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Em estudo inédito, ONU propõe comércio de “biocréditos” para financiar biodiversidade mundial

Mariana Sgarioni - 7 dez 2022 Mariana Sgarioni - 7 dez 2022
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Depois da tão falada COP 27, no Egito, que discutiu os rumos das mudanças climáticas do planeta, agora é a vez de uma outra conferência mundial: a COP 15, que começa hoje, 7 de dezembro de 2022, em Montreal, no Canadá, e que traz à tona um assunto não menos importante: a biodiversidade. Às vésperas da reunião, o Programa da ONU para o Desenvolvimento (PNUD) e o Instituto Internacional para o Meio Ambiente e Desenvolvimento (IIED) lançaram um estudo inédito com a proposta de “biocréditos”.

A idéia é usar a mesma lógica do modelos dos créditos de carbono só que desta vez para financiar a conservação e restauração da biodiversidade. Empresas e nações que geram impactos ambientais negativos sobre a biodiversidade devem gerar créditos, ou seja, arcar financeiramente com isso investindo em programas de preservação. “Os biocréditos são um novo tipo de ativo financeiro identificado como unidades de biodiversidade que são mensuráveis ​​e rastreáveis ​​e, portanto, podem ser negociados e vendidos para indivíduos, empresas e governo”, explica o comunicado do IIED.

Tom Mitchell, diretor executivo do IIED, afirmou que este financiamento deve ser canalizado para comunidades locais e povos indígenas, que seriam os guardiões mais eficazes da biodiversidade.

“Os biocréditos oferecem uma solução tangível para o desafio de como financiar a conservação e restauração da natureza. Evidências de esquemas de biocrédito já mostram que eles podem ajudar a preservar plantas, animais e ecossistemas preciosos, mas também canalizar significativamente o financiamento para comunidades locais e povos indígenas, que são os guardiões mais eficazes da biodiversidade”.

O PNUD e o IIED ofereceram, no documento, uma série de recomendações para o biocrédito. Os esquemas precisam garantir que as métricas que usam para definir uma unidade de biodiversidade incluam seu valor social e cultural. “Isso é particularmente importante no caso de terras e mares administrados por povos pndígenas e comunidades locais, dado o valioso conhecimento tradicional e cultural que esses grupos possuem”, diz o IIED.

COP 15

O assunto deverá ser amplamente discutido na COP de Montreal. A chamada Conferência da Biodiversidade pretende convocar todos os governantes para chegar a um novo conjunto de metas pela natureza por meio do Marco Pós-2020 da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU. Segundo as Nações Unidas, este documento estabelece um plano ambicioso para implementar ações e transformar a relação da sociedade com a biodiversidade, além de garantir que, até 2050, estejamos todos vivendo em harmonia com o meio ambiente.

Este ano, a COP 15 parece ter ganho mais força – no Egito, em novembro, durante a COP 27, ficou estabelecido que a crise da biodiversidade é parte inseparável da crise climática.

“O recado é claro: biodiversidade é valor, não problema. Não existe incompatibilidade entre desenvolvimento econômico, progresso social e conservação da floresta, da biodiversidade. Trata-se de uma lógica produtiva”, disse Denise Hills, diretora global de de sustentabilidade da Natura, em entrevista à NetZero.

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