Verbete Draft: o que é Deep Web

Isabela Mena - 10 abr 2019
Na ponta do iceberg está a Surface Web, que representa 4% do conteúdo disponível na internet. Na parte submersa, vem a Deep Web, com 90% dos dados da internet. Por fim, na base, está a Dark Web, com 6% do conteúdo.
Isabela Mena - 10 abr 2019
COMPARTILHE

Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

DEEP WEB

O que acham que é: O mesmo que Dark Web.

O que realmente é: Deep Web é o nome dado à camada da web que contém informações e conteúdos não indexados por provedores de busca (como Google, Bing, Yahoo, DuckDuckGo etc.) e, por isso, não aparecem se forem pesquisados, mesmo que de forma muito minuciosa. Isso acontece porque o conteúdo da Deep Web só fica visível se um nome de usuário e uma senha forem digitados.

Caio Oliveira, advogado especializado em Direitos Digitais e pesquisador visitante do ITS Rio (Instituto de Tecnologia e Sociedade), conta que a Deep Web é responsável por alocar um banco imenso de dados e que integra uma parte gigantesca e importante da internet. “Serviços como as redes sociais, bancos, e-mails e serviços de nuvem utilizam dos protocolos da Deep Web para garantir segurança e privacidade.”

Deep Web e Dark Web não são termos intercambiáveis. Pelo contrário, significam coisas bastante diferentes. A Dark Web é uma camada da internet que não pode ser acessada pelos navegadores usuais (como Chrome, Firefox, Safari etc.) pois utiliza protocolos difíceis de serem rastreados, o que garante o anonimato dos usuários. Por isso, é um local fértil para pornografia infantil, fraudes financeiras, compra e venda de drogas, armas, medicamentos ilegais e fóruns de incentivo ao discurso de ódio a mulheres, gays e negros, entre outros grupos.

“Embora haja criminalidade, a Dark Web não é, necessariamente, sinônimo de informações e atitudes ilegais, mas, sim, de sigilo e ‘esconderijo’”, afirma Viviane Ramalho de Azevedo, coordenadora do curso superior tecnológico de Análise e Desenvolvimento de Sistemas da Fatec Bragança Paulista. “É utilizada por empresas que buscam segurança da informação que utilize tanto criptografia como invisibilidade, assim como por empresas que simplesmente não querem que seus dados sejam vasculhados e analisados por ferramentas de Big Data, por exemplo”. A Dark Web é usada também para burlar a censura da comunicação em países ditatoriais, como contato entre jornalistas e suas fontes e por ativistas.

Existem pelo menos três protocolos de acesso à Dark Web: I2P, Freenet e Tor. Este último, acrônimo de The Onion Router, é o maior e mais conhecido e foi criado pelo governo dos Estados Unidos em meados dos anos 1990, para que agentes de inteligência trocassem informações de forma anônima. Liberar o domínio público do Tor fez parte da estratégia para camuflar as mensagens em meio a tantas outras. O Tor é mantido por uma ONG e recebe doações individuais como da Mozilla (que faz o Firefox), das universidades de Princeton e Harvard e do Departamento de Estado americano, entre outros.

Há, portanto, três camadas na internet: a Surface Web (aberta, na qual os conteúdos são indexáveis), a Deep Web e a Dark Web. O que mais facilmente ilustra tanto a divisão quanto a proporção é a imagem de um iceberg. Na ponta, fora da água, está a Surface Web, aquela que acessamos quando fazemos uma busca bem sucedida. Parece muito mas é a menor porcentagem, correspondendo a apenas 4% de toda a internet. Em seguida, já na parte submersa, vem a Deep Web, que toma quase todo o corpo do iceberg: a estimativa é que 90% de todos os dados da internet estejam aí. Por último, na base, mas bem rente ao chão, está a Dark Web, com 6% de todo o conjunto.

Quem inventou: O termo Deep Web foi cunhado pelo pesquisador e cientista da web Michael Bergman. O conceito, porém, é anterior e foi criado pela acadêmica Jill Ellsworth, que o chamou de Invisible Web. O nome é referência a não possibilidade de se enxergar determinados conteúdo e informações em buscas convencionais na web.

Quando foi inventado: O termo Deep Web, em 2001; o conceito Invisible Web, em 1994.

Para que serve: Para garantir a segurança dos dados. De outra forma, seria possível encontrar informações bancárias de uma pessoa, por exemplo, em uma simples busca no Google.

Quem usa: Além dos já citados serviços de e-mail, plataformas de redes sociais e serviços de nuvem e financeiros, há também serviços públicos e privados das áreas da saúde, científica, legal etc.

Efeitos colaterais: Não há.

Quem é contra: Pessoas que desconhecem o motivo do sigilo da Deep Web. “Imagine se todo o conteúdo da internet fosse indexável? Isso não só iria fragilizar a segurança nas comunicações mas também poderia representar o fim da privacidade”, diz Oliveira.

Para saber mais:
1) Leia, na BBC, What is the dark web and is it a threat? Na reportagem, seis especialistas dizem o que pensam da Dark Web (se é boa ou ruim) e por quê.
2) Assista, no YouTube, ao TED How the mysterious dark net is going mainstream, de Jamie Bartlett.

COMPARTILHE

Confira Também: