Na última semana, foi aprovada pela Câmara dos Deputados a Reforma Tributária, que agora seguirá para o Senado onde também passará por uma votação em dois turnos. Apesar de ainda não ter sido aprovada definitivamente, o assunto tem tomado conta da imprensa, das rodas de conversa e das empresas brasileiras. Mas, afinal, o que tudo isso tem a ver com os pilares ESG?
O texto proposto traz alguns tópicos que envolvem questões relacionadas ao tema. Dentre as mudanças positivas, podemos citar o Imposto Seletivo, que irá onerar atividades e bens que geram impacto negativo para o meio ambiente ou para a saúde humana, como a indústria petroquímica, de carros, de cigarro, de alimentos ricos em sódio ou açúcar, entre outros. Ou seja, essas indústrias passarão a pagar um valor a mais do que as outras empresas.
Além disso, está prevista a criação do Fundo de Desenvolvimento Regional, que receberá aportes do governo federal e será distribuído para Estados e municípios, com o objetivo de que esses valores sejam utilizados no desenvolvimento, em equilíbrio, de determinada região específica.
Porém, precisamos entender que, apesar de a reforma ter trazido avanços consideráveis e necessários, a PEC poderia ter sido “mais profunda”, a fim de promover o nosso país como uma potência ambiental e uma potência fornecedora de serviços ecossistêmicos, como, por exemplo, biodiversidade, proteção do solo, sequestro de carbono, e outros.
Há muitas falhas no texto que precisarão ser pensadas e repensadas, como o próprio Fundo de Desenvolvimento Regional. Esta criação ficou definida, porém, a legislação não é clara sobre como isso acontecerá, o que deve ser determinado via lei complementar.
O ponto é que não sabemos como essas leis complementares irão regulamentar as questões em aberto e nem quando elas serão propostas. Será que elas realmente irão esclarecer todos os assuntos que não foram abordados na Reforma Tributária? Infelizmente, não temos como saber. Só nos cabe acompanhar e cobrar que sejam mais esclarecedoras do que a PEC.
E, claro, sempre tendo em vista a importância de que esses recursos, advindos dos serviços ecossistêmicos, sejam investidos nas comunidades locais, para que tragam, de fato, benefícios à sociedade. Precisamos aproveitar esse momento que estamos vivendo de transformação, de conscientização ambiental, para explorar melhor os serviços ecossistêmicos, que o Brasil já faz.
Não podemos tratar da reforma tributária de uma maneira isolada. Precisamos de uma reforma mais profunda, que possibilite a mobilidade social, vertical, ascendente das famílias brasileiras.
*Antonio Borges é CEO da PlantVerd, uma empresa transformadora de ecossistemas, que busca, por meio do reflorestamento, transformar não só o meio ambiente, como todo o seu entorno.
Em vez de rios canalizados que transbordam a cada enchente, por que não parques alagáveis? Saiba como José Bueno e Luiz de Campos Jr., do projeto Rios e Ruas, querem despertar a consciência ambiental e uma nova visão de cidade.
Jéssica Cardoso sofreu preconceito ao oferecer seu trabalho de intérprete de Libras como autônoma. Ela então decidiu criar uma rede de profissionais negras para tornar eventos e empresas mais acessíveis e lutar contra o racismo estrutural.