O metano (CH4) é um gás incolor e inodoro cujas moléculas são compostas por um átomo de carbono e quatro átomos de hidrogênio.
Por definição, ele é um gás de efeito estufa (GEE), já que contribui para reter o calor da radiação solar na atmosfera terrestre – e para o consequente aquecimento global que vivenciamos desde a era industrial.
Dentre os GEE, o metano é o terceiro mais abundante, atrás somente do vapor d’água (H2O) e do dióxido de carbono (CO2) – a concentração atmosférica do metano mais do que dobrou nos últimos 200 anos.
De acordo com o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), o gás metano é o segundo GEE que mais contribui para o aquecimento global, atrás somente do gás carbônico (CO2).
O painel estima que o metano é responsável por 0,5º C de aumento na temperatura da Terra – quase metade do total de 1,1º C de aquecimento.
Por causa desse impacto, o metano foi mencionado pela primeira vez na COP26, realizada em 2021 em Glasgow, Escócia, como um gás a ser incluído nas metas de redução de emissões para conter o aquecimento terrestre.
Não à toa, 105 países, incluindo o Brasil, assinaram o Compromisso Global de Metano, em que estabeleceram como objetivo o corte de 30% das emissões globais do gás antes do final da década de 2020.
O CH4 já foi apelidado de “gás dos pântanos” por ser abundante em ambientes como esgotos e lixões. O gás, neste caso, é resultado da decomposição anaeróbia (sem oxigênio) de matéria orgânica por bactérias.
O metano também exala de jazidas de petróleo, carvão mineral e gás natural, bem como da extração, processamento e transporte destes – nos EUA, estima-se que um terço das emissões de metano se originam da exploração desses combustíveis fósseis.
A propósito, estima-se que 60% das emissões de metano sejam provocadas pela ação humana. E outra fonte que se destaca neste contexto são as atividades agropecuárias.
Um dos “vilões” popularmente evocados como principais emissores de metano para a atmosfera são gados, rebanhos e outros grupamentos de animais criados para o consumo humano. Além de gerar metano em grandes quantidades, eles também produzem curiosidades e informações imprecisas que acabam virando lendas urbanas sobre o metano.
Vide a lenda de que os puns bovinos são a principal fonte de metano para a atmosfera. Ainda que o gado seja relevante para essas emissões, a maioria do gás produzido nos estômagos bovinos, graças ao processo de ruminação, é exalado pela boca. Ou seja, os arrotos são a maior válvula de escape do metano emitido por esses animais.
Sobre a abundância do metano gerado por atividades humanas, a magnitude é tamanha que pode ser vista do espaço. É que a NASA instalou um aparelho que investiga aglomerações de gases atmosféricos e o impacto delas nas alterações climáticas
O EMIT (sigla em inglês para Instrumento de Investigação de Origens de Minerais da Superfície da Terra), instalado na Estação Espacial Internacional (ISS), já detectou mais de 50 plumas (ou “manchas”) de metano na atmosfera desde julho de 2022.
Há ainda uma quantidade não conhecida de metano que jaz nas profundezas terrestres e marinhas. A liberação deste metano contido no manto terrestre é levantada como hipótese para aquecimentos globais em eras antigas.
De acordo com o IPCC, o metano é até 80 vezes mais eficiente do que o CO2 para reter calor e gerar o efeito estufa. A parte boa da notícia é que a vida útil dele na atmosfera é de cerca de 10 anos, contra séculos do CO2.
Ou seja, embora o metano seja mais potente do que o dióxido de carbono para aquecer a Terra, os efeitos na redução de suas emissões serão sentidos bem mais cedo.
Uma redução de 57% no metano emitido, até 2030 – viável com a tecnologia existente –, já seria sentida em vinte anos. A temperatura média global seria 0,25 ºC menor em 2050 e 0,5 ºC menor em 2100, zerando o prejuízo histórico.
Enquanto esse dia não chega, um dos usos mais promissores para o metano oriundo da atividade humana é a produção de biogás.
E uma boa fonte de captação para estes fins são os aterros sanitários – terceiros maiores emissores de metano, segundo a Climate Watch.
O gás produzido pelos resíduos que descartamos e concentramos nos lixões pode ser capturado e transformado em biogás para gerar energia elétrica.
Para conhecer melhor essa alternativa, visualize nosso infográfico.
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