Toda essa ideia de empreender começou no meu quarto, após o fim da pandemia.
Eu estava trabalhando em home office, sem a estrutura de um escritório, na correria (sempre), e morava com minha irmã, que havia acabado de sofrer um AVC.
Essa foi uma época bem desafiadora, mas acredito que isso tenha me inspirado ainda mais.
Antes de pensar no meu atual negócio, a Akio 2051, tive algumas ideias.
A primeira foi um restaurante para vender tortas. Eu acreditava que poderia fazer as melhores tortas do mundo.
Uma ex-namorada tinha uma parente que era chef de um grande restaurante. Compramos os utensílios necessários e, depois de três dias, começamos a fazer as receitas.
Fizemos tortas ruins, queimadas, boas, quase boas, sem gosto, com gosto… Porém, logo percebi que estava em meu pequeno apartamento, sem estrutura, sem um forno bacana, tentando criar a melhor torta do mundo
Infelizmente, essa experiência gastronômica não passou de um resultado mediano, nada excepcional. O negócio não prosseguiu porque eu queria contar a história de uma torta dos sonhos, feita pela vovó…
Não deu certo porque sabia que teria que me dedicar 24 horas por dia, o que seria bem complicado, especialmente trabalhando em dois lugares.
Em seguida, veio a ideia de um segundo negócio. Eu queria lançar sabonetes para o corpo e para a alma, utilizando sal grosso e ervas aromáticas.
Imaginava que seria fácil criar sabonetes sustentáveis e biodegradáveis. Mandei produzir alguns exemplares, elaborei planos de negócio junto com minha ex-namorada e calculei os investimentos necessários.
Fizemos logotipo, reservamos o nome, desenvolvemos exemplos de embalagens. Fiquei realmente empolgado, mas tudo isso durou pouco: a pessoa responsável pela produção dos sabonetes simplesmente desapareceu, decidiu tirar férias e nunca mais voltou
Depois, ainda pensei em outras ideias, mas nenhuma me empolgou tanto… Foi quando um amigo tentou vender uma marca de roupas voltada para esportes e futebol.
Eu gostava da marca, que já tinha uma rede social com um bom número de seguidores. Apresentei a proposta de comprá-la junto com minha ex-namorada, fizemos o contrato e levei para o meu amigo assinar — no entanto, ele mudou de ideia e desistiu de vender.
Fiquei bastante decepcionado e frustrado! Já tinha tudo planejado e estava pensando em criar uma linha de roupas esportivas moderna e estilosa…
Enfim, não deu certo.
No final das contas, tudo o que deu errado até então foi para melhor. Não era para ser. Precisávamos começar algo do zero, com nosso toque pessoal.
Foi então que surgiu o insight: por que não criarmos nossa própria marca? Com nossas ideias, estampas e filosofia. Assim nasceu a Akio 2051.
Akio, de acordo com os ideogramas japoneses, quer dizer “filho do amor” e “homem brilhante”. Além do peso do significado, a palavra tem uma sonoridade forte, por conter poucas letras, o que nos ajudaria nas aplicações da marca, como o logo.
Só que ainda faltava algo. Queria que a marca tivesse alguma coisa que chamasse atenção, um aspecto visual e sonoro intrigante. Então, incluímos a data 2051 no nome.
Akio 2051, estranho, né? Mas era exatamente causar esse estranhamento que eu queria: 2051 é para remeter ao futuro, olhar adiante e reforçar a questão do propósito.
E de onde veio a parte social? Sou publicitário e sempre estou antenado às tendências do dia a dia.
Percebi que uma marca sem propósito é vazia e destinada ao fracasso. Acredito que essa nova geração se preocupe mais com o futuro, o meio ambiente e com causas sociais, com as pessoas
Por isso, decidimos selecionar instituições beneficentes para apoiar, criando estampas para as nossas peças baseadas na história de cada uma delas e reverter 10% do valor das vendas para essas ONGs. As ilustrações foram feitas pela artista plástica Juliana Curi, minha ex-namorada e ex-sócia.
Foi um ano de pesquisa minuciosa, explorando todas as possibilidades, investigando materiais, estudando o que estava sendo feito no exterior, analisando tecidos e acompanhando tendências.
Eu absorvia tudo ao meu redor, observando atentamente nas ruas e colhendo informações das grandes marcas. Sempre tive em mente que era possível criar algo diferente.
Esse processo de pesquisa durou um ano, seguido por seis meses de execução. Durante esse tempo, trabalhamos em estampas, estabelecemos parcerias com instituições, desenvolvemos um site e estruturamos nosso modelo de negócio.
No entanto, esse é um processo contínuo. Sempre sentimos que não estamos totalmente prontos, mas considero isso de certa forma positivo, pois mantém a marca em constante evolução.
Mas um mês antes do lançamento da marca, meu namoro chegou ao fim e minha ex-namorada, que seria minha sócia, decidiu sair da sociedade.
Foi um momento bem complicado. Deu um gelo na barriga. Tive que aprender tudo por conta própria, desde lidar com o site até os procedimentos dos correios e tecnologia
Minha rotina era um pouco estressante. Eu acordava às 5h30 da manhã, trabalhava para a Akio 2051 até as 8h30, e em seguida ia para o meu trabalho na agência onde atuo até hoje.
Aproveitava ainda o trajeto para deixar algumas encomendas no correio. Chegava em casa, por volta das 20 horas, e continuava trabalhando até 23h.
Essa foi a minha realidade constante durante três meses seguidos. Foi um período de dedicação intensa e esforço árduo para tirar a marca do papel.
NOSSO CRITÉRIO: APOIAR INSTITUIÇÕES MENORES, SÉRIAS E MUITO COMPROMETIDAS COM O BEM-ESTAR DO PRÓXIMO
Todas as instituições que apoiamos por meio da Akio 2051 são organizações que conheço há cerca de 20 anos. Durante esse tempo, tive a oportunidade de frequentar um centro espírita e sempre gostei de participar de viagens realizadas por esse grupo.
Nelas, testemunhei de perto o trabalho incrível que essas instituições realizam e a diferença significativa que fazem na vida das pessoas — seja no cuidado com a saúde, no carinho ou no amor dedicado às crianças e aos idosos.
A cada visita que fiz, muitas vezes me emocionei profundamente. Essas instituições são instrumentos de transformação na vida daqueles que perderam tudo em termos de saúde e foram abandonados pela sociedade
A escolha das instituições a serem apoiadas foi feita com base na necessidade específica de cada uma e pelo impacto positivo que elas têm. Nosso critério era selecionar instituições menores, com pouca visibilidade, mas, acima de tudo, organizações sérias e comprometidas com o bem-estar do próximo.
Sempre brinco, quando explico sobre essas instituições, que cada uma delas precisa ter um “Jesus” em seu trabalho — e acredite, elas contam com pessoas incríveis e dedicadas!
Depois disso, a gente teve o processo para criar as estampas — e isso foi bem divertido. A ideia principal era contar histórias relacionadas a cada instituição, e para isso realizamos pesquisas sobre elas.
Essas histórias precisavam estabelecer uma conexão com as pessoas, então optamos por um design lúdico, algo que fizesse os clientes se identificarem com as criações.
Por exemplo, na coleção “Amor Infinito”, que desenvolvemos para o Abrigo Flora e Fauna — uma instituição de Brasília que cuida de animais abandonados –, criamos um padrão em espiral com as silhuetas de um cachorro e de um gato, simbolizando o amor infinito que temos pelos animais.
Também criamos a estampa “Cavalos Encantados”, para o Centro de Equoterapia Dr. Adler, localizado em Mairiporã (SP), onde esses cavalos auxiliam no cuidado de crianças com paralisia cerebral. Para uma criança, qualquer cavalo é encantado; mas esses cavalos, em especial, são verdadeiramente encantadores tanto para pais quanto para os pequenos em tratamento.
Para o Lar da Caridade, em Uberaba (MG), que abriga e viabiliza o tratamento de pessoas acometidas pela doença de Pênfigo (mais conhecida como fogo selvagem) e oferece outros serviços de assistência social para indivíduos em situação de vulnerabilidade social, criamos a coleção “Flor de Fogo”. As estampas mostram florzinhas de fogo, um elemento icônico do universo dos games, para abordar a questão da doença de forma lúdica.
A Akio 2051 é muito nova e ainda tenho um longo caminho a percorrer. Atualmente, meu foco principal está em construir a empresa e torná-la reconhecida.
Estou feliz por ter estabelecido uma parceria com a assessoria Flávia Viana Comunicação, que me apoia e auxilia no aumento da relevância da marca.
Minha visão para o futuro é que a empresa seja lucrativa e, eventualmente, tenha um ponto de venda físico, como uma loja ou quiosque; já tenho até um design em mente, mas isso é algo que será considerado em um estágio mais avançado.
Além disso, não descarto a possibilidade de criar uma linha infantil, pois as estampas têm um apelo lúdico.
Seria um sonho estabelecer parcerias com outras marcas, colaborando em projetos conjuntos… Estou aberto a explorar diferentes oportunidades para expandir e fortalecer a Akio no futuro.
Resumindo, é só o começo!
Reinaldo Cesar é publicitário e fundador da Akio 2051.
Na adolescência, Alon Sochaczewski ganhou uma prancha de surfe e um computador. Surgiam ali duas paixões que impactariam para sempre a sua vida e o inspirariam a fundar a Pipeline Capital, empresa de M&A com foco em negócios de tecnologia.
E se você só tivesse 40 segundos para evitar uma tragédia? Voluntário do Centro de Valorização da Vida, Thiago Ito fala sobre o desafio de criar um mini doc que viralizou nas redes com uma mensagem de esperança em favor da saúde mental.
Giuliana Cavinato sofreu uma pancada forte praticando wakeboard que resultou num acidente vascular cerebral. Ela conta como uma técnica de reabilitação criada na Itália a ajudou a recuperar sua autonomia e a descobrir um novo propósito.