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“O empreendedor social precisa ter a ousadia de pensar diferente”

Bruno Leuzinger - 25 nov 2015
Oferecer itens da cesta básica a preço justo e porcionados em recipientes reutilizáveis – eis a missão da Algramo
Bruno Leuzinger - 25 nov 2015
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“Algramo” é uma contração da expressão espanhola “al gramo” (a granel). É também o nome da startup chilena criada em 2011 por Jose Manuel Moller. Nas pequenas mercearias e quintadas de bairro em Santiago, Moller identificou o que chama de “imposto da pobreza”: no vácuo deixado pela falta de cadeias de supermercados na periferia, os mercadinhos vendiam grãos (como arroz, feijão e lentilhas) em embalagens menores e por um preço proporcionalmente maior, encarecendo a cesta básica do consumidor de baixa renda.

A sacada de Moller foi desenvolver uma rede de distribuição de itens essenciais de alimentação por meio de vending machines (aquelas máquinas que engolem dinheiro em troca de refrigerantes, chocolates e guloseimas em geral) adaptadas e instaladas em pequenos estabelecimentos. O dono do mercadinho não paga pela instalação e compartilha os lucros meio a meio, além de economizar o tempo e o dinheiro que antes gastava reembalando os produtos. E o consumidor têm acesso, por meio das máquinas, a arroz, feijão, lentilhas, grão-de-bico e até detergente, tudo a preço justo e porcionado em recipientes reutilizáveis.

Indicada como uma das “50 Companhias Mais Inovadoras de 2015” pela revista Fast Company, a Algramo foi a grande vencedora do The Venture – projeto apoiado pelo whisky Chivas Regal que tem o objetivo de descobrir e recompensar aqueles que acreditam no poder que os negócios têm para um mundo melhor –, arrematando a maior fatia (US$ 300 mil) do fundo de US$ 1 milhão.

Como começou seu envolvimento com o empreendedorismo social?

Eu estudei economia e administração na Universidade Católica do Chile, em Santiago. Durante a faculdade, atuei na política estudantil e me envolvi em várias iniciativas sociais, como o Techo (ONG de origem chilena, presente em toda a América Latina e que combate a pobreza mobilizando voluntários para implementar programas sociais e construir habitações de emergência). Desde então, entrei em contato com os problemas que a Algramo tenta solucionar.

Fale sobre a gênese e as operações da Algramo.

O desenvolvimento do nosso modelo de negócio e o desenho das vending machines começou ainda na faculdade. Os primeiros investimentos vieram de um amigo e de uma competição universitária que vencemos com a nossa ideia. A Algramo começou a operar em La Pincoya, na periferia de Santiago, em 2011. No início, trabalhávamos apenas com umas poucas quitandas e mercearias. De lá para cá, incrementamos os nossos processos e operações, trabalhando para deixar o sistema de vendas cada vez mais confortável, ao mesmo tempo em que se mantenha barato e sustentável.

A Algramo atualmente emprega 11 pessoas em Santiago, cinco na Colômbia e sete estagiários. Hoje a companhia tem uma receita de 14 milhões de pesos chilenos por mês (cerca de US$ 20 mil). Até o fim de 2015, projetamos ter 500 estabelecimentos trabalhando conosco em Santiago e outros 100 em Barranquilla, na Colômbia. Mas as máquinas não estão presentes em todos os estabelecimentos. Hoje, vendemos em dois formatos, pelas vending machines e pelo nosso “sistema retornável”: o cliente compra o produto na mercearia, usa e retorna a embalagem reutilizável para o estabelecimento.

Qual foi o impacto do The Venture para o seu negócio?

The Venture tem sido uma plataforma muito importante para nós. Conseguimos criar novas redes e mostrar os problemas na base da pirâmide na América Latina para uma audiência ampla. Além disso, o prêmio (de US$ 300 mil) foi uma contribuição para o crescimento da companhia, nos permitiu entregar mais rapidamente soluções para famílias que não têm acesso aos nossos benefícios.

Quais foram os momentos mais marcantes durante a competição?

O ponto alto foi quando descobrimos que havíamos sido selecionado entre os 16 finalistas. Foi um momento especial porque compreendemos a importância do trabalho que estávamos fazendo e o quanto ele era valorizado. Além disso, pudemos entrar em contato com outros participantes. Para mim, o projeto mais interessante foi o do México (¡Échale! a Tu Casa, de Francesco Piazzesi, que dá assistência a comunidades carentes para construção de moradias com materiais ecologicamente sustentáveis).

Que habilidades não podem faltar para um empreendedor social?

Para ser um bom empreendedor social, você precisa identificar um problema não-resolvido na base da pirâmide e então, junto com os stakeholders locais, criar uma solução.

As habilidades mais importantes são três. Primeiro, a capacidade de transmitir a paixão que te move para o seu cliente e a sua equipe. Segundo, saber escutar e aprender com as pessoas ao redor. Por fim, o empreendedor social precisa ter a ousadia de pensar diferente.

E quais os próximos passos para a Algramo?

Nosso plano é continuar crescendo no Chile e na América Latina. Desde março, estamos operando na Colômbia e os próximos passos serão expandir para o Peru, o México e o Paraguai.

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Os quatro finalistas do The Venture Brasil já foram definidos! Conheça os projetos e vote no seu candidato!

 

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