APRESENTA
APRESENTA

Um terço da comida produzida no mundo acaba no lixo. O que você faz sobre isso?

Bruno Leuzinger - 27 mar 2018
(Crédito: Pixabay)
Bruno Leuzinger - 27 mar 2018
COMPARTILHE

 

Números às vezes parecem abstratos demais. Quando olhados friamente ou sem o devido cuidado, tendem a nos distanciar da realidade. Porém, basta parar e pensar um pouco para perceber que alguns números são de embrulhar o estômago.

Se você tem criança em casa, provavelmente já disse à sua filha ou ao seu filho que “comer tudo” é importante não apenas para ficar forte e saudável, mas porque jogar comida no lixo é “muito feio”. O que você não diz (e talvez não saiba) é que um terço de todos os alimentos produzidos no planeta são perdidos ou desperdiçados.

Pense nisso: 1,3 bilhão de toneladas de comida jogada, de uma forma ou de outra, na lata do lixo. Todos os anos.

Segundo a FAO, o braço da Organização das Nações Unidas para alimentação e agricultura, 45% de todas as frutas e hortaliças (legumes, verduras, raízes e tubérculos), 35% dos peixes e frutos do mar, 30% dos cereais e 20% da carne, dos laticínios e das oleaginosas (como a soja) acabam estragando em algum ponto da cadeia, entre a produção e o consumo.

Toda essa carne no lixo, por exemplo, equivale a 75 milhões de cabeças de gado. Apenas a comida desperdiçada na América Latina poderia alimentar 300 milhões de bocas – um Brasil e meio, em termos de população.

Mas onde, quando, em que etapa ocorre essa sangria? No campo, no varejo, no consumo?

“Estudos da FAO sugerem que países em desenvolvimento perdem mais no campo por conta da falta de infraestrutura logística, distribuição, cadeia de frio…”, diz Alcione Silva, integrante do comitê executivo da Save Food Brasil, a frente brasileira de uma iniciativa global liderada pela FAO para engajar empresas, organizações e a sociedade civil no combate à questão. “Em países desenvolvidos, o desperdício seria maior no consumo: o consumidor tem mais dinheiro, compra mais e a comida às vezes acaba estragando na geladeira.”

Alcione chama atenção para uma distinção importante de nomenclaturas: perdas ocorrem na produção, pós-colheita (ou abate), armazenamento ou no transporte; já desperdício refere-se ao descarte de alimentos próprios para consumo realizado por pessoas ou estabelecimentos (supermercados, restaurantes, lanchonetes etc.).

O problema é global. As nações industrializadas e os países em desenvolvimento “dissipam”, grosso modo, praticamente a mesma quantidade de alimentos, 670 toneladas contra 630 toneladas (totalizando aquele 1,3 bilhão). E os impactos também são globais, implicando no uso desnecessário de recursos como água, terra, energia e trabalho (além de dinheiro, claro), sem falar na emissão – também desnecessária – de gases do efeito estufa na atmosfera.

Em países pobres, cria-se ainda um perverso círculo vicioso, em que as perdas de alimentos nas etapas de produção e armazenamento impactam negativamente a renda de pequenos produtores e geram uma alta de preços que afeta sobretudo a parcela dos consumidores de maior vulnerabilidade social.

Para estimular a busca por soluções, o Braskem Labs Scale lançou este ano uma categoria especial para acelerar soluções de redução na perda e no desperdício de alimentos. Os concorrentes na categoria estão isentos da regra que exige o uso de química ou do plástico na composição (atenção: as inscrições vão até 31 de março!).

A boa notícia: se por um lado o espectro de ineficiências é enorme, o mesmo vale para a gama de oportunidades de inovação para quem quer empreender e reduzir a quantidade de comida que se perde na longa jornada entre o pasto ou a lavoura e a sua mesa. Desde soluções mais tecnológicas, como sensores que alertam para as menores variações de temperatura em sistemas de refrigeração, até plataformas de que dão desconto na compra de produtos prestes a vencer ou que oferecem hortifrútis “imperfeitos” – aquela batata manchada ou cenoura tortinha que, embora desprezada por seu valor estético, permanece ótima para o consumo.

Além de estar à frente da Save Food Brasil, Alcione fundou a Connecting Food, uma empresa que atua em São Paulo conectando doadores de alimentos e instituições aptas a receber doações. Mudando o foco da cidade para o campo, ela destaca a força do agronegócio brasileiro como uma vantagem para fomentar a disrupção:

“Temos um grande conteúdo técnico na agricultura, somos um país produtor. A Embrapa, por exemplo, lança vários manuais para redução de perdas no campo, que são muito bons, com tecnologias extremamente acessíveis.”

No campo ou na cidade, no varejo ou no consumo, a saída passa por uma urgente mudança de mindset. Da próxima vez, então, que você for raspar no lixo o resto de arroz e feijão que sobrou no prato, ou esnobar aquele tomate feioso na feira ou no supermercado, lembre-se desses números: apenas 25% de toda a comida perdida ou desperdiçada hoje em dia bastaria para alimentar 870 milhões de pessoas.

***

Sua empresa tem uma solução para o combate às perdas e ao desperdício de alimentos? Então inscreva-se no Braskem Labs Scale até 31 de março e ajude a mudar cada vez mais esse cenário!

APRESENTA
COMPARTILHE
APRESENTA

Confira Também: