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Eles criaram uma escola de negócios para ensinar nutricionistas a aumentar o faturamento e a oferecer mais resultado aos pacientes

Maisa Infante - 27 maio 2025
Samir Bayde e Lais Vilar, fundadores da Nutrição Sem Fronteiras (foto: Moyses Rhamon).
Maisa Infante - 27 maio 2025
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Quem quer perder peso e pode investir algum dinheiro nisso costuma procurar um nutricionista. Porém, muitas vezes a pessoa pendura o cardápio na porta da geladeira, não consegue levar a dieta em frente e logo recupera os quilos perdidos…

Foi algo mais ou menos assim que aconteceu com a cearense Laís Vilar. Ela conta que foi uma criança gordinha, que não conseguiu perder peso com o suporte profissional. Até que na adolescência, aos 16, Laís emagreceu 30 quilos por conta própria.

Curiosamente, mais tarde ela acabou se casando com um nutricionista. Hoje, Laís, 29, e o marido, Samir Bayde, 30, estão à frente da Nutrição Sem Fronteiras, uma escola de negócios para nutricionistas cujo foco é mudar a mentalidade desses profissionais para ajudá-los a ganhar mais dinheiro – e, claro, a impactar mais e melhor seus pacientes. Samir afirma:

“Somos uma escola de negócios que une marketing digital, gestão de alta performance e tecnologia com o mercado da nutrição. Ensinamos os nutricionistas a trocar o modelo de consulta pelo de acompanhamento e, assim, ter um retorno financeiro maior e oferecer mais resultado”

Fundada em 2022, a Nutrição Sem Fronteiras tem hoje cerca de 500 alunos. No ano passado, a empresa faturou 10 milhões de reais. 

LAÍS TEVE A SACADA DE QUE A METODOLOGIA CRIADA POR SAMIR PODERIA EMBASAR UM NOVO MODELO DE NEGÓCIO

Ex-fisiculturista, Samir se formou em nutrição pela Estácio, em Fortaleza, e começou a carreira atendendo atletas. Mas diz que nunca gostou do modelo de atendimento em consultório. 

Ele conta que, em vez de passar um cardápio e ver o paciente de novo só dali a dois meses, sempre buscou fazer um acompanhamento constante.

“Eu fazia um acompanhamento de três, seis ou doze meses e, entre as consultas, disponibilizava alguns formulários para coletar informações específicas do paciente e tomar atitudes mais proativas”

Foi a partir dessa experiência, combinada com estudos de gestão, vendas e marketing, que Samir criou o que mais tarde seria a metodologia da Nutrição Sem Fronteiras. 

Oceanógrafa de formação (ela nunca trabalhou na área), Laís teve o insight de transformar o método usado por Samir com seus pacientes em um modelo de negócios voltado para nutricionistas. A ideia, claro, veio de sua frustração com a atuação desses profissionais: 

“Tenho certeza que muitos nutricionistas acabam fazendo mais do mesmo, não porque eles querem, mas porque não pararam para estudar [e se atualizar].”

COM AULAS ONLINE GRAVADAS E AO VIVO, OS PROGRAMAS DE ACELERAÇÃO SE ESTENDEM AO LONGO DE UM ANO

Quando surgiu, a Nutrição Sem Fronteiras oferecia uma mentoria em grupo, semestral, para nutricionistas, que chegou a atingir 200 pessoas. 

Para torná-la mais efetiva, o casal desdobrou o modelo em três programas de aceleração. Há aulas online gravadas, aulas online ao vivo e, pontualmente, encontros presenciais, além de uma comunidade ativa no WhatsApp. 

Os programas duram um ano inteiro e têm diferentes níveis de aprofundamento. O Orion é voltado para nutricionistas que faturam a partir de 5 mil reais por mês e querem aprimorar vendas, fidelização, marketing e captação, incluindo o uso de inteligência artificial na criação de campanhas. 

O Atlas tem foco na transição para uma atuação mais estratégica, com crescimento de equipe e delegação de funções, para profissionais com faturamento mensal, atual, de 15 mil reais; e o Mastermind Chronos é pensado para quem está em fase de escalar o negócio, e já fatura pelo menos 40 mil reais. 

Os programas custam, respectivamente, 22 mil, 33 mil e 60 mil reais; os valores são parceláveis em 12 vezes. Laís afirma:

“São produtos que se assimilam ao ticket médio de uma pós-graduação ou um MBA. Mas o nosso foco não é entregar um grade curricular. O que fazemos é ensinar o profissional a trocar o modelo de negócio de consulta para o modelo de acompanhamento”

Segundo Samir, o faturamento do nutricionista aumenta em média 105% no primeiro mês de aplicação da metodologia e até 314% em seis meses. “Não é todo mundo que chega nesse resultado, mas temos vários profissionais que conseguem. E isso acontece porque eles deixam de vender uma consulta avulsa, que acaba diluindo o ticket médio.” 

Ele dá um exemplo: se um nutricionista no modelo tradicional cobra 300 reais por uma consulta e só revê o paciente dali a 60 dias, na prática os 300 reais viraram 150 reais por mês. 

“Quando o profissional migra para o modelo que ensinamos, passa a vender, por exemplo, um pacote de 900 reais por trimestre: são três consultas, uma por mês, mais o acompanhamento semanal pela nossa plataforma. O ajuste não muda muito a percepção de preço do paciente – e já permite dobrar o ticket médio mensal.”

A PLATAFORMA AJUDA A GERAR GRÁFICOS DE ACOMPANHAMENTO DE SONO, APETITE, ESTRESSE E DIGESTÃO DOS PACIENTES

Além das acelerações, a Nutrição Sem Fronteiras oferece acesso à plataforma Wellts, que auxilia os nutricionista na missão de acompanhar o paciente. 

A ferramenta fornece formulários automatizados e interativos que geram gráficos de acompanhamento em itens como sono, apetite, estresse, digestão, tudo feito através de uma auto avaliação. Há ainda uma parte de agendamento automático e financeiro.

A Wellts, segundo eles, é uma evolução do método check-in, usado por Samir no início dos seus atendimentos. Quando começou a ensinar a metodologia para os nutricionistas, ele mostrava o passo a passo de como fazer esse acompanhamento com a ajuda de formulários do Google e do Whatsapp. 

Em 2023, a Nutrição Sem Fronteiras criou seu próprio software para escalar o trabalho. Agora, no início de 2025, a startup comprou a Wellts (que, segundo o casal, nasceu inspirada na própria Nutrição Sem Fronteiras) e trouxe os desenvolvedores para dentro do negócio. Samir afirma:

“Queremos muito que a Wellts tenha o foco nesse acompanhamento e traga cada vez mais informações para o nutricionista, para que ele seja mais assertivo”

Os alunos têm acesso à ferramenta e quando deixam a aceleração podem comprar uma assinatura do produto, que também é vendida de forma avulsa.

ELES ESTAVAM PLANEJANDO RODAR O MUNDO DE MOTORHOME QUANDO DECIDIRAM FICAR E APOSTAR NA STARTUP

Samir sempre dividiu os atendimentos nutricionais com outras atividades. Junto com o pai, chegou a tocar o Soneca Night Box, um hotel dentro da rodoviária do Recife, e a Akokorô, um marca de apoio para os pés para facilitar a ida ao banheiro. 

Com Laís, ele teve também um estúdio de tatuagem, uma empresa de eventos e uma marca de cookies. Mas quando a Nutrição Sem Fronteiras começou a tomar forma, o casal estava prestes a embarcar em uma vida completamente diferente: cair na estrada de motorhome e viajar pelo mundo. 

À medida que o projeto da startup ganhava força, eles precisaram tomar uma decisão: partir ou ficar e apostar todas as fichas no negócio. Samir conta:

“Escolhemos a Nutrição Sem Fronteiras porque enxergamos que era algo com potencial real de impactar a vida de muitas pessoas. E isso ficou ainda mais claro quando começamos a ensinar e ver os ‘nutris’ contando como os pacientes estavam tendo mais resultado. Foi o que nos deu certeza de que esse era o caminho”

Com a decisão tomada, Samir resolveu se aprofundar em temas que, ele diz, nunca fizeram parte da grade da faculdade: gestão, marketing e vendas. Foi nesse momento que o casal decidiu investir 12 mil reais em uma mentoria com um amigo, Henrique Marinho.

“Foi ele quem me ensinou a vender o produto que eu já tinha”, diz Samir. “Passei um ano testando a mentoria, validando para ver se o modelo funcionava não só comigo, mas com outros nutricionistas também.”

Outro mentor que ele diz ter sido fundamental em sua trajetória é Rodrigo Terron, hoje conselheiro em tecnologia da Nutrição Sem Fronteiras.

 “SE O PROFISSIONAL SÓ QUER ‘VENDER UM INFOPRODUTO ENQUANTO DORME’, ELE NÃO SE ENCAIXA NO NOSSO GRUPO”

Samir e Laís deixaram Fortaleza e, desde fevereiro de 2024, vivem em São Paulo. A mudança se deu pela percepção, segundo eles, de que precisavam se conectar mais ao ecossistema de inovação para impulsionar o crescimento do negócio.

A Nutrição Sem Fronteiras não tem sede física, mas conta com 42 funcionários. Os nutricionistas interessados em acessar as acelerações precisam passar por uma seleção com um dos 15 estrategistas, mentores e consultores da empresa, que vão avaliar o estágio de maturidade do negócio e o momento daquele profissional.

Laís explica que, às vezes, o nutricionista até tem o faturamento para entrar no Mastermind Chronos, mas ainda precisa aprender coisas básicas; então, é encaminhado para a aceleração Atlas:

“Temos esse cuidado com quem vai entrar, porque nossos programas são de educação, mas também têm uma parte muito forte de comunidade” 

Esse aspecto de comunidade aparece como um dos pilares da cultura da empresa, segundo o casal. “O sucesso de um é o sucesso de todos. A gente tem essa vibe de compartilhar, contribuir, contar como fez, trocar mesmo.” 

Outro pilar é: o paciente no centro. “Esse é o nosso lema”, diz Samir. “Se a pessoa [que procura a Nutrição Sem Fronteiras] está só querendo vender um infoproduto enquanto dorme, ela não se encaixa no nosso grupo.”

 

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