Não tem como falar de ESG sem citar sustentabilidade. A Organização das Nações Unidas (ONU) definiu o conceito da seguinte maneira, em 1987:
“Sustentabilidade é suprir as necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazerem as suas próprias necessidades.”
Essa definição levou quatro anos para ser formulada e foi publicada no relatório Our Common Future (“Nosso Futuro Comum”), da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada em 1983 pela ONU.
Presidido pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, o grupo foi apelidado de “Comissão Brundtland” e trabalhava para conciliar ecologia com prosperidade. A meta surgiu a partir do diagnóstico de que o desenvolvimento econômico sacrificava o meio ambiente e a equidade social, sendo, portanto, incompatível com uma prosperidade duradoura.
Ou seja, embora o conceito esteja cada vez mais associado à preservação ambiental, a sustentabilidade, desde a sua definição mais antiga, é considerada fundamental também para o desenvolvimento econômico e social de comunidades, nações e do próprio planeta.
A semente plantada nos anos 1980 firmou raízes ao longo do tempo e frutificou na Assembleia Geral da ONU de 2015, no que atualmente conhecemos como os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). A definição do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) sobre este conjunto de 17 metas demonstra como a sustentabilidade é algo sistêmico, que integra valores que vão além da ecologia:
“Os ODS representam um plano de ação global para eliminar a pobreza extrema e a fome, oferecer educação de qualidade ao longo da vida para todos, proteger o planeta e promover sociedades pacíficas e inclusivas até 2030.”
Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), existe, sim:
“A sustentabilidade é como um objetivo de longo prazo (ou seja, um mundo mais sustentável), enquanto o desenvolvimento sustentável se refere aos processos e caminhos para alcançá-la.”
Um desses caminhos são os já mencionados ODS. Dentre os 17 objetivos de desenvolvimento sustentável da ONU, há 169 metas específicas e mensuráveis, com prazo para 2030.
Para exemplificar, listamos brevemente os objetivos:
1. Erradicação da pobreza
2. Fome zero e agricultura sustentável
3. Saúde e bem-estar
4. Educação de qualidade
5. Igualdade de gênero
6. Água potável e saneamento
7. Energia limpa e acessível
8. Trabalho decente e crescimento econômico
9. Indústria, inovação e infraestrutura
10. Redução das desigualdades
11. Cidades e comunidades sustentáveis
12. Consumo e produção responsáveis
13. Ação contra a mudança global do clima
14. Vida na água
15. Vida terrestre
16. Paz, justiça e instituições eficazes
17. Parcerias e meios de implementação
Ao observar a lista, é possível notar que os itens se apoiam no já mencionado tripé formado pelas sustentabilidades econômica, ambiental e social – há quem inclua na conversa as sustentabilidades cultural e política no lugar da social.
Aqui no Glossário, já apresentamos algumas estratégias e conceitos usados para colocar a sustentabilidade em prática, como:
Apesar de haver mecanismos e políticas definidas ao longo de décadas para promover o desenvolvimento sustentável em níveis local e global, sob o consenso de que os recursos à nossa disposição são limitados, um dilema permanece…
Para o Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), a definição da ONU sobre sustentabilidade está vinculada aos termos “legado” e “continuidade”. Ou seja, o desenvolvimento sustentável em pequena ou larga escala demanda que pessoas e instituições sejam capazes de fazer uso razoável dos recursos naturais para que não sejam esgotados para as gerações seguintes.
Na vida real, contudo, a pesquisa “Estilo de vida sustentável no contexto brasileiro”, produzida pelo CEBDS e pela consultoria Havas, demonstra como a população tem ideias contraditórias sobre o tema:
• 84% dos participantes concordam que o progresso não é definido por consumir mais, mas consumir melhor;
• 75% acreditam que consumir em excesso coloca o planeta em risco e são simpáticos à ideia de uma sociedade em que as pessoas compartilhem mais e possuam menos.
Por outro lado, o mesmo levantamento revela que o consumo também é admirado e valorizado:
• 67% dos entrevistados respeitam/admiram pessoas que têm dinheiro para comprar o que quiserem;
• 57% concordam com a ideia de que se houver menos consumo, haverá menos empregos;
• 50% acreditam que uma economia saudável precisa de altos gastos por parte dos consumidores.
E você, acredita que dá para sustentar nosso nível de consumo de recursos e o planeta ao mesmo tempo?
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