Adiar a maternidade não é apenas uma decisão pessoal, mas cada vez mais uma escolha moldada por contextos sociais e profissionais. Afinal, o avanço das mulheres no mercado de trabalho infelizmente ainda passa pela possibilidade de controlar o próprio tempo reprodutivo.
No Brasil, essa tendência aparece com clareza nos dados. Entre 2003 e 2022, o número de partos de mulheres com 40 anos ou mais cresceu 83%, segundo o IBGE. E o mercado da fertilidade também está em ascensão. Deve movimentar 3 bilhões de reais até 2026, de acordo com a Redirection International. Mas o acesso aos tratamentos ainda é limitado, seja pelo custo alto ou pela falta de informação.
No novo episódio do Drafters, a repórter Maisa Infante conversa com a médica Larissa Matsumoto, especialista em reprodução assistida, sobre o que a ciência já permite — e no que ainda precisa avançar — para que mais mulheres tenham liberdade real de escolha.
Elas abordam também o uso de IA nos tratamentos, os programas de benefícios de fertilidade oferecido por empresas pioneiras e os impactos emocionais da jornada de tratamentos, como mostrou recentemente uma campanha do Grupo Boticário ao dar visibilidade aos sonhos e angústias das mulheres que tentam engravidar.
Segundo Larissa, falar sobre o tratamento ainda é um tabu:
“Não é uma coisa que você abre, muito porque não é um ‘Plano A’ de gestação. E aí isso traz um sofrimento, porque foge do nosso controle. Você não está no controle do próprio corpo, do momento que vai engravidar. Ao mesmo tempo que é muito difícil expor isso, é difícil [também] não ter suporte de alguém”
No videocast, tanto a entrevistadora quanto a entrevistada compartilham experiências pessoais. Maisa, 45, fez uma fertilização in vitro três anos atrás; Larissa, além de especialista no tema, teve seus óvulos congelados — e depois acabou engravidando de forma espontânea, agora aos 42. Confira a seguir o episódio:
O programa que encerra a primeira temporada do videocast discute como o mercado de trabalho precisa se reinventar e encontrar formas de abraçar a inteligência artificial de forma ética e humana.