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Com os juros baixos, como direcionar a sua estratégia de investimentos?

Bruno Leuzinger - 16 abr 2018
Amerson Magalhães, diretor da Easynvest: quem quer ganhos mais altos precisa assumir mais riscos
Bruno Leuzinger - 16 abr 2018
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Ganhos polpudos e baixo risco não combinam, mas essa era a realidade de até bem pouco tempo atrás no Brasil. Os juros altos impulsionavam os investimentos em renda fixa, atrelados à taxa Selic, produzindo retornos de até 15% ao ano.

O jogo mudou. Depois de um pico de 10,67% em 2015 (o índice mais alto desde 2002), o Brasil fechou 2017 com uma inflação oficial de 2,95%, a menor em duas décadas. Foi também a primeira vez, desde a adoção do regime de metas em 1999, que o Índice de Preços ao Consumidor (IPCA) ficou abaixo do piso estabelecido pelo Banco Central.

A queda da inflação tornou possível suspender o remédio amargo dos juros altos. Desde o fim de 2016, a Selic vem caindo consistentemente, mês a mês: em março de 2018, o Comitê de Política Monetária fez o 12º corte seguido na taxa básica de juros, que caiu para 6,50% ao ano.

“Hoje, aquele investidor que quer um ganho alto precisa necessariamente fazer uma diversificação de carteira e assumir mais riscos”, diz Amerson Magalhães, diretor da Easynvest.

Se você já está arrancando os cabelos por conta das perdas acumuladas em seus investimentos de renda fixa, tenha calma. Amerson lembra que o ganho real não caiu tanto assim, já que é compensado justamente pela queda da inflação.

“Muitas vezes a gente olha só o rendimento nominal, mas também precisamos levar em conta o ganho real. Nos títulos do Tesouro Direto, às vezes você consegue uma rentabilidade superior a 5%, o que é de fato um ganho real expressivo.”

Portanto, nada de arrependimento por trocar a poupança pelo Tesouro Selic (e se você ainda não deu adeus à poupança, nunca é tarde!). Títulos privados como CDB, LCI, LCA e LC, e as debêntures são as próximas alternativas para quem busca uma rentabilidade mais significativa, sem abrir mão de investimentos vinculados à taxa de juros.

Agora, se você já chegou nesse patamar e continua disposto a aceitar um pouco mais de risco, Amerson apresenta três possibilidades de investimentos que permitem diversificar e tomar proveito de fato desse cenário de baixa taxa de juros.

A primeira são os Fundos Imobiliários. “À medida em que a taxa de juros cai, o retorno do aluguel passa a ficar mais interessante. Com os juros baixos você tem uma maior facilidade de financiamento de imóveis, o que deve ajudar a aumentar a procura, com reflexos na valorização das cotas dos Fundos Imobiliários, beneficiando o investidor”, diz Amerson.

Uma segunda alternativa para quem busca mais risco e rentabilidade, segundo o diretor da Easynvest, são os Fundos Multimercado.

“O gestor multimercado é aquele que procura a melhor oportunidade independente de qual mercado: seja no mercado de taxa de juros, seja no de ações, seja no de moedas, esse gestor está sempre procurando a melhor possibilidade de investimento para obter o melhor retorno.”

Parêntese importante: antes de investir em fundos (imobiliário, multimercado ou qualquer outro), é fundamental procurar saber quem são o gestor e o administrador responsáveis, qual a performance desse fundo e o perfil dos ativos em sua carteira. São informações que ajudam a identificar as gradações de risco de cada fundo e a tomar a melhor decisão para os seus investimentos.

“Pode ser um fundo um pouco mais conservador, pode ser um fundo que permite uma grande alavancagem… É importante saber quem é o gestor, quem é o administrador, para você não ter nenhum problema de performance lá na frente, e nenhum ativo que possa comprometer o resultado da carteira do fundo.”

Precaver-se contra possíveis sobressaltos é ainda mais indispensável em ano de eleições, que ampliam o grau de incerteza do mercado. Amerson acha difícil que haja movimentos bruscos na taxa de juros deste ano, mas vislumbra cenários um pouco distintos a depender de quem saia vencedor em outubro.

“Se for um governo mais liberal, a tendência é que a Bolsa suba e as ações se favoreçam. Se for eleito um governo mais intervencionista, ‘menos pró-mercado’, a tendência é que não tenha uma grande valorização das ações.”

Dito isto, as ações são sim uma possibilidade de investimento. E aí, para quem vai entrar agora no mercado de renda variável, uma boa alternativa são os ETFs (Exchange Traded Funds):

“Os ETFs nada mais são do que fundos de índice que permitem diversificação de carteira com um investimento muito baixo. E com essa diversificação de carteira o investidor acaba reduzindo o risco”, diz Amerson. “É possível também concentrar-se em alguns segmentos, focando seu ETF, por exemplo, em empresas que são grandes pagadoras de dividendos.”

As principais vantagens de um ETF para outro fundo de ação são a taxa de administração em geral mais baixa e o valor de investimento menor; a desvantagem é o custo de corretagem, já que as cotas dos fundos de índice são negociadas em Bolsa.

Para quem está dando o start agora em sua vida de investidor, Amerson faz um alerta importante: a necessidade de formar uma reserva de emergência, aquela graninha para segurar de seis a oito meses dos seus gastos, em caso de uma eventualidade.

“Primeiro faça essa reserva com ativos de liquidez, por exemplo o Tesouro Selic. É um título conservador, que ajuda também a atravessar momentos de turbulência, como neste ano de eleição. Depois, aí sim, escolha produtos conforme o seu perfil de risco.”

 

 

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