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Você sabe o que é tempê? A Mun Artesanal te apresenta este alimento saudável e ainda pouco conhecido no país

Dani Rosolen - 26 jun 2018 Thomas Hendee e Eduardo Pimenta, sócios da MUN Artesanal, contam os caminhos percorridos para popularizar a comida de origem indonésia. Os resultados têm sido positivos: a empresa conta com mais de 50 revendedores do alimento.
Thomas Hendee e Eduardo Pimenta, sócios da MUN Artesanal, contam os caminhos percorridos para popularizar a comida de origem indonésia. Os resultados têm sido positivos: a empresa conta com mais de 50 revendedores do alimento.
Dani Rosolen - 26 jun 2018
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Foi em busca de propagar uma alimentação mais sustentável, à base de proteína vegetal, que os amigos Thomas Hendee, 27, e Eduardo Pimenta, 35, decidiram investir em uma fábrica de tempê (ou tempeh), a Mun Artesanal, única em São Paulo a produzir o alimento. Pouco conhecido por aqui, o produto de origem indonésia é feito pela junção de grãos cozidos, geralmente de soja, com o fungo Rhizopus Oligosporu, fermentados em um processo que leva 22 horas e agrega um sabor levemente salgado ao produto.

Os sócios são veganos há cerca de cinco anos (e vegetarianos há bem mais tempo) e sentiam os benefícios que a alimentação sem nada de origem animal tinha aumentado a qualidade de vida e a disposição deles. Thomas, que é paulista mas morou nos Estados Unidos dos 4 aos 23 anos, diz que lá era muito comum consumir o tempê. “Fiz faculdade na Califórnia e lá havia muitas opções e variedades para vegetarianos e veganos. Mesmo na cidade que meus pais moravam, no interior, em qualquer supermercado você encontrava este alimento.”

O tempê tem a firmeza de um queijo: rico em proteínas e fibras, pode ser preparado de diversas formas.

Quando voltou para a capital paulista, sentiu falta desta proteína vegetal — e não conseguia encontrá-la em nenhum lugar. Decidiu, então, começar a fabricar o produto.

Neste processo, totalmente experimental, pediu a ajuda do amigo Eduardo. Enquanto o primeiro, formado em Biologia Humana, se dedicava a aperfeiçoar a fórmula do tempê, o segundo, que é designer, criava a identidade visual do carro-chefe do negócio que surgia.

A empresa abriu as portas, oficialmente, em 2016, resultado de um investimento de 60 mil reais, de ambos os sócios. Hoje, eles vendem 600 quilos do alimento por mês.

O tempê da Mun está à venda em quatro sabores. Originalmente, o tempê é feito de soja, mas pela dificuldade inicial de encontrar um grão que não fosse transgênico e que já viesse descascado (característica essencial para a produção), os dois começaram com uma versão de feijão fradinho com arroz negro e de ervilha com quinoa vermelha. Depois, com a aquisição de uma máquina descascadora e de um fornecedor orgânico, introduziram a opção de soja e de grão de bico. As embalagens, de 275 gramas, custam de 12 (na loja de fábria) e 22 reais nos revendedores.

COMO VENDER UM ALIMENTO DESCONHECIDO?

A ideia inicial dos sócios era simplesmente vender tempê in natura congelado para que os clientes pudessem prepará-lo em casa da forma como desejassem: em tiras, cubos, assado, frito, grelhado, refogado etc. Mas, por ser um produto novo para o paladar brasileiro, Eduardo conta que a Mun Artesanal precisou encontrar formas de apresentar a proteína vegetal, inclusive para muitos vegetarianos e veganos que nunca ouviram falar do que os empreendedores chamam de “super alimento”.

O primeiro caminho foi participar de eventos. “O objetivo é desmistificar a questão dos fungos e convencer as pessoas a provarem o tempê. Para isso, as degustações são fundamentais. Queremos mostrar que dá para repetir em casa o que a gente oferece ali”, afirma o designer.

Outra maneira de popularizar o produto é a “Sexta Vegan”, evento semanal realizado na sede da empresa, na capital paulista, das 17h às 22h, no qual os empreendedores oferecem o tempê em formato de lanche — no caso hambúrgueres, vendidos a 13 e 15 reais. O produto é vendido congelado. Se ficar na geladeira, dura cinco dias. No freezer, até seis meses.

No entanto, a principal dificuldade é justamente esta: saber como preparar o tempê. “A gente compara um pouco com o tofu (espécie de queijo de soja, de origem japonesa, com sabor suave), que tem diversas formas de comer, mas precisa de tempero, de um toque especial para ficar saboroso”, fala Eduardo.

Hambúrguer feito de tempê: o lanche é vendido pela Mun Artesanal na Sexta Vegan para popularizar o produto.

Por isso, um terceiro caminho escolhido pelos empreendedores, além dos eventos e da “Sexta Vegan”, é a realização de oficinas. Nestas aulas, com duração de três horas, a dupla aborda, na parte teórica, a história e a origem do produto. Thomas conta um pouco do que é falado no curso: “Gosto de comparar com o pão francês. Assim como ele, na Indonésia, o tempê é uma comida comprada e consumida no mesmo dia. Não existe apenas um mega fabricante. É como padaria, cada esquina tem um”.

Durante o curso os participantes também aprendem sobre as propriedades do alimento, um prebiótio rico em proteínas (40 gramas por pacote, o que corresponde a 50% do valor diário recomendado) e em fibras (35 gramas por pacote, mais do que 100% do valor diário recomendado), como ele é produzido e como prepará-lo. São ensinadas quatro receitas, algumas estão no próprio site da empresa. As oficinas são bimestrais e custam 100 reais por pessoa (a próxima acontece dia 7 de julho).

MAIS PRATICIDADE, MAIS ADEPTOS DA CAUSA

Os sócios também entendem que para criar uma empresa sustentável financeiramente, não basta que uma pessoa experimente e compre o produto apenas uma vez. “Não é só esse trabalho de provar. É provar e incorporar o consumo no seu dia a dia” diz Eduardo.

O tempêroni é um subproduto da Mun Artesanal. Parece uma linguiça, mas é feito à base de tempê e fécula de mandioca.

Pensado em uma maneira prática dos consumidores introduzirem o alimento em suas dietas e levando em conta que, hoje em dia, poucas pessoas têm tempo para se dedicar à cozinha, a Mun Artesanal desenvolveu um subproduto: o tempêroni. Feito com tempê de feijão fradinho e fécula de mandioca, moldado e pré-cozido no formato de uma linguiça, é vendido temperado e pronto para o consumo.

Eduardo diz que também estão testando produzir um embutido, discos de hambúrguer e uma espécie de bacon, que possam ser preparados mais facilmente. Eles evitam usar nomes que remetam à carne, pois querem aproximar os produtos do que eles realmente são: tempês condimentados. Mas enquanto não batizam os futuros produtos, usam palavras como bacon e presunto para se referir às criações.

COMO UNIR O URBANO AO NATURAL NO DIA A DIA

Este trabalho de “formiguinha”, como os próprios empreendedores denominam, já rendeu à Mun Artesanal parceria com mais de 50 pontos de venda, inclusive em cidades de outros estados como Balneário Camburiú (SC), Goiânia, Natal, Recife, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. Boa parte delas,conquistada graças às redes sociais da empresa. “Não foi uma campanha ativa de irmos atrás das lojas. Elas conheceram a gente no Instagram e entraram em contato querendo nosso produto”, conta Thomas.

No começo, os sócios não conheciam nada de transportadoras e só se arriscavam a enviar o tempê caso a loja já tivesse algum meio de transportá-lo. Hoje, aprimoraram o sistema e conseguem enviar o tempê, inclusive, para pessoas físicas de outros estados.

Os “braços” da empresa em outros grandes centros mostram que o propósito da dupla faz sentido. Para eles, urbano e natural são sinônimos possíveis. “O que a gente mais vê no mercado é este apelo para a roça, enquanto a realidade do mundo é que mais do que metade da população mora em cidades”, diz Thomas. E continua:

“O futuro é no meio das aglomerações urbanas e queremos provar que é possível fazer decisões sustentáveis mesmo em uma metrópole”

Não à toa, afirmam os sócios, a sede da empresa fica em um bairro central paulista, o Bom Retiro, e o logo do negócio é uma lua, que tem relação com as mudanças e os ciclos da vida. Símbolos e referências que trazem um incentivo a mais aos interessados em provar o tempê: uma pitada cósmica e urbana à uma comida milenar.

DRAFT CARD

Draft Card Logo
  • Projeto: MUN Artesanal
  • O que faz: Produz tempê
  • Sócio(s): Eduardo Pimental e Thomas Hendee
  • Funcionários: 5 (incluindo os sócios)
  • Sede: São Paulo
  • Início das atividades: 2016
  • Investimento inicial: R$ 60.000
  • Faturamento: Comercializa 600 kg de tempê por mês
  • Contato: [email protected]
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