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Ela conecta executivos que trabalham sob demanda e empresas em busca de líderes para solucionar desafios de forma rápida e prática

Italo Rufino - 4 dez 2024
Cristiane Mendes, fundadora da Chiefs Group.
Italo Rufino - 4 dez 2024
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A gaúcha Cristiane Mendes, 45, busca sua motivação no seu próprio lema: “Todo profissional talentoso está sempre em transição de carreira”. 

Empreendedora, investidora e mentora de startups, ela costuma procurar novas aprendizados e perspectivas incessantemente. Nos últimos dois anos, fez formações em futuro do ambiente de trabalho, coaching e ecossistema de inovação em pessoas. 

Também nos últimos dois anos, Cristiane viu a sua startup crescer mais de 200%. Ela é fundadora da Chiefs Group, HR tech que conecta executivos disponíveis para atuar sob demanda a empresas que precisam de líderes experientes e inovadores. 

Em 2022, Chiefs Group foi tema de reportagem no Draft. Na época, a startup porto-alegrense possuía uma base de 800 executivos prontos para participar de projetos pontuais. Hoje, são 1 200 chiefs, como são chamados os C-Levels da rede. Cristiane complementa, orgulhosa:

“A quantidade de projetos triplicou. Somente de janeiro a novembro, foram 107, sendo que cada um envolveu, em média, a contratação de três executivos da rede”

Um dos fatores que têm alavancado a empresa é a expansão do perfil de clientes. Antes, a Chiefs era focada em atender outras startups, que precisavam de executivos para estruturar a operação. Entre as principais demandas estavam planejamento estratégico, otimização de custos e desenvolvimento de canais de vendas. 

No entanto, nos últimos anos, a startup passou a atender médias e grandes empresas, inclusive de segmentos tradicionais. Os serviços são parecidos e abrangem principalmente: consultoria e manual de boas práticas na estruturação de modelos de trabalho sob demanda e seleção, onboarding e acompanhamento dos profissionais, até a finalização do projeto. 

AO RECORRER À EMPRESA, UMA CLIENTE DESCOBRIU COMO ECONOMIZAR CENTENAS DE MILHARES DE REAIS

Um ponto alto é a agilidade. A partir da assinatura do contrato, a empresa cliente recebe uma lista de sugestão de executivos em até 72 horas. Em métodos tradicionais, uma vaga de C-Level pode levar até seis meses para ser preenchida. 

Uma das novas clientes é a Vivara. A varejista de joias chegou com uma demanda bem objetiva: precisa reduzir custos por meio de inteligência artificial. 

De acordo com Gianpiero Sperati, diretor de gente e gestão da Vivara, a profissional contratada via intermédio da Chiefs tinha um ótimo currículo e um perfil prático. Em poucas semanas, ela conseguiu fornecer orientações capazes de economizar centenas de milhares de reais. 

Embora a Chiefs não forneça detalhes do projeto, parece que tem dado certo. Há poucos dias, num comunicado para o mercado, a Vivava reportou crescimento de lucro líquido de 40,1% no terceiro trimestre. 

Numa live da Chiefs Group, em junho, Gianpiero comentou: “Se todo mundo souber aonde precisa chegar, fica mais fácil se encontrar no destino final”. 

EFICIÊNCIA OPERACIONAL REQUER MÚLTIPLOS MODELOS DE CONTRATAÇÃO DE PESSOAL 

Se pudesse dar uma dica para a sua versão de 2022, Cristine diria “tenha paciência”. Para ela, ainda tem sido necessário educar o mercado sobre Futuro do Trabalho e Economia do Talento. 

Na real, não dá para esperar um futuro melhor para as empresas se os gestores de recursos humanos não fizerem, no presente, experimentações com foco em eficiência operacional. 

“A experimentação em gestão do trabalho envolve menos preocupação com atração e retenção e mais cuidado com uma nova arquitetura de capital humano”

Embora não haja uma fórmula única, ela diz que as empresas do futuro serão formadas por diferentes núcleos de trabalhadores, cada um com modelos de contratação diferentes. Nesse cenário de flexibilidade, as principais variáveis são: trabalho remoto x presencial; síncrono x assíncrono; período integral x período fracionado; 5×2 x 4×3; CLT x prestador de serviços; longo prazo x curto prazo.  

Por exemplo, numa indústria, os trabalhadores do chão de fábrica trabalham no modelo presencial, síncrono e período integral. Por sua vez, os trabalhadores administrativos tem jornadas hibridas, sendo que aqueles que não precisam de supervisão imediata também trabalham de forma assíncrona. Outra parte da equipe, só atua via squads. 

“Otimização financeira requer flexibilidade. Antigamente, um planejamento estratégico que sofria alteração durante a execução era tido como mal feito. Hoje, o mercado exige adaptações e pivotagens frequentes.”

TRABALHADORES CADA VEZ MAIS RESPONSÁVEIS PELOS RUMOS DA CARREIRA

De acordo com Cris, há três aspectos que garantem o sucesso dos trabalhadores no futuro do trabalho. 

Primeiro, ele precisa saber exatamente quais são as suas habilidades (os problemas que consegue resolver). Segundo, precisa contar com uma co-inteligência artificial. Ou seja, ter uma IA como colega de trabalho, professora e mentora para trabalhar com eficiência. 

Terceiro: criar e nutrir a sua própria rede de talentos, composta por outros profissionais que serão acionados na cocriação de soluções complexas e com grande retorno, tanto para eles quanto para os clientes. 

“Também é recomendado o profissional criar o seu portfólio, com projetos e empresas atendidas, comunicar os seus avanços e trabalhar a marca pessoal. Se cada profissional tiver a sua própria nuvem de talentos, as entregas serão mais potentes”

Uma das características dos Chiefs é a senioridade. Foi a experiência da rede da startup que chamou a atenção da Endeavor Brasil. Recentemente, a organização de apoio ao empreendedorismo passou por uma mudança na estratégia e posicionamento. Porém, percebeu que não tinha internamente todas as habilidades necessárias para a nova fase. Assim, usou a Chiefs para contratar um executivo de comunicação sênior. 

“É um profissional externo que bota a mão na massa, não fica só no papel consultivo”, afirma Paula Oliveira, líder de estratégia e operação da Endeavor Brasil. “Nos ajudou a criar diagnósticos, entender prioridades de mudança e contratar uma pessoa que ficará no cargo por mais tempo.”

Nesse sentido, há um fator que pesa para que as empresas adotem o compartilhamento de profissionais: a prática já acontece, pelo menos informalmente. 

Ano passado, a McKinsey publicou um estudo que agrupou os trabalhadores em seis arquétipos dentro de um espectro de satisfação, num contexto que reconhece a importância da experiência do funcionário como um impulsionador-chave da vantagem competitiva. 

Um dos arquétipos, que representa 5% do pessoal, consiste naquele profissional que tem mais de um emprego, muitas vezes sem o conhecimento de seus empregadores.

AMADURECIMENTO, RECEIOS E VERDADES VÊM GUIANDO A EMPREENDEDORA

Quando Cristiane conversou com o Draft em 2022, o Brasil tinha recém decretado o fim da pandemia de Covid-19. Naquela época, ela acreditava que os aprendizados decorrentes da crise social e sanitária causariam uma mudança positiva no modo de vida das pessoas. 

“No entanto, vejo que o mundo está mais instável do que nunca. Há guerras, polarização, burnout, eventos climáticos extremos…”

Outro movimento que ela tem percebido é uma consequência da maior quebra de empresas. Hoje, os empreendedores estão focados em eficiência operacional, numa tentativa de depender menos de investimento de risco. Por um lado, somente negócios relevantes e necessários poderão prosperar. Do outro, há uma tendência de menor apreço pela inovação. 

“O mercado não está investindo e estimulando o risco como antes. Isso é muito ruim para países como o Brasil, que precisam de muito fomento e inovação”

Na vida íntima, Cris teve que lidar com mais um desafio. Ano passado, ela precisou retirar o útero. O fato causou uma real sensação de fim de ciclo e a chegada de uma nova fase de amadurecimento. Um ano depois, ela está muito bem, inclusive tem gostado de se ver como uma pessoa madura. 

“O útero simboliza o ato de gerar — e eu continuo gerando ideias, projetos e impacto. Me sinto cheia de experiência e energia.”

 

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