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Instituto Árvore da Vida se formaliza como uma ONG, gerida pela própria comunidade

Daniel Schneider - 14 mar 2018
Cooperadas da ONG Árvore da Vida: capacitação profissional, parcerias com empresas e cursos mudam o destino da comunidade.
Daniel Schneider - 14 mar 2018
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Há 13 anos, a FCA começou o cultivo de uma árvore muito especial na comunidade Jardim Teresópolis, nos arredores do Polo Automotivo Fiat, em Betim (MG). Essa árvore tinha o objetivo de crescer como símbolo de vida e gerar frutos de transformação. Por isso, foi batizada de Árvore da Vida. Ela começou como projeto social da Fiat, criou raízes sólidas e acaba de concluir sua emancipação. Em dezembro de 2017, seguindo um percurso de amadurecimento e protagonismo, o programa se tornou Instituto Árvore da Vida (IAV), uma associação sem fins lucrativos composta e gerida por membros da própria comunidade e pessoas que participaram do programa durante toda a sua história.

A proposta original do programa (que em 2012 foi eleito pelo Programa Nacional das Nações Unidas para o Desenvolvimento uma das 50 melhores práticas brasileiras que contribuem com os Objetivos do Milênio da ONU) continua a mesma: gerar oportunidades de desenvolvimento humano, social e cultural da região do Jardim Teresópolis, através da oferta de atividades socioeducativas e incentivo à geração de emprego e renda. Mas, agora, a comunidade, através do instituto, passa a tomar suas próprias decisões e definir suas próprias parcerias, sejam com a FCA, com governos e com outras empresas, o que amplia as possibilidades de desenvolvimento da iniciativa. Essa transição é a conquista de um dos objetivos mais desafiadores desde o início do programa: dar à comunidade o protagonismo na construção da própria cidadania.

Nesses 13 anos, o Árvore da Vida gerou centenas de frutos que se conectam diretamente à sua história e dão sentido a este novo ciclo que se inicia. Agora, começa a ser escrito mais um capítulo dessa história e todos são convidados a se juntar à construção dos novos sonhos e conquistas que estão por vir.

“Ao longo desses 13 anos de história, nós atuamos fortemente no desenvolvimento social em áreas diversas, como educação, cultura, esporte, geração de emprego e renda”, conta Fernando Elias, coordenador de Projeto Social na FCA. “Por meio de oficinas de futebol, judô coral e canto, com a gravação de CD e DVD das obras Zeropéia e Do Outro Lado, por exemplo, e da oferta de cursos de capacitação profissional, além de parceria com empresas para a empregabilidade, conseguimos alcançar melhoria em importantes índices sociais”, explica.

Para Fernando, o protagonismo que a comunidade agora exerce com o Instituto é uma grande conquista. “Em 2014, quando comemoramos os 10 anos do programa, fizemos um trabalho de planejamento com a comunidade para os 10 anos seguintes. Reunimos cerca de 30 pessoas, dentre gestores das instituições, creches, empreendedores culturais, diretores de escolas públicas, representantes de associações, enfim, uma seleção bastante heterogênea dos representantes da comunidade. Nessa época, já estava programado que a comunidade assumiria o protagonismo da iniciativa. A FCA mantém o apoio ao Instituto, mas ele agora é um programa da comunidade para a comunidade. As pessoas que hoje assumem a gestão são pessoas que já foram beneficiadas pelo programa. A Bianca, que é a nova diretora, é o maior exemplo “, conta.

Ao completar seus 13 anos, o Árvore coloca na presidência a menina que começou no programa aos 13 anos de idade, nas oficinas de canto. Bianca Aragão Esteves tem hoje 22 anos e é psicóloga. Ela conheceu a iniciativa quando beneficiários do programa visitaram a escola em que ela estudava. “Sempre gostei de cantar e queria aprender a fazer isso melhor, então decidi participar do programa depois de assistir à apresentação deles na escola”, conta Bianca.

“Para minha surpresa, minha irmã gêmea, Beatriz, entrou nessa junto comigo. Apresentávamos até em grandes eventos, com grandes públicos. A apresentação com Andrea Bocelli foi um marco na nossa história. Um público de mais de 80 mil pessoas nos ouvia junto do maior tenor do mundo! Foi uma emoção tão grande que não há como descrever”, relembra.

“Além dos encontros para desenvolvimento das habilidades musicais, todos os alunos participavam do ‘Percurso CreSer’, que era o momento em que falávamos e refletíamos sobre nossa comunidade, nossas famílias, nossas relações interpessoais e, mais ainda, sobre quem éramos, ou melhor, quem queríamos ser”, detalha. ” O que aprendi e cresci ao longo daqueles encontros passou a fazer parte da minha vida como filha, como aluna, como cidadã e como profissional”, diz.

Alex Martins de Oliveira tem a mesma idade da Bianca e também foi uma das crianças atendidas pelo Árvore da Vida. “Comecei em fevereiro de 2006, um mês antes de completar a idade necessária para ingressar no programa, que era de 11 anos, mas minha insistência foi tão grande que abriram uma exceção”, ri. “Iniciei as aulas de percussão e, nesse mesmo ano, tive a oportunidade de participar da apresentação do dia Primeiro de Maio Fiat, no Mineirão. Foi inesquecível”, lembra. Hoje, Alex é funcionário da Fiat “há dois anos e meio”. Ele relata que conheceu muitos lugares enquanto fez parte do programa, participou da oficina de esporte, frequentou aulas de geração de renda e ingressou pela primeira vez na FCA como jovem-aprendiz”.

Enquanto era jovem-aprendiz na Fiat, Alex fez cursos profissionalizantes de mecânica e de auxiliar administrativo no Senai. “Concluí meu contrato na Fiat com a sensação de dever cumprido. Depois, quatro anos após ter me desligado do Árvore da Vida, retornei e fiz, por meio do programa, um curso de operador de rebocador. Achei que seria apenas mais um curso, mas depois descobri que alguns alunos que se destacassem teriam chances de entrar na Fiat. Deus abençoou e no dia 19 de agosto de 2015 fui contratado e aqui estou até hoje”, comemora.

Aos 15 anos, Bianca foi convidada para ser monitora da Oficina de Canto Coral e foi ali que começou a construir suas primeiras experiências profissionais. Concluiu o Ensino Médio e, depois, o curso de Psicologia, Com a nova formação, Bianca assumiu a atividade de Formação Humana (o próprio Percurso CreSer) dos cerca de 50 alunos que faziam parte da monitoria. Mais tarde, ela saiu do programa para fazer os estágios acadêmicos, incluindo um na FCA que durou dois anos. “Esses dois anos na Fiat também foram ricos em aprendizado. Realizei treinamentos, projetos com menores aprendizes do setor de transporte, ajudei com o Programa de Preparação para Aposentadoria, atendimentos psicológicos na fábrica e outras atividades”, conta.

“Agora, como psicóloga, olho para cada uma das experiências vividas após a experiência no Árvore e vejo o quanto aqueles primeiros quatro anos lá foram importantes para minha formação pessoal e profissional. A comunidade Jardim Teresópolis, marcada muitas vezes pela marginalidade e criminalidade, tem muitas riquezas. Moradores que acreditam e lutam por dias melhores, jovens e adolescentes que buscam novas perspectivas para a vida”, conclui.

 

 

Esta matéria pode ser encontrada no Mundo FCA, um portal para quem se interessa por tecnologia, mobilidade, sustentabilidade, lifestyle e o universo da indústria automotiva.

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