A CTG Brasil é hoje uma das maiores companhias de geração de energia limpa do país, com capacidade instalada de 8,3 GW. Operamos 12 usinas, duas pequenas centrais hidrelétricas e somos referência no setor como uma das únicas empresas com certificação em quatro normas internacionais ISO de forma integrada (ISO 9001, Gestão de Qualidade; ISO 14001, Gestão Ambiental; ISO 45001, Gestão de Saúde & Segurança; e ISO 55001, Gestão de Ativos). Entretanto, foi preciso muito esforço para estruturar um modelo de gestão que nos levasse a essas conquistas, que validam nossa atuação seguindo as melhores práticas.
Ao longo da jornada de uma década, a CTG Brasil foi crescendo no país com a aquisição de ativos hidrelétricos e o maior desafio era integrar a visão de cada unidade, fazendo com que elas atuassem como um todo. Para tanto, miramos na criação de um modelo de gestão robusto, que garantisse a excelência operacional e o crescimento sustentável da organização. O processo que viria a ser o nosso Sistema de Gestão Integrado, o SGI, partiu de um longo projeto que incluiu auditorias internas, estudos de objetivos e metas, monitoramentos de registros legais, gestão de documentos e mapeamento de todos os processos da organização. Só assim, pudemos entender como as coisas funcionavam e o que era preciso melhorar.
Gosto de elucidar o cenário anterior e o atual com uma situação simples: na época, fizemos um teste com todas as unidades pedindo que encontrassem a solução para arrumar uma parede da usina. E cada uma destinou uma área diferente e processos distintos para resolver a questão. Hoje, todas estão alinhadas e atuam da mesma forma. Mas o caminho foi longo para chegar a essa integração.
O segredo foi conhecer o nosso processo a fundo e entender onde era possível aprimorá-lo. Para conseguir as certificações, não queríamos trazer uma consultoria externa que ditasse novos procedimentos, que nos fizesse começar do zero. Nossa visão sempre foi a de encaixar nossas operações às realidades normativas. Nesse sentido, não criamos nada, apenas melhoramos. No final das contas, o resultado atende a todas as regras e é realmente útil para a empresa. Não investimos em nenhuma burocracia e, usando apenas a inteligência, conseguimos agregar valor ao negócio.
O time que respondeu pelo processo foi formado por pessoas de cada uma das áreas técnicas da CTG Brasil, que têm vivência e conhecem profundamente cada tema em que atuam. Dessa forma, elas trouxeram uma visão da operação de forma que os processos sugeridos não ficassem engessados e que todos fossem capazes de cumpri-los.
Conhecendo cada nível da organização, conseguimos incorporar atividades e implementar melhorias nos nossos indicadores. Tudo feito em tempo recorde. No primeiro ano, certificamos 12 usinas em três normas (ISO 9001, ISO 14001 e ISO 45001); e no segundo ano, nossas 14 unidades já tinham recebido certificação nas quatro normas. Nessa esteira, um ponto forte foi incluirmos a ISO 55001, sobre gestão de ativos, que é o nosso negócio. Assim, atuamos no core, na operação, engenharia de manutenção, em projetos.
O plano não tem a cara do mercado e, mesmo assim, cumpre todas as normas. Adaptamos tudo à nossa realidade, conversando com as nossas operações e atendendo às regras. Com o SGI, temos tudo integrado e a estratégia flui de forma muito melhor. Em nossa intranet consigo ver tudo, desde um procedimento de manutenção até o sistema de gestão de continuidade do negócio. Ter um sistema tão conectado é visto como valor. Para se ter uma ideia, hoje em nosso SGI, temos 3.396 planos de ações e melhorias, entre implantados e em andamento, 26.678 obrigações legais avaliadas e monitoradas, 116 processos mapeados e avaliados, e 222 procedimentos e políticas corporativas. Em relação aos nossos novos ativos, todo sistema já nasceu integrado e usa os mesmos preceitos.
E como tudo está linkado e pode ser acompanhado por meio do sistema, a agenda ESG ganhou ainda mais solidez. Com o SGI, podemos rastrear e monitorar o andamento das ações e fazer mudanças de rota para chegar aos objetivos. O que apresentamos nas discussões sobre sustentabilidade tem base crível que sustenta uma política robusta e a tomada de decisão acertada.
Nos dias de hoje, um dos grandes questionamentos dos CEOs é como conectar a estratégia ESG com a operação, e nosso Sistema de Gestão Integrado traz essa resposta, facilita esse link. Somos a única empresa deste mercado com as cinco certificações, e a única no país que conseguiu ter esse padrão de qualidade em 100% do parque: tanto nossa usina de Ilha Solteira, que é a sexta maior do Brasil, quanto as pequenas centrais seguem os mesmos processos. Por isso, diversas companhias, dos mais variados setores, têm nos procurado para pedir benchmarking.
E a lição que repito para todas elas é: comece fazendo um desenho do que você tem dentro de casa. Não é preciso partir do zero e seguir apenas os conselhos externos. Entenda qual é a sua realidade, traga as pessoas que entendem da operação para a discussão. Muitos sistemas morrem quando são criados por alguém do corporativo que não tem a vivência da realidade. Construam juntos, integrem as áreas, tenham uma visão coletiva. Só assim é possível agregar valor de verdade, alavancar as estratégias ESG e ser reconhecido.
*Aljan Machado é diretor de segurança e meio ambiente na CTG Brasil
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