, licença, para um modelo de plataforma Saas de subscrição capaz de oferecer para os clientes uma experiência mais forte de software de gestão, ao mesmo tempo em que garante um diálogo com soluções que estão acontecendo no mercado.

Era necessário um mecanismo de envolvimento com o ecossistema de inovação fervilhando do lado de fora. Por quê? Porque se você quer ter uma empresa aberta, com soluções únicas capazes de serem complementadas por dezenas, centenas de empreendedores, você precisa criar um mecanismo de relacionamento formal com eles. E esse mecanismo, essa comunidade de inovação, é o iDEXO: uma porta por onde empreendedores, desenvolvedores, startups podem se relacionar com os roadmaps e as possibilidades de inovação que uma empresa grande permite.

Para a TOTVS, construir um caminho de inovação aberta se relacionando com esse ecossistema é o meio mais rápido para oferecer ao seu cliente final produtos mais alinhados com a realidade que ele vive hoje, customizados na sua capacidade de oferecer soluções diferentes. E a partir daí tem-se uma oferta muito mais relevante de produtos que simplifiquem a vida de qualquer empreendedor no Brasil.

Essa é a lógica que direciona o iDEXO: como uma empresa em transformação é capaz de capturar essa hype do ecossistema e transformá-la em resultado para os dois lados – para a companhia que precisa acelerar seu processo de inovação e o empreendedor que vê numa corporação a oportunidade de ganhar mercado e se fortalecer muito mais rapidamente do que ele conseguiria com as próprias pernas.

O iDEXO não pretende ser uma aceleradora nem coworking, mas um hub para o desenvolvimento de negócios. Na prática, o que isso significa?

Falamos que somos destravadores. Na prática, significa que uma empresa grande com uma oportunidade de inovação que ela não dá conta de transformar em realidade pode se aproximar do iDEXO para nós encontrarmos no mercado quais são os empreendedores, as startups, os makers que têm potencial para entregar essa solução.

Promovemos a conexão do empreendedor com sua ideia, sua capacidade de inovação focada naquele produto ou serviço, e a empresa grande, que tem mercado, clientes, estrutura, marca, para que essa conexão gere resultado para dois lados. Que tipo de resultado? Mais vendas, um produto novo, investimento…

É muito difícil para empreendedor ganhar mercado sozinho. E é muito difícil para uma empresa grande resolver seus problemas e seu roadmap de inovação sozinha, porque ela tem que cuidar aquilo que paga as contas todos os dias. Então juntar essas duas coisas é absolutamente fundamental para a geração de resultados.

Não somos uma aceleradora clássica porque não pegamos um negócio para simplesmente deixá-lo pronto para um pitch ou uma rodada de investimentos. E não somos um coworking clássico porque não vendemos baia ou espaço físico.

O iDEXO é um espaço de desenvolvimento de negócios para transformar oportunidades em realidades. Ou seja: garantir que a visão do empreendedor seja desenvolvida numa velocidade muito maior porque agora ela estará plugada na capacidade de inovação, venda e entrega de uma empresa grande que tem dores muito parecidas e que podem ser resolvidas por esses empreendedores.

Para além do match-making, da aceleração e do coworking, vamos sentar com os dois lados, remover aquilo que bloqueia a inovação de acontecer na prática e trabalhar para no fim do dia termos contratos, dinheiro entrando para a startup, dinheiro novo entrando para a empresa grande… Trabalhar para que esse modelo se torne referência para o que formos construir de corporate venture no Brasil. No iDEXO, temos o desafio de entregar uma experiência que gere resultado financeiro da inovação, na ponta. Uma experiência que ainda não existe no Brasil.

O que o iDEXO oferece às startups e às empresas grandes?

Começando pela empresa grande: o que oferecemos de diferente? Temos um modelo quase de “Lab as a Service”, com uma capacidade contínua de aprender com as oportunidades de inovação que existem nas grandes empresas e ajudá-las a se conectar no mercado de startups para desenvolver oportunidades. Ou seja, quanto mais eu aprender, quanto mais eu gerar insights sobre a capacidade de inovação de uma determinada empresa associada, mais oportunidades consigo gerar para ela mesma e para as startups que estão do lado de fora.

Criando uma analogia, nosso trabalho é quase evitar que haja uma rejeição quando você coloca esse “corpo estranho” que é uma startup dentro de um organismo enorme como o de uma grande empresa. Preciso garantir que ele seja absorvido e que isso gere uma nova dinâmica de resultado.

Para as startups, é evidente o que temos a oferecer. Nossos associados têm uma base de clientes enorme, ou seja, uma cauda longa potencial imensa. A startup está lutando todo dia para desenvolver, entregar, lidar com problemas de sócios, atração de gente…. Qual o ganho significativo que eu posso ter ao me conectar de verdade com empresas maiores, gerar resultado com empresas maiores? Vou ganhar no meu desenvolvimento comercial, vou crescer mais rápido, vou fortalecer minha marca, vou atrair mais bons profissionais, vou ser mais atrativo para fundos…

O que você diria a um CEO interessado em associar sua empresa ao iDEXO?

Se você já sentiu a dor da inovação, seja porque precisa inovar seu modelo de negócios, seja porque está sentindo que a inovação é algo que precisa estar mais perto do seu dia a dia, o iDEXO pode ser o caminho mais curto para te ajudar a entender esse mundo e entregar resultado.

Vemos muitas grandes empresas construindo seus programas, mas depois vem o dia a dia, a dificuldade de atrair startups e se relacionar com elas… Nós podemos ajudar compartilhando time, estrutura física, pipeline de empresas, metodologia de business development… Ao compartilhar isso entre muitos, podemos construir uma história de resultados mais rápida e mais efetiva para uma empresa grande que está querendo inovar, por visão ou por necessidade – porque o mercado está ali “cutucando” para o desenvolvimento de uma inovação, já.

Você teve uma carreira vitoriosa como diretor da Endeavor no Brasil. O que te levou a aceitar o convite para dirigir o iDEXO?

O Laércio [Cosentino, CEO e fundador da TOTVS e idealizador do iDEXO] foi presidente do Conselho da Endeavor, alguém que tive a sorte de conviver profissionalmente por muitos anos. Quando ele veio com a iniciativa do iDEXO, para mim surgiu uma oportunidade muito legal de viver o outro lado da mesa: depois de anos apoiando empreendedores com seus dilemas de negócios, como eu consigo apoiá-los agora para geração concreta de negócios no fervilhante mundo do corporate venture? Como construir experiências que vão dar resultado para esse ecossistema?

O problema é que, por mais que tenhamos evoluído, ainda não somos Israel, ainda não somos o Vale do Silício, onde você tromba com uma startup promissora em cada esquina. Somos um ecossistema em transformação e em fortalecimento. Se cada corporação fizer a sua iniciativa [sem se conectar com as demais], não vai rolar. Não vai ter empresa boa para todo mundo, não vai ter possibilidade de conexão… Começam a surgir uma série de distrações para os empreendedores. E eu acredito que temos que criar um modelo de conexão que gere resultado real, no balanço.

Então, quando surgiu a oportunidade de juntar os dois mundos, eu decidi agarrar porque acho que falta ainda essa peça no Brasil. Esse desafio me encantou. E, com ele, uma admiração enorme pelo empreendedor Laércio. Poder acompanhar de perto um dos poucos empreendedores brasileiros que construíram uma empresa do zero e levaram a 2,5 bi de faturamento em trinta anos, com oito mil funcionários, capital aberto na bolsa, internacionalizada… E um empreendedor que está com tesão de transformar sua própria companhia e pivotar o seu próprio negócio?! Putz, essa é uma oportunidade que eu gostaria de viver.

Como as competências adquiridas em sua passagem pela Endeavor podem ser aplicadas nesse novo cenário?

A Endeavor me ajudou muito a sair do mundo da “espuma” do empreendedorismo. Aprendi o que é empreendedorismo que gera resultado, o que é escala, como as empresas crescem…Eu venho do ecossistema de scaling-up, de empresas que já se construíram, que já tiveram um pedaço da sua jornada, então tenho capacidade de olhar de forma mais crítica para esse processo de construção e peneirar melhor o que funciona e o que não funciona para um empreendedor se desenvolver.

Tantos anos de Endeavor me ajudaram a construir uma rede de investidores, mentores, empreendedores, para aproximar as pessoas certas. Quem pode me orientar sobre um negócio com potencial? Quem são os empreendedores mais promissores que podem ter sinergia com a TOTVS ou o Banco ABC ou a Soluti ou outra empresa que se torne uma associada do iDEXO? Essa visão não é da minha cabeça, mas de uma jornada de histórias e conexões que fiz na minha trajetória.

Ao mesmo tempo, eu não acredito em super-heroi, em alguém que vai lá, senta e resolve. Temos aqui um time com uma enorme vontade de fazer acontecer. Então juntando esse time com a minha experiência e mais empresas grandes com vontade de aprender e inovar junto com startups, além de startups a fim de fazer negócios com essas empresas grandes, temos um “caldo” aqui com um potencial de impacto gigantesco – não só para os atores envolvidos, mas para o país.

Qual é o seu sonho particular para o iDEXO?

Quero ver o iDEXO como personagem importante da história de dezenas de empreendedores faturando dezenas, centenas de milhões de reais porque conseguiram aproveitar o que os dois lados têm de melhor: a startup inovadora, ágil, e a grande empresa com um legado de base de clientes, estrutura, reputação, que permite que essas conexões realmente aconteçam.

Ao construirmos isso de forma que gere resultado para os dois lados, temos uma experiência para o empreendedor brasileiro muito além de aceleração, de mentoria – um programa de geração de negócios.

 

 

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