Estudo com mais de 60 empresas propõe uma “revolução” nos hábitos de consumo: o resgate das embalagens retornáveis

Mariana Sgarioni - 1 dez 2023 Mariana Sgarioni - 1 dez 2023
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O hábito de abrir uma embalagem plástica e descartá-la em seguida deveria estar com os dias contados – mesmo que esta embalagem seja encaminhada para reciclagem. Um novo estudo da Fundação Ellen MacArthur destaca os potenciais benefícios da adoção de embalagens plásticas retornáveis para bebidas, alimentos, produtos de cuidado pessoal e itens de alimentos frescos.

Segundo o relatório  Desbloqueando uma Revolução no Reúso, a embalagem reutilizável é considerada uma das maiores oportunidades para reduzir a poluição por plásticos: se passarmos a usar embalagens reutilizáveis em vez de modelos de uso único, poderíamos ter queda de cerca de 20% na quantidade total de plástico despejada anualmente para o oceano até 2040. A pesquisa foi desenvolvida em colaboração com mais de 60 organizações, entre elas o Banco Europeu de Investimento, WWF, Greenpeace, PNUMA, governos nacionais, especialistas em reúso e grandes marcas e varejistas como Amazon, L’Oreal, Danone, PepsiCo e Unilever.

TRANSIÇÃO

De acordo com Sander Defruyt, Líder da Iniciativa de Plásticos na Fundação Ellen MacArthur, aumentar a reutilização será uma transição significativa e não acontecerá da noite para o dia.

“Agora precisamos ver mais pesquisas e esforços iniciais para tornar os modelos de retorno em larga escala uma realidade. Nenhuma organização sozinha pode impulsionar toda a mudança; será necessário um esforço colaborativo de empresas, formuladores de políticas e instituições financeiras. Juntos, eles podem iniciar a revolução no reúso e colocar o mundo no caminho para enfrentar a crise do plástico.”

Ben Jordan, Diretor Sênior de Política Ambiental da Coca-Cola, comentou:

“A reutilização é um tema complexo com muitos elementos diferentes em jogo – fazer isso em diferentes mercados globais é ainda mais complexo. A modelagem proposta neste relatório inclui cenários ambiciosos para embalagens retornáveis ​​que exigirão tempo, medidas políticas que garantam as condições adequadas e colaboração intersetorial para serem concretizadas. Além disso, também os modelos de recarga têm um papel importante a desempenhar para aumentar a reutilização”.

Segundo ele, o objetivo global da The Coca-Cola Company é o de aumentar a reutilização e trabalhar com outras empresas para ampliar esta prática.

IMPLEMENTAÇÃO

Um modelo baseado na reutilização parece, sim, ser uma luz no fim deste túnel plástico que o planeta caminha. Entretanto, não se trata de uma medida de simples implementação. Segundo a Fundação, a simples reciclagem não resolverá a poluição plástica e a crise dos resíduos – entretanto, as embalagens reutilizáveis ​​por si só também não resolverão. É preciso uma união de esforços – e os benefícios do reúso superam quaisquer outros.

A concretização deste potencial exigirá uma grande transformação e uma grande mudança em relação ao atual modelo de utilização única. A começar pela infraestrutura necessária (recolhimento, triagem e limpeza), passando por mudança geral de mentalidade. “Será uma grande transição com investimentos significativos e adaptação das cadeias de abastecimento”, afirma o estudo.

“Estamos convencidos de que uma economia circular em escala só será possível graças a uma abordagem ecossistêmica que inclua ações públicas e privadas, locais, nacionais e internacionais. Na medida em que redesenhamos o nosso modelo de produção e consumo, precisamos de ter todos à volta da mesa para sermos coerentes com os desafios ecológicos e, ao mesmo tempo, combinar custos, higiene e segurança”, comentou Eleonore Blondeau, gerente de Novos Projetos, Eternity Systems.

*este conteúdo faz parte do Especial “Economia Circular”, publicado mensalmente por NetZero, com o patrocínio da Papirus.

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