Adriana Garcia, do OrbitalLab: como o Design Thinking pode salvar o jornalismo

Joana Andrade - 27 jan 2015Adriana Garcia, do OrbitalLab: disseminando a inovação e o espírito empreendedor entre os jornalistas e comunicadores brasileiros
Adriana Garcia, do OrbitalLab: disseminando a inovação e o espírito empreendedor entre os jornalistas e comunicadores brasileiros
Joana Andrade - 27 jan 2015
COMPARTILHE

Adriana Garcia acorda todo dia pensando na construção e um ecossistema que traga novas vozes ao jornalismo brasileiro, formado por empresas jornalísticas que pensem novos negócios, por universidades que preparam jornalistas para serem também empreendedores – que entendam o universo das startups, que tenham contato com investidores e que entendam a mídia como um ambiente de negócios influentes, inovadores e transformadores.

É isso que Adriana enxerga quando pensa o futuro da profissão. E para refletir melhor a respeito do tema, ela criou, no início de 2014, o OrbitalLab, projeto com o objetivo de acelerar a inovação nas áreas de jornalismo e de comunicação no país.

“Nossas ações são pensadas para ajudar na construção de ambientes inovadores que resolvam problemas complexos e encontrem soluções digitais sustentáveis que beneficiem empresas, consumidores e a sociedade como um todo”, diz Adriana. “Para isso, levamos métodos utilizados pelas startups de tecnologia do Vale do Silício para dentro das universidades e das redações no Brasil. Queremos ajudar mais jornalistas a empreender, criando novos produtos com novos modelos de negócio.”

A ideia do OrbitalLab surgiu após o retorno de Adriana ao Brasil – ela atuou por 15 anos como correspondente da agência de notícias Reuters, nos Estados Unidos. O projeto foi gestado em conversas com seu ex-aluno na faculdade Cásper Líbero, Leandro Beguoci, seu sócio do OrbitalLab.

“Quando voltei ao Brasil em 2010, percebi que a grande crise do jornalismo vivida nos Estados Unidos, que acarretou em demissões em massa e na necessidade de se repensar o modelo de negócio da indústria da mídia, ainda nem tinha chegado por aqui. Mas ela estava por vir”, diz Adriana. “Ao mesmo tempo, eu via nascer no país um ecossistema de startups em outras áreas, como e-commerce, por exemplo, e me perguntava por que os jornalistas ainda não estavam se juntando a designers, desenvolvedores e profissionais do marketing testar novos produtos e modelos de negócio em nossa indústria”.

A ideia do OrbitalLab foi apresentada à Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, e inscrita no programa Jonh S. Knight Journalism Fellowships at Stanford que, todo ano, seleciona cerca de 20 projetos ligados à inovação e ao empreendedorismo em jornalismo. O programa garante a seus idealizadores a chance de desenvolver o projeto dentro da universidade, em uma espécie de laboratório sobre o tema, com aulas, palestras, workshops e uma espécie de incubadora à disposição para estimular jornalistas a empreender, inclusive a partir da colisão criativa com profissionais de outras áreas.

A técnica utilizada para o estimulo ao surgimento desses novos empreendimentos em mídia é o Design Thinking, que Adriana estudou na d. school: Institute of Design at Stanford, referência mundial de ensino e pesquisa sobre o método. A ideia é criar um idioma comum para que pessoas de áreas diferentes possam trabalhar juntas de forma criativa.

O Design Thinking é aplicado em todos os serviços oferecidos pelo OrbitalLab – consultoria, educação executiva, programas imersivos no Vale do Silício, eventos, palestras, prototipagem de novos negócios, produção de conteúdo e comunicação digital estratégica.

Adriana cita um projeto que desenvolveu para uma grande empresa de comunicação do sul do país, cujo objetivo era repensar a cobertura jornalística do verão, feita da mesma forma todos os anos, criando produtos rentáveis com essa revisão. Para isso, a jornalista promoveu uma imersão de 14 horas com pessoas de várias áreas de atuação na empresa para definirem em conjunto, a partir dos interesses da marca, um objetivo para a ação e para a prototipagem dos produtos.

“Nossa ideia era criar produtos editoriais de qualidade pelos quais as pessoas estivessem dispostas a pagar. Para isso elas precisam enxergar valor nos serviços que estão sendo desenvolvidos. Com essa experiência, percebemos que as pessoas, de modo geral, não estão mais vendo valor no processo de produção do jornalismo atual, no jornalão impresso, e que é preciso pensar em um novo formato de produção e entrega de conteúdo”, diz Adriana.

O OrbitalLab deu início, também em 2014, a projetos voltados à educação, iniciando uma parceria com uma universidade paulista. O objetivo é reformular, até 2020, os currículos de cursos na área de Comunicação da instituição. “Para pensarmos novos negócios, é fundamental que os jovens jornalistas sejam estimulados em sala de aula estímulo a empreender, a pensar de modo inovador, a criar novos modelos de trabalho e de atuação”, diz Adriana.

 

DE EMPREENDEDOR PARA EMPREENDEDOR

 

Que softwares você usa no seu computador pessoal?
Eu uso o Chrome. No Chrome acesso o Gmail. No Gmail acesso o Google Drive. Minha vida está basicamente lá. Faço o download de documentos importantes em formato pdf e salvo no laptop. Cada vez estou simplificando mais e montando as minhas apresentações em telas no Google Docs.

Dica de configuração ou atalho?
Os atalhos que me salvam são basicamente serviços de curadoria de conteúdo. Uso bastante o Pocket para guardar textos interessantes. Como começo o dia olhando os e-mails, minhas newsletters matinais são tão importantes quanto o ar que respiro (sou particularmente viciada na do Quartz, nas do Finacial Times, do Prismatic e na do Nuzzel, que filtra o que me interessa do Twitter). Não tenho tempo de ficar surfando em dezenas de aplicativos noticiosos, faço isso a partir da tarde apenas, olhando os jornais brasileiros e a Reuters. Para relaxar, gosto do Brainpickings, do New York Times e da New Yorker.

Qual a sua relação e opinião sobre cloud computing?
Acho muito prático, mas morro de medo de perder tudo um dia…

Como seria o computador dos seus sonhos
Teria bateria eterna, seria à prova de água, filhos e bichos. Não teria spam e ficaria sempre conectado em uma banda de, no mínimo, 200 mega…

 

AssinaturaHP

 

Com esta série HP/Intel no Draft, vamos falar das ferramentas e tecnologias usadas pelos inovadores. Do lifestyle e dos novos jeitos de trabalhar dos game changers brasileiros. Dos novos espaços de trabalho e dos novos jeitos de gerir dos nossos makers. Do como pensam e como fazem negócios os empreendedores criativos do país.

COMPARTILHE

Confira Também: