“Todos nós somos capazes de inovar. Se você é humano, você pode fazer design”

Armando Aguinaga - 8 jul 2016Jaakko rodeado pelos participantes da estreia da Academia Draft no RIO, no início desta semana.q
Jaakko rodeado pelos participantes da estreia da Academia Draft no RIO, no início desta semana.
Armando Aguinaga - 8 jul 2016
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O Templo recebeu, no início desta semana, a primeira aula da Academia Draft no Rio de Janeiro.

Nela, o designer Jaakko Tammela mostrou, com a apresentação “Inside Out Innovation”, que toda empresa pode (e deve) inovar — e como o conceito de “Creative Power Map”, criado por ele, pode tornar qualquer organização, independente de tamanho ou segmento, essencialmente criativa.

Apesar do nome finlândes, Jaakko (ele explicou logo de cara que se pronuncia “iako”), é carioca, estudou na PUC-RJ (bem pertinho do Templo) e no momento se divide como consultor da Questto|Nó, trabalhando em projetos de creative empowerment corporativo, e fundador da Redesignit, uma plataforma sem fins lucrativos que busca difundir o que ele chama de “comportamento de design” para qualquer um no mundo.

“Teve um momento na minha vida que caiu a ficha. Eu tive aquela crise de procurar loucamente um propósito… eu queria mudar o mundo. Eu olhava em volta e só via produtos vazios, sem alma, e achava que, sozinho, poderia criar coisas com mais significado”, diz. “Com o tempo, percebi que seria muito mais eficiente empoderar as pessoas a alcançarem esse objetivo comigo. É isso que eu estou fazendo aqui hoje”, contou, bem no início da apresentação.

A aula de Jaakko foi exatamente isso, um papo leve mas cheio de conteúdo e sacadas que foram encaixando todas as peças de um conceito muito bem estruturado. Ele usou como pano de fundo o momento disruptivo que o mundo enfrenta e exemplos práticos da sua carreira para ilustrar suas ideias.

“Estamos vivendo uma tremenda migração de valores. A economia da posse está se tornando a do compartilhamento”

Ele prossegue: “Os recursos financeiros, antes centralizados em grandes corporações, estão cada vez mais nas mãos das startups. Está havendo um aumento da complexidade nas relações de consumo e o indivíduo está se fortalecendo. As antigas regras estão sendo questionadas… sobre trabalho, comida, até gêneros. É como se o Matrix estivesse se revelando e todo mundo se questionando: Por que temos que ser como falaram que a gente era?”

NOVAS FERRAMENTAS PARA UM NOVO MUNDO

Jaakko mostrou como o raciocínio de design te ajuda a navegar por esse novo mundo. Te faz ver e entregar valor com essas novas regras. É como se a gente saísse da era do CEO e entrasse na do DEO (líder em design), com o mindset saindo do executivo e indo para o criativo, a inspiração vencendo a hierarquia.

“O CEO é um gestor, ele manda e os outros obedecem (modelo ditatorial). O designer não: é muito mais hands on, ele pensa e executa (modelo inspiracional). Hoje em dia estar num cargo de liderança e colocar a mão na massa para mostrar como deve ser feito tem muito valor”, conta.

Tem tanto valor, que ele mostrou um estudo do DMI (Design Management Instituto) que comprova que as empresas design driven (DVI INDEX) valem 219% mais que a média das empresas listadas na Standard & Poor’s (S&P 500).

Para comprovar isso, Jaakko fez uma pesquisa com centenas de designers, desde profissionais consagrados no Brasil e no exterior, até a sua estagiária “que ninguém nunca ouviu falar”. Ele perguntou “Por que design está tão aliado a inovação nos dias de hoje?”.

As palavras que mais apareceram como resposta foram: Intuição, Aplicação, Relevância, Percepção, Empirismo, Impacto e Visionário. “São características que se complementam num processo altamente criativo”, diz:

“Todos nós somos capazes de colocar uma coisa nova no mundo, podemos inovar. Se você é humano você pode fazer design”

Jaakko contextualiza o que está dizendo: “O problema é que a criatividade foi terceirizada, por muitas décadas. Poucas pessoas se sentiam incomodadas, buscavam soluções e faziam diferente. Isso agora está mudando, esse é o boom do empreendedorismo”.

Nesse momento, ele pede uma pausa para beber uma água e lança um desafio aos alunos: Cada um teria poucos segundo para desenhar a pessoa ao lado… e solta o cronômetro!

Acabado o tempo muita gente com vergonha do resultado e pedindo desculpas ao colega (eu também, rs). O objetivo da brincadeira, Jaakko diria em seguida, era justamente mostrar que essa primeira reação de “desculpa, mas eu não sei desenhar!” é o principal entrave para a criatividade.

QUE TAL UM MAPA PARA SER MAIS CRIATIVO?

Em criação não existe certo ou errado. “Isso no mundo corporativo é um enorme problema porque você tem que sempre estar certo para não ser demitido ou para ganhar o bônus. Por isso, tenho horror ao processo de gate. Isso de ter que acertar e ser aprovado a cada etapa mata as possibilidades, aumenta a burocracia, os custos dos produtos e perde agilidade e flexibilidade. O acaso tem um papel importante na inovação”, diz o professor.

Para facilitar essa compreensão ele criou o “Creative Power Map”, um gráfico com os 4 vetores fundamentais do processo criativo: percepção, visão, orquestração e impacto. Abaixo, uma breve explicação sobre eles.

Percepção — Como percebo o mundo e o que é relevante pra mim. Tem gente que tem essa percepção mais ou menos aguçada. A Kodak não teve essa sensibilidade e perdeu a onda do digital. O Netflix teve, foi do aluguel de DVD para o streaming e agora está gerando conteúdo.

Visão – Depois que você identifica a oportunidade ou demanda, você tem que pensar uma solução para aquela dor. É aí que você visualiza uma solução, um caminho.

Orquestração – É a capacidade de realização, de execução dessa visão. São os vários conhecimentos, as pessoas, os recursos… Tudo para conseguir fazer a coisa acontecer.

Impacto – É o resultado. Se o que você vai fazer não tem relevância para o mundo, parta para outra. O potencial de um serviço ou de um produto está no benefício que ele traz para as pessoas.

 

É por isso que, no centro desses quatro vetores, está sempre o indivíduo, a equipe de trabalho, todos os grupos envolvidos naquele projeto, naquela empresa, naquela comunidade, naquele país.

“Gente é a principal premissa. Com gente foda, você monta um processo foda e chega num produto foda. Por isso o mundo corporativo está definhando. Eles esqueceram disso”

Como preparar, então, uma empresa para o futuro?

“Todo mundo quer esse ‘novo’… quer o novo iPhone, quer ser o novo Uber ou Airbnb. Mas não existe receita de bolo. Não existe uma fórmula certa. A empresa precisa estar muito atenta, transformar essa percepção em visão, em ação e depois ter impacto com uma coisa realmente relevante. É aí que nós realmente estaremos mudando o mundo para melhor”, encerrou.

Estamos prontos para a próxima aula.

 

 

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