Por Ligia Costa
“Me dou o direto de recusar serviço a qualquer pessoa.” No dia em que li esta frase, no fim de 2013, aos 36 anos, minha vida mudou completamente.
Quatro meses antes, dia 1 de setembro, eu viajava para Nova York. Cinco dias depois iria para Londres participar de um encontro com líderes regionais de marketing e logo voltaria para o Brasil. Em apenas sete dias, havia cruzado América do Norte, Europa e América do Sul. Era apenas mais uma viagem de rotina. Afinal, cruzar oceanos em um curto espaço de tempo era bastante comum em minha vida desde 2009.
Porém, o retorno desta viagem foi diferente. Dois dias após desembarcar, no fatídico 11 de setembro, fui convocada para uma reunião. Na sala, estavam o vice-presidente de Marketing, o vice-presidente de Recursos Humanos e o Jurídico: fui demitida.
Sentimentos contraditórios passaram pela minha cabeça naquele momento. Ao mesmo tempo que me senti honrada por não fazerem a dispensa pelo telefone (o que é muito comum em empresas globais), percebi que estava arrasada, pois meu dia havia chegado.
Estava aliviada por sair de um lugar que já não me fazia mais feliz, mas muito triste e envergonhada, pois nunca tinha enfrentado uma demissão
A realidade era que, a partir daquela data, pela primeira vez na minha vida, após 18 anos de uma carreira sólida como executiva de marketing, eu estava desempregada. Não teria mais rotina nem para onde ir quando acordasse no dia seguinte.
Tentei abandonar praticamente todos os hábitos que me lembrassem aquela fase. Assumi integralmente o meu trabalho de mãe, afinal era hora de estar mais presente do que nunca com minha família e filhas. Porém existia apenas uma rotina que não pude abandonar de imediato: as idas à fisioterapia em função de uma hérnia cervical adquirida nos últimos anos e ao cardiologista que me ajudava no controle da redução do colesterol que nunca esteve tão alto.
“Ligia, você está proibida de aceitar qualquer proposta de emprego nos próximos três meses. Você precisa entender o que você quer. Você merece um tempo.” Ouvi esta frase do Beto, meu marido, na semana seguinte após minha demissão.
Na manhã daquele dia recebi a ligação de um head hunter que me ofereceu um salário monstruoso para ser diretora de uma empresa com duzentas pessoas abaixo de mim. Aquela oferta confortou o meu ego, mas ao mesmo tempo fui tomada por um pânico só em imaginar que estaria sendo aprisionada novamente.
Aqueles dizeres (“você merece um tempo”), me encorajaram a recusar a proposta. Me permiti, nos meses que se seguiram, dedição integral à mim, minha família e aos amigos.
Em dezembro de 2013, quase três meses após a demissão, tirei as primeiras férias da minha vida em que eu estava literalmente de férias. Eu estava muito feliz, contemplativa, me sentindo plena por estar com o meu marido e com minhas duas filhas na Califórnia por quase 30 dias. Era um privilégio. Viajávamos sem compromisso, sem pressão, sem ter que ler emails, sem ter que atender a reuniões “importantes”. Eu estava apenas de férias. Só ali, curtindo cada dia, cada lugar, cada por do sol.
No percurso de São Francisco à Monterey, pela Highway One, paramos em um mirante para observar a migração das baleias. Após alguns minutos, atravessamos a estrada para tomar um café em um pequeno bar. Ocupamos uma mesa bem pequenininha em frente ao balcão cheio de doces maravilhosos onde pedimos cafés e muffins de blueberry.
De repente, passei a observar a atenciosa senhora que estava no caixa, administrando cautelosamente as finanças do estabelecimento. Acima de sua cabeça havia uma placa com os seguintes dizeres: “We reserve the right to refuse service to anyone”. (“Nos reservamos ao direito de recusar serviço a qualquer um”, em tradução livre.)
A frase naquela mini placa suja e antiga, se transformou no mantra que mudou minha vida. Nunca, uma frase fez tanto sentido como aquela naquele momento.
Para mim foi libertador ver que os donos de um mini bar de estrada se posicionavam daquela forma perante aos seus clientes e, EU…nunca havia me permitido, ou melhor, nunca soube que teria o direito de recusar serviço a alguém.
A cultura brasileira e latina é subserviente. Somos incentivados a dizer “sim” sempre, para tudo e todos. Damos sempre um jeitinho e nos condicionamos a agradar aos outros, e não a nós mesmos
Muito discretamente, fotografei a placa. A partir daquele dia, não consegui mais pensar em outra coisa a não ser que “aquilo” seria o meu novo lema. Dali em diante, reassumiria meu poder pessoal e não faria mais nada que não estivesse alinhado com meus valores pessoais e objetivos de vida.
“Eu sou o que faço, eu faço o que sou.” Compreendi que EU e o meu novo passo profissional seríamos apenas uma única pessoa. Compreendi que não abriria mão de educar minhas filhas, nem de estar perto da minha família por emprego convencional nenhum. Compreendi que minha paixão e habilidade está em inspirar, liderar, provocar e impactar positivamente as pessoas.
Compreendi que meu trabalho precisava ter significado. Eu não queria acordar para apenas cumprir protocolos, e sim para transformar. Compreendi que todo o meu conhecimento e formação são apenas ferramentas e técnicas, que me fortalecem e geram segurança para que eu possa exercer minha missão com excelência.
“Estamos passando da era da tecnologia para a era da humanização. A grande dificuldade da humanidade no momento é a falta de foco. O mundo está globalizado, temos acesso a tudo a qualquer hora, porém enquanto não entendermos o que estamos buscando, continuaremos perdidos”.
Este foi o principal insight que tive, em setembro de 2014 — portanto um ano depois de ser demitida —, quando assumi efetivamente meu novo papel. Passei de executiva a empreendedora e fundei o Thank God it’s Today.
Acredito que todo dia é dia de aprender tudo que a escola não nos ensinou para termos uma carreira e vida de sucesso
Notei que as pessoas estão sempre esperando o momento ideal, o dia perfeito, sonham em ganhar na loteria, esperam o próximo bônus, a casa dos sonhos, o príncipe encantado, a mulher perfeita. A grande maioria delega seu poder pessoal aos chefes, parceiros, postergam casamentos, maternidade, ficam esperando o superior definir seu próximo passo profissional … Viver na espera é comum e muito mais fácil.
Quantos desenham metas inalcançáveis ? Ou melhor (pior), nem metas têm? O avanço tecnológico, por sua vez, chegou para mudar o comportamento e hábitos da nossa geração. A mesma geração que se perdeu completamente em função de tantas opções e precisa redescobrir-se urgentemente.
Thank God it’s Today surgiu porque acredito que o dia perfeito é hoje!
A melhor hora é agora! O lugar é este e não podemos esperar! Hoje é, e sempre será o grande dia para buscarmos nossos sonhos e darmos o primeiro passo.
TGI Today surgiu para encorajar, inspirar a todos, e relembrar que hoje é o grande dia para você resgatar o seu poder pessoal, compreender a si próprio, reavaliar valores importantes para seu momento de vida.
O mundo mudou, não temos mais tempo para viver infelizes ou doentes, somos sim 100% responsáveis por nossa história. Chega de conformismo, de protagonizar o papel de vítima. É hora de liderar a sua própria história, sua carreira, a sua vida!
Hoje, sou empresária, fundadora do Thank God it’s Today. Acredito que é através do indivíduo que transformaremos o coletivo. Por isso, trabalho com pessoas e empresas. Em 2015, criei a TGI Today Business Academy que é uma Escola de Estratégia Pessoal, Marketing e Business para pessoas inovadoras que sonham em viver e trabalhar com mais significado além de, logicamente, gerar lucro.
A proposta do Business Academy é ampliar a consciência de cada indivíduo, que compreenderá o novo momento do mundo, seus valores, habilidades individuais e se responsabilizará em contribuir, seja em sua profissão ou em um novo projeto de forma mais efetiva, única, autêntica, imprimindo a sua marca pessoal.
O Business Academy é arrojado. Não é um programa convencional, não segue modelos acadêmicos tradicionais (até porque não sou pedagoga, nem tenho habilitação formal de ensino).
TGI Today tem como filosofia a experiência, o storytelling, as vivências, os fatos e cases de sucesso suportados com muitos anos de estudos e com inovadoras técnicas de marketing digital, business, design thinking, empreendedorismo criativo, modelos de negócios, gestão financeira, neurolinguística, inteligência emocional, espiritualidade, técnicas de coaching, entre outras.
É um programa voltado para pessoas e empresas que buscam fazer a diferença no mundo. Para aqueles que compreendem um capitalismo mais consciente, que priorizam a busca pelo real propósito visando a lucratividade como consequência natural e verdadeira do seu business. Para todo que acreditam que hoje é o grande dia de transformar seu plano B em plano A.
Minha filosofia de vida se tornou meu negócio. Minhas habilidades são minhas forças e hoje vivo com muito mais significado.
Consegui unir minhas paixões que é ser mãe, construir uma família harmoniosa e inspirar pessoas. É tudo muito novo, muito especial e desafiador.
Hoje compreendo que minha missão exige muita responsabilidade, trabalho e estudo. Estou pronta para viver plenamente este novo momento, trabalhar para inspirar e contribuir com a mudança.
Thank God it’s Today. É um estilo de vida, uma nova forma de pensar. É acreditar, viver e vestir os seus valores diariamente. É ser você e entender que o mundo precisa do seu melhor!
Vem junto! 🙂
Ligia Costa é empresária, especialista em marketing digital, coach de alta performance e idealizadora da consultoria Thank God it’s Today.
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