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A história do prêmio que tem o propósito de reconhecer a economia criativa

Giovanna Riato - 28 nov 2019
Apoiado pela Unesco, projeto destaca iniciativas inovadoras que entregam valor à sociedade.
Giovanna Riato - 28 nov 2019
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Como medir e mostrar à sociedade o valor do que é intangível? Foi a partir desta inquietação que Lucas Foster, psicólogo e especialista em criatividade, decidiu criar o Prêmio Brasil Criativo, iniciativa dedicada a reconhecer as pessoas e projetos mais promissores da economia criativa. “A nossa vocação é descobrir e valorizar novos talentos nesta área”, conta.

O prêmio começou a ser entregue em 2014 e, desde então, acontece a cada dois anos – desde o início com patrocínio do Sebrae, da 3M e do Itaú Cultural. Lucas diz que o reconhecimento já foi entregue a projetos que, mais tarde, ganharam grande projeção. Entre as iniciativas que ganharam mais alcance depois de receber o prêmio, conta Lucas, está o Museu do Videogame, projeto itinerante que leva esta cultura a todo o Brasil, e o Pimp My Carroça, feito para dar visibilidade, valorizar e melhorar o trabalho dos carroceiros e catadores de materiais recicláveis, com a criação do aplicativo Cataki, que conecta estes profissionais com a demanda por descarte de material.

“Tenho muito orgulho dos resultados que já conseguimos gerar com o prêmio até aqui. É um movimento de resistência pela valorização e reconhecimento de que o futuro da economia e sociedade brasileira dependem desta visão estratégica para a economia criativa”

AFINAL, O QUE É A ECONOMIA CRIATIVA?        

Segundo Lucas, 2019 marca o 25º aniversário do surgimento oficial da economia criativa. Ele conta que o marco oficial para esta indústria é o lançamento do manifesto Creative Nation, feito pelo primeiro ministro australiano, Paul Keating, para oferecer investimentos e fomentar a indústria cultural do país como uma estratégia para gerar riqueza àquela sociedade.

Dois anos depois, esta abordagem ganhou potência ao ser adotada pela Inglaterra, que reconheceu que sua indústria musical tinha mais alcance e potencial de gerar receitas do que a indústria automotiva e, portanto, deveria receber mais incentivos e atenção.

Lucas conta que o conceito da economia criativa é justamente o de criar, produzir e distribuir produtos e serviços cujo maior valor é carregar uma dimensão simbólica. É assim com a indústria cultural, do entretenimento, a economia digital, o mercado de games e tantos outros. São cadeias de valor fortes, mas que não entregam algo facilmente mensurável, conta.

Ainda assim, há números que demonstram o potencial desta efervescente frente. Enquanto o desemprego atinge 12 milhões de pessoas no Brasil, segundo os dados do IBGE, o PIB da economia criativa brasileira cresceu 70% em uma década. Levantamento da Firjan, organização destinada a promover a competitividade empresarial, aponta que o segmento gera mais de 800 mil empregos diretos no país.

Segundo Lucas, o Brasil abraçou oficialmente a economia criativa com certo atraso, em 2012, mas com uma estratégia consistente para isso. “Na época o extinto Ministério da Cultura criou o Plano Nacional para a Economia Criativa”, conta. No mesmo ano, surgiu o Prêmio. Nas duas primeiras edições, o comitê organizador trabalhou pelo reconhecimento da economia criativa como eixo estratégico de desenvolvimento do país, diz.

Naquele momento, a iniciativa já contava com a chancela do Ministério da Cultura e o apoio institucional da Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura.

FOMENTO AO SETOR DIMINUIU E ESTÁ AÍ, JUSTAMENTE, A RELEVÂNCIA DO PRÊMIO

O compromisso público em fomentar a economia do intangível diminuiu nos últimos anos, conta Lucas. Hoje a estratégia nacional para a área foi deixada de lado e é justamente por este contexto que ele entende que o Prêmio Brasil Criativo ganha mais importância.

“Os setores relacionados com a transformação digital são justamente os ligados à economia criativa. Por isso, estimular este segmento é estratégico para o Brasil, com resultados em geração de emprego, de renda e de competitividade global”

Para o empreendedor, o futuro do Brasil passa por aí e, portanto, o tema precisa ter protagonismo nas discussões estratégicas do País. Sem isso, diz, estamos perdendo espaço. Segundo Lucas, em 2019 a economia global cresceu 3,9% muito apoiada nesta frente.

Ele diz que Portugal, um país com população menor e mais velha, gera 1,9% de sua riqueza com a economia criativa. Na Colômbia esta taxa é de 3,9%. Enquanto isso, no Brasil o porcentual despenca para 0,9%. “Ainda exportamos matéria-prima e importamos produtos com valor agregado. Não devemos abrir mão do que fazemos bem, mas precisamos ter equilíbrio”, diz.

“Precisamos ser exportadores da economia criativa porque quando vendemos isso, levamos também nossa influência global, nossa imagem”

Apesar do contexto, Lucas entende que o Brasil tem um potencial criativo imenso. Segundo ele, é possível notar certo amadurecimento do ecossistema deste segmento da economia no país. O grande desafio agora, aponta, é consolidar este movimento e expandir esta rede de negócios em parceria com grandes empresas e com o suporte de uma política mais relevante de exportação de bens e serviços criativos brasileiros.

PREMIAÇÃO COM FOCO EM AUMENTAR A COMPETITIVIDADE BRASILEIRA

Neste empenho de jogar holofotes sobre um setor estratégico para o Brasil, Lucas diz que o objetivo do Prêmio Brasil Criativo este ano é focar em três pilares: liberdade, conectividade e diversidade. A difícil missão de selecionar os ganhadores entre os empreendedores inscritos está nas mãos de um time de jurados. “Formamos um grupo de profissionais com atuação relevante no mercado”, conta.

O time conta com Luiz Serafim (3M), Danielle Crahim (Mercado Livre), Hamilton Berteli (IBM), , Nayara Ruiz (Bradesco), Patricia Vital (TCL), Rafael Lazzaretti (CPFL), Hugo Pussolo (Theatro Municipal de São Paulo), Luiz Gustavo Pacete (Meio e Mensagem), Marisa Moreira Salles (BEI Editoras) e Tiago Yonamine (Trampos. O Prêmio recebeu 513 inscrições, cada um dos empreendedores doou 10 reais para fazer parte da seleção – dinheiro que será destinado ao financiamento coletivo de um projeto da economia criativa. Os projetos vencedores serão reconhecidos em 30 de novembro, durante o Pixel Show.

Este ano, o número de categorias diminuiu de 22 para 12, equiparando a premiação a modelos internacionais e ao padrão da Firjan. Tudo, conta Lucas, para dar à nova economia brasileira a competitividade que ela merece. “Garantir o reconhecimento e a visibilidade para quem trabalha pelo desenvolvimento econômico sustentável do Brasil é o mínimo que devemos fazer para mostrar que o futuro do país pode ser garantido por uma nova geração de empreendedores.”, reforça.

 

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