Verbete Draft: o que é Liderança Criativa

Isabela Mena - 25 jan 2017
Jorgen Knudstorp, da Lego, é um exemplo de líder criativo.
Isabela Mena - 25 jan 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

LIDERANÇA CRIATIVA

 O que acham que é: Liderança em negócios de arte.

O que realmente é: Liderança Criativa é um estilo de liderança que, como o nome diz, baseia-se na criatividade em detrimento de valores tradicionais esperados de um líder, como foco e competitividade. Na Liderança Criativa, a postura do líder está diretamente alinhada a conceitos da Economia Criativa como disrupção e inovação, úteis tanto a empreendedores de startups como a executivos de grandes corporações.

Um Líder Criativo é aquele capaz de perceber mudanças e antecipar estratégias, arriscar e inovar, conhecer múltiplos pontos de vista, operar “em rede” (com especialistas, stakeholders etc), aplicar tecnologias emergentes, valorizar o capital humano e usar a intuição junto com a razão. Esses valores podem parecem subjetivos e, até por isso, para que funcionem de modo prático no mundo dos negócios, transformam-se em técnicas (uma delas o Design Thinking) ensinadas por grandes instituições e escolas especializadas no tema, no Brasil e no mundo.

André Coutinho, responsável pelo curso Shift de Liderança Criativa, da FIAP, diz que a prática é uma resposta ao chamado mundo VUCA (sigla, em inglês, para “volátil, incerto, complexo e ambíguo”). “É este o mundo em que vivemos agora, e nos mais variados campos: seja tecnológico, político, econômico, social ou ambiental.”

Professor de inovação da pós-graduação da ESPM e coordenador do curso Design Thinking e Liderança Criativa, Marcelo Pimenta diz que Liderança Criativa é um estilo de entender um sistema dinâmico e nele orquestrar ações de curto prazo alinhadas à visão de longo prazo prevendo possíveis evoluções e contribuições do time. “Isso se opõe a uma visão estática da vida, da economia e das pessoas”, conta.

Quem inventou: Coutinho conta que a expressão ganhou força nos últimos 10 anos, após diversas pesquisas realizadas com CEOs de gigantes como IBM, Adobe e KPMG, além de outras lideranças políticas e sociais. “Elas revelaram que para enfrentar os desafios do século 21 era necessário um perfil de liderança diferente, que pudesse trabalhar pela transformação dos negócios e não pela manutenção do status quo.”

De acordo com Coutinho, o Copenhagen Institute for Future Studies estima que, em 15 anos, metade das empresas Standard & Poor’s 500 (as 500 maiores empresas dos EUA), não estarão mais no ranking por falta de liderança criativa. “Elas serão superadas, sobretudo, por startups que implementam a Liderança Criativa e têm modelos de negócios disruptivos”, afirma.

Quando foi inventado: O estudo do Copenhagen Institute for Future Studies, Innovation & Leadership, é de 2012.

Para que serve: Para liderar ou transformar negócios, organizações e programas sociais. Coutinho diz que a Liderança Criativa também pode ser aplicada em movimentos ou iniciativas de criação: “Ela entra sempre que for necessário intervir para mudar o que já está estabelecido”.

Quem usa: Empresas tradicionais, startups e qualquer negócio ou área alinhado à inovação. Alguns exemplos de Líderes Criativos mundiais são Elon Musk, da Tesla, Jorgen Knudstorp, da Lego, Jeff Bezos, da Amazon, Richard Branson, da Virgin, Mark Parker, da Nike e A.G.Lafley, da P&G.

Pimenta conta que um exemplo de Líder Criativo brasileiro é Flávio Augusto, da WiseUp: “Ele é dono também do Geração de Valor, do Meu Sucesso.com e do Manchester City. É um Midas que apaixona a todos que trabalham com ele.”

Efeitos colaterais: A Liderança Criativa tem mais propensão a erro e a perda de investimento financeiro. Coutinho diz que ela pode, por isso, ser vista como irresponsável por alguns setores. “Há esses pontos, mas todos erram. Muitos projetos do Google falharam, como o Google Wave, e o Google Glass, mas nem por isso a empresa deixa de continuar arriscando em novos projetos”, diz.

Quem é contra: “Qualquer pessoa ou instituição que seja contra a mudança, que não aceite uma opinião divergente, que é contra o poder da colaboração e que esteja 100% convicta de suas certeza”, afirma Pimenta.

Para saber mais:
1) Leia, na Harvard Business Review, o texto Creativity and the Role of the Leader, que tem como fontes pesquisadores de instituições internacionais renomadas. Também na HBR, leia 3 Things the Most Creative Leaders Do, que traz dicas.
2) Assista ao TED Talk How art, technology and design inform creative leaders, de John Maeda, presidente da Rhode Island School of Design.
3) Leia, no Draft, THNK: uma aula sobre liderança criativa, diretamente da Holanda, aqui no Brasil, do jornalista e empreendedor Filipe Callil, fundador da ClapMe (“Palco Virtual” onde artistas se apresentam ao vivo e interagem com o público). Ele conta como foi participar da escola holandesa cujo principal objetivo é formar novos líderes criativos e promover soluções disruptivas para problemas sociais.
4) Leia, na Inc., How to Draw Inspiration from Art to Enhance Your Creative Leadership. Segundo o texto, a área de negócios tem muito a aprender com as artes em termos de liderança, inovação e criatividade.

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