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“É preciso ressignificar a perfeição e o sentimento de culpa, parando de estabelecer padrões inatingíveis”

Fernanda Cury - 10 fev 2020
Segundo um estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados Unidos, a Síndrome da Impostora atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais bem-sucedidos, principalmente as mulheres.
Fernanda Cury - 10 fev 2020
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Crédito imagem: Unsplash

 

Você é aquele tipo de pessoa segura e confiante? Ou vive se preocupando com a opinião dos outros e está constantemente tentando agradar os demais? Confia nas suas próprias competências ou, ao receber um elogio, não se sente merecedora?

Não importa como você respondeu as questões acima, refletir sobre a autoconfiança e mais, exercitar práticas que nos levem a sermos menos críticos com nós mesmos sempre vale a pena.

Para nos indicar o caminho dessa mudança, conversamos com duas especialistas no assunto, a Carine Roos e a Amanda Gomes, fundadoras da ELAS, primeira escola de liderança feminina brasileira. Um bate papo leve mais muito enriquecedor, para você fortalecer sua autoestima e enfrentar as batalhas de 2020 com mais tranquilidade e segurança.

 

Por que as mulheres tendem a sofrer tanto com a insegurança, baixa autoestima e Síndrome do Impostor?

Carine Roos: Porque fomos historicamente educadas para ser perfeitas (boas esposas, boas mães, ótimas profissionais, termos um excelente corpo, etc.). E essa insegurança acaba se refletindo no ambiente de trabalho, nas nossas relações, como consumimos e como empreendemos. Segundo um estudo realizado pela psicóloga Gail Matthews, da Universidade Dominicana da Califórnia, nos Estados Unidos, a Síndrome da Impostora atinge em menor ou maior grau 70% dos profissionais bem-sucedidos, principalmente as mulheres.

Como podemos nos tornar mais seguras, confiantes, autossuficientes e empoderadas?

Carine Roos: É preciso ressignificar a perfeição e o sentimento de culpa, parando de estabelecer padrões inatingíveis. É importante se autoconhecer, saber quais são os seus limites e principalmente os seus diferenciais para, depois, aprimorar aquilo em que é boa.

Pode dar dicas que ajudem nessa mudança comportamental? 

Carine Roos: Praticar meditação e ouvir mais a nossa voz interna é a primeira dica. A segunda é aprender a dizer não, delegar mais e não ser tão suscetível à validação externa. Ao aprender a gerenciar nossas emoções, focamos naquilo que é primordial, consequentemente fazemos o ambiente ganhar e também nós mesmas. Outro ponto é a busca por identificar a intenção positiva nas pessoas, assim entendendo que a interpretação do outro pode ser muito diferente da sua. Também é preciso buscar maior assertividade na comunicação, sem impor a sua opinião, mas influenciando o ambiente para que as pessoas tomem decisões baseadas nos seus insights e perguntas inteligentes. A Escola ELAS acredita que uma boa líder não é aquela que traz conclusões ou faz o trabalho do liderado, mas que por meio de perguntas influencia o liderado a chegar as suas próprias conclusões. E um verdadeiro exercício de influência e articulação.  Além disso, outra dica importante é buscar métricas no seu trabalho para aumentar a sua autoridade, bem como se conectar com as pessoas em um nível profundo.

Quais mudanças de pensamento devemos desenvolver para pararmos de nos boicotar? Aliás, por que nos boicotamos?

Amanda Gomes: Todas nós mulheres nos boicotamos com frequência, é algo que está enraizado em nossa realidade e que tem até um nome mais formal para isso: a famosa Síndrome da Impostora. O que está por trás?  A sensação de não sermos boas o suficiente, que sempre falta algo a mais em nós para nos sentirmos prontas para dar um novo passo ou assumir riscos, que determinados espaços não são para nós. Ou ainda achar que fazer bem feito e entregar algo excelente deveria ser considerado uma nota média, ou ter dificuldade para receber elogios, entre muitas outras coisas. Temos a excessiva exigência de agradar a todos em detrimento de nossa própria vontade para atender uma necessidade de ser “aceita”.

Realmente isso boicota e, dependendo da intensidade, nos impede de tomar decisões importantes que farão diferença em nossas vidas. E quando vemos estamos paralisadas no mesmo lugar. A raiz desses boicotes é um somatório de uma construção social que é estimulado desde a infância para o exercício da perfeição, ou seja, ter que ser boa em tudo: bonita, inteligente, boa mãe, atenciosa, organizada, etc, tudo isso “automatiza” nossa conduta e fortalece crenças limitantes.

Algumas regras importantes para pararmos de nos boicotar é exercitar mais “perguntas inteligentes”, assim assumimos um papel de fazer as perguntas certas para não distorcemos a nossa realidade. Por exemplo: Se você acha que alguém não gostou do seu produto ou trabalho, pergunte especificamente o que a pessoa entendeu sobre ele ou o que achou. Pode parecer simples, mas não fazemos essas perguntas, aparentemente óbvias e objetivas, porque “nos sabotamos dizendo: o que a pessoa vai pensar se eu ficar perguntando demais”. Perguntar é essencial para clarificar o que o outro entendeu e para promover atitudes mais assertivas.

Outro aspecto importante é estar presente para considerar os fatos de cada contexto, ou seja, eliminar as vozes internas que insistem em nos angustiar: “eu acho que ele não gostou…”; “eu acho que não vou ser promovida”; “eu acho que não vai dar certo…”. Toda vez que você ouvir uma voz interna começar com uma frase com “eu acho”, você está alucinando!  Procure se atentar aos fatos e, na dúvida, pergunte.

A partir de uma atitude simples como essa, você vai eliminar grande parte de interpretações distorcidas originadas pela Síndrome da Impostora.  E por fim, um aspecto muito importante é cada uma de nós se lembrar e honrar a sua própria história.

Todo mundo tem um repertório de vida com altos e baixos e é justamente por conta disso que chegamos até aqui. Se olharmos com carinho para nossa história e todas as nossas conquistas nesta jornada teremos a certeza de que somos boas, de que vencemos barreiras que nem imaginávamos e que temos coragem e determinação suficiente para enfrentar os desafios. Com certeza a vida já nos testou diversas vezes e ainda somos aprendizes, por isso podemos usar os nossos próprios recursos internos para superar o que vier pela frente.

 

Esta matéria pode ser encontrada no Itaú Mulher Empreendedora, uma plataforma feita para mulheres que acreditam nos seus sonhos. Não deixe de conferir (e se inspirar)!

 

 

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