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Leite de banana? Eles criaram uma versão plant-based da bebida com a fruta mais consumida no Brasil. Conheça o Banana Milk

Dani Rosolen - 2 set 2025
Marina Sena e Marcos Christol, sócios do Banana Milk.
Dani Rosolen - 2 set 2025
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Mesmo não sendo intolerante à lactose ou uma pessoa adepta do veganismo, você já teve ter visto nas gôndolas dos mercados diferentes opções de leites vegetais, que vão dos feitos de aveia a oleaginosas, como amêndoas, amendoim e castanha de caju.

Neste ano, essa categoria de produtos ganhou uma opção à base da fruta mais consumida no Brasil e a mais cultivada no mundo. A empresa Banana Milk, de Florianópolis, criou o primeiro leite vegetal do país feito de banana.

Segundo Marcos Christol, fundador da empresa:

“Muitas nutricionistas indicam nosso produto como a única solução para pessoas que têm alergia a nuts ou ficam inchadas com leite de aveia e de vaca. Mas o que vemos como diferencial é o nosso sabor” 

Não se engane, não se trata de uma vitamina. O sabor da versão original é suave, com um toque de canela, e as demais versões são saborizadas com cacau e baunilha (há ainda uma opção para preparar cafés, a barista). 

ANTES DO BANANA MILK, ELE TEVE UMA PIZZARIA E UMA QUEIJARIA

Formado em gastronomia, Marcos, 40, estagiou nas cozinhas de estabelecimentos renomados em São Paulo, como o Sallvattore, do chef Pier Paolo Pichi, e o La Vecchia Cucina, de Sérgio Arno. Depois, chegou a trabalhar em um restaurante na Itália, até abrir seu próprio negócio gastronômico em Florianópolis, cidade onde o paulistano escolheu viver, há mais de 20 anos.

“Em 2007, abri uma pizzaria pequena e fomos crescendo até chegar a seis lojas da Forneria Catarina em operação, em Florianópolis” 

Para atender a uma demanda da própria pizzaria (e posteriormente até revender para outros estabelecimentos), ele resolveu abrir também uma queijaria. “Eu comprava muita burrata e stracciatella de São Paulo, mas a logística era bem complicada. Esses produtos são altamente perecíveis, duram uns sete dias. E chegavam de avião aqui com apenas três dias para o uso. Então, fiz as contas e decidi abrir uma queijaria.” 

Marcos esteve à frente dos negócios por 17 anos, até que no começo do ano passado, quando a filha nasceu, ele decidiu vender sua parte da empresa. “Eu não sabia ainda o que ia fazer. Queria dar um tempo. Mas depois de um mês, não consegui mais ficar sem trabalhar. Então, comecei a pesquisar sobre o mundo plant-based.“

O FOCO PASSOU A SER O MERCADO DE LEITES VEGETAIS

O interesse por esse universo surgiu ao ver que o mercado plant-based estava crescendo. Ele chegou a cogitar a área de iogurtes veganos, mas pela sua experiência com os queijos, sabia que era um item perecível. Queria atuar com uma opção que tivesse mais durabilidade nas gôndolas do varejo e fosse mais escalável. Passou então a voltar suas atenções para a área dos leites vegetais. 

“Dentro da categoria à base de plantas, vi que era o produto que mais crescia, mesmo assim, ainda ocupa pouco espaço no Brasil, cerca de 1% de todo o mercado de leite”, afirma.

“Fiz uma comparação com o mercado das cervejas artesanais, que começou com um público muito pequeno, mas que ia tirando espaço de cervejas convencionais. Se você pensar, 1% do mercado da Brahma ou da Skol já é muita coisa. Pegando essa mesma lógica, achei que seria interessante investir meu tempo e dinheiro no setor de leites vegetais” 

Em 2024, Marcos foi buscar ajuda para formatar o novo negócio e fez inclusive uma consultoria com Leila Okumura, da Local.e, que ajuda a acelerar marcas locais (veja a reportagem sobre a empresa aqui). A ideia de usar banana surgiu porque o empreendedor, que consumia apenas leite de vaca, não se identificava com os sabores dos leites vegetais que já tinha provado. 

“Cheguei até a cogitar ter também um leite de aveia por conta da aceitação, mas a Leila bateu muito na tecla de que a gente tinha que levantar uma bandeira e seguir com ela. Então, focamos na banana”

Para ajudá-lo nesta empreitada, ele convidou para a sociedade uma amiga de longa data, Marina Sena, 30. Com carreira nas áreas de administração e marketing, ela divide com ele praticamente todas as demandas da empresa. “Desde o início, sem nem saber qual seria o produto, ela comprou a ideia de ser sócia.”

UM LEITE VEGANO, SEM ADIÇÃO DE AÇÚCAR E COM “UMA PENCA DE SABOR”

Numa pesquisa rápida na internet, o que mais aparece quando se pesquisa “banana milk” é um leite típico da Coreia do Sul. “É um produto muito forte nesse país, mas feito com leite de vaca fermentado, bem diferente da nossa proposta”, diz Marcos. E complementa:

“A gente se inspirou, na verdade, em uma marca dos Estados Unidos chamada Mooala, que dentre suas opções de leite vegetal vende também o de banana. E pensamos que com a banana do Brasil essa criação ficaria muito mais gostosa” 

Após vários testes de bancada com uma equipe de P&D, Marcos chegou ao Banana Milk e seus quatro sabores: Original, Baunilha, Cacau e Barista (usado para preparar cafés). “Na composição do nosso leite vai 30% de banana nanica produzida aqui em Santa Catarina. Só para termos de comparação, no de aveia vai 7% desse ingrediente. Por isso, nosso produto tem uma textura muito mais cremosa.”

A opção Baunilha do Banana Milk vai bem com café.

O empreendedor também explica que os produtos da marca não levam açúcar (o de cacau e o barista têm stevia). Entre outros ingredientes da bebida estão a semente de girassol e óleo de girassol (apenas no barista) e a proteína de ervilha. 

“Temos o desafio de educar os consumidores a respeito do sabor. A gente sente que quem já toma leite vegetal, está mais aberto a experimentar. Já quem não tem esse hábito pode não comprar nosso produto por achar que é um shake de banana.”

PARA BEBER PURO, LEVAR DE LANCHE NA ESCOLA, USAR COMO PRÉ-TREINO, PREPARAR UMA RECEITA, UM CAFÉ E ATÉ UM MATCHA

Marcos dá algumas recomendações sobre os usos dos produtos para além da bebida pura. “O Original é o mais versátil, pode ser usado para fazer mingau, arroz doce, rabanada, canjica. O Baunilha também. Fica incrível em shakes, bowls, cafés gelados e matcha.”

Já o Barista é o mais recomendado para para cafés (quentes ou gelados) e também para matcha. E o Cacau, segundo a marca, mata a vontade de uma bebida docinha. Os produtos são envasados por uma empresa terceirizada no interior de São Paulo e vendidos nos tamanhos de um litro e de 250 ml. Essa embalagem menor, diz Marcos, tem atraído a atenção de mães e pais que buscam uma opção mais saudável de lanche para os filhos.

“Aqui em Florianópolis, existe uma lei municipal que proíbe a venda de produtos com açúcar nos colégios, o que abriu as portas para vendermos em cantinas escolares. Agora, nossa distribuidora vai tentar uma abertura também em São Paulo”

Essa embalagem menor pode ser encontrada em todos os sabores e também em uma versão proteica, com 15 gramas de proteína de ervilha. O produto pode ser usado como pré-treino, por exemplo. E falando em embalagem, a empresa já ganhou inclusive dois prêmios pela identidade visual das caixinhas Tetra Pak desenvolvidas pelo FatFaceStudio — e está concorrendo a mais um no momento (Prêmio Abre 2025). 

O MAIOR DESAFIO AINDA É A DISTRIBUIÇÃO, MAS A META É CHEGAR ATÉ OS CONSUMIDORES DE FORA DO BRASIL

Hoje, a linha do Banana Milk pode ser encontrada em 200 pontos de venda em Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo – em estabelecimentos como supermercados, empórios e padarias. Pelo canal do Banana Milk na Amazon, é possível também encomendar o produto para a entrega em qualquer cidade brasileira. Para se ter uma ideia de preço, nesse marketplace, o litro das três versões da bebida custa R$ 23,88. Já as embalagens de 250 ml, R$ 9,88 (e a versão proteica, R$ 13,88).

O Banana Milk Original pode ser consumido puro ou em receitas.

“Nosso maior desafio ainda é a distribuição, conseguir entrar nas redes de varejo. Optamos, de cara, por entrar na região Sul e na Sudeste, em São Paulo.” Mas também há o desafio do “sell-out”, que é chegar, de fato, no consumidor. 

“Uma coisa que a Leila sempre fala é que não adianta vender para o varejo e deixar o produto lá. Não dá para achar que as pessoas vão ver e querer comprar. Tem que fazer o produto girar na gôndola, com degustação e outras ativações de marketing” 

Por isso, uma das metas de curto prazo do Banana Milk é trabalhar para melhorar a exposição da marca. “Queremos alcançar mais estados”, diz Marcos. E para o futuro, quem sabe pensar em exportação: “A gente acredita que um produto com a banana brasileira tem potencial de ser muito bem visto fora do país.”

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