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Ganhou peso na pandemia? Bem-vindo ao clube. Mas, afinal, é hora de se preocupar com isso?

Cláudia de Castro Lima - 13 ago 2020
Em casa e com tanta ansiedade e estresse, acabamos nos dedicando ao “comer emocional” – e, mesmo sem fome, ingerimos mais calorias. Devemos nos preocupar? (Imagem: iStock)
Cláudia de Castro Lima - 13 ago 2020
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Quem não botou a mão na massa (literalmente) algumas vezes durante a pandemia que atire o primeiro bolinho de chuva. Em casa, nós nos deparamos com a descoberta da cozinha, e comidas confortáveis, como bolos e pães, viraram uma febre – a ponto de terem apelidado o período de “pãodemia”.

Isso, mais o estresse e a ansiedade – sem contar a falta de tempo ou preguiça mesmo de fazer atividade física –, fez com que muita gente visse os ponteiros da balança subirem.

Embora um levantamento feito por um grupo de pesquisadores tenha mostrado que seis em cada 10 brasileiros manteve o peso na quarentena imposta pelo coronavírus, ele também apontou que quase metade das pessoas sente mais vontade de comer, mesmo sem fome.

A pesquisa foi feita com 1.470 pessoas, que responderam a um questionário online. Segundo os dados levantados, 23% dos entrevistados ganharam peso – a variação foi considerada quando superior a um quilo. O ganho médio foi de 2,8 quilos.

Estamos comendo com o fígado?

“Nunca imaginamos viver o que estamos vivendo hoje. E essa situação nova desencadeia sentimentos que não costumávamos ter quando nossa vida era ‘normal’, como medo, frustração, angústia e ansiedade”, afirma Soraia Batista, nutricionista da Sodexo.

“Acabamos descontando isso na comida, saindo de nossa rotina alimentar. É o chamado ‘comer emocional’, porque a comida traz conforto.”

Para Soraia, é importante entendermos nossos sentimentos para que a gente possa identificar se o que temos é de fato fome ou se apenas precisamos de uma sensação de bem-estar. “Alimentos gordurosos nos dão essa sensação. E comer muitos alimentos gordurosos, claro, acaba afetando nossa saúde.”

Segundo ela, uma boa estratégia é identificarmos quais são os momentos em que temos essas vontades para providenciarmos alternativas. “Pense se, de fato, você está com fome daquele alimento. Se a resposta for sim, permita-se comer um pouco. Melhor ainda é dar preferência para alimentos mais saudáveis que podem substituir aquilo.” Por exemplo: em vez de chocolate ao leite, opte pela versão 50% cacau.

É o momento de se preocupar com o peso?

“Temos que levar em consideração que estamos vivendo uma fase muito diferente, e não é o momento de nos sentirmos culpado por termos ganhado um pouco de peso”, afirma Soraia. “Temos que ser mais gentis conosco durante este período.”

Segundo um artigo do site da Yale Medicine, a clínica médica da Universidade Yale, se você ganhou um pouco de peso, mas ainda está na faixa ideal de IMC, relaxe. O problema é quando você saiu dela.

IMC é o índice de massa corporal. Ele é calculado quando você divide seu peso por sua altura ao quadrado. “Seu IMC é considerado saudável se estiver entre 18,5 e 25 e você vai estar acima do peso se o IMC for entre 25 e 30. Quando ele atinge 30, as pessoas começam a ter muito dificuldade para perder peso sem apoio e intervenções médicas”, afirma o artigo.

Para os especialistas de Yale, se você ainda estiver na faixa de peso normal e tiver ganhado até 5 ou 6 quilos, o peso extra não costuma causar grande impacto em sua saúde.

“Mas, se você estiver acima do peso ou obeso, a perda de 7 a 10% do seu peso pode ter um impacto positivo em condições como doenças cardíacas, doenças do fígado e dores nas articulações.”

Não custa lembrar que a obesidade é um fator de risco para a Covid-19. Em sua forma grave, a obesidade aumenta a chance de um problema respiratório perigoso chamado síndrome do desconforto respiratório agudo.

“Além disso, as pessoas com obesidade grave são mais propensas a ter outras doenças crônicas e condições de saúde que podem aumentar a gravidade da Covid-19, caso sejam infectadas”, diz o artigo de Yale.

Como perder peso na pandemia?

Não tem varinha mágica que resolva – tudo é pura matemática. Para perdermos peso precisamos gastar mais calorias do que ingerimos. “Para isso, atividade física é importante – até porque ela também nos traz sensação de bem-estar”, explica Soraia.

“Não precisamos nos privar de comer nada, mas não devemos esquecer que é importante para o metabolismo nos mantermos ativos”, explica a nutricionista. “Muita gente que faz dietas restritivas prejudica a imunidade, e definitivamente não é o momento para isso.” Essencial incluirmos em todas as refeições grãos integrais, vegetais e carnes magras, além de frutas.

Não inventaram até hoje, diz Soraia, nada mais eficiente que alimentação balanceada aliada à atividade física.

“É bom, para a prática de exercícios, ter orientação de um especialista. E hoje, por mais que as academias não estejam funcionando normalmente, é fácil conseguir isso: há aplicativos e profissionais fazendo lives, por exemplo.”

Além de alimentação equilibrada e exercício, sono de qualidade é essencial para a perda ou a manutenção do peso. Para isso, tenha uma rotina, com um horário para acordar e dormir todos os dias. E não se esqueça de que devemos ter no mínimo sete horas de sono por noite. Há várias evidências científicas de que as pessoas que não dormem o suficiente têm mais chance de estar acima do peso.

Por fim, precisamos tentar controlar nosso estresse. Como fazer isso? Cada um vai ter uma receita individual. Valem fé, ioga, exercícios respiratórios, meditação, mindfulness…

Outra boa dica é usar as redes sociais com moderação. Estudos sugerem que ficar muito tempo conectado tem ligação com o aumento da ansiedade e da depressão. Um pouco de desconexão também vai evitar que você tenha contato com as preconceituosas e infames piadas gordofóbicas que andam circulando pelas mídias digitais. E isso definitivamente faz muito bem para nossa saúde.

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