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Paz, foco no presente e diminuição da ansiedade: como a meditação pode dar “imunidade mental” e nos ajudar a enfrentar a pandemia?

Cláudia de Castro Lima - 14 maio 2020
Em tempos em que a procura por serviços de saúde mental e bem-estar cresceram, a prática ancestral, oferecida por parceiros da Sodexo, é aconselhada pela ciência
Cláudia de Castro Lima - 14 maio 2020
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“Superagitada, bem estressada e com muita energia”, como ela própria se define, Maria Vergara Sultanum nunca imaginou que um dia seria praticante de meditação. “Não era meu perfil. Eu tenho que correr, ir para a academia. Nunca tive paciência de ficar ouvindo minha respiração”, conta a analista sênior de Cobrança e Contas a Receber da Sodexo.

Maria tinha plena convicção disso. Até a pandemia do novo coronavírus.

O isolamento social alterou rotinas e realidades de todo mundo – e fez com que serviços de saúde mental e bem-estar, como o Apoio Pass e o Gympass, ambos oferecidos pela Sodexo, tivessem um aumento enorme de demanda. Não foi diferente com Maria.

Com três filhos de 2, 4 e 7 anos, fazendo home office e sem poder contar com a rede de apoio ou com o marido, que está fora o dia todo porque tem um comércio classificado como serviço essencial – que, portanto, abre normalmente –, a analista viu-se numa situação completamente nova. Além das inúmeras reuniões e demandas de trabalho, precisa limpar a casa, lavar e passar a roupa, fazer comida, cuidar da louça e, ufa!, entreter as crianças.

A ansiedade aumentou. E, claro, refletiu-se nos filhos. “Já na primeira semana, vi que eles estavam começando a ficar impacientes. Passaram a apresentar irritabilidade, queriam sair, estavam dormindo menos”, afirma. Foi quando ela pensou, mesmo que ainda com um pé atrás: por que não tentar meditar com os pequenos?

Sugeriu a atividade para os três, que se surpreenderam. “Eles me perguntaram o que era meditação. Expliquei que era um momento em que a gente se conectava conosco mesmo, escutava a respiração, curtia o silêncio para ficar mais calmo e dormir melhor.” Os três toparam. E a experiência em família tem sido um sucesso.

“Achei que eles iriam dispersar no meio, mas não. Logo depois da primeira vez, já quiseram fazer de novo no dia seguinte”, Maria conta. Ela então baixou um aplicativo e começou a usar o plano para iniciantes, com práticas de 5 a 7 minutos. “Meus filhos agora me pedem: ‘Mamãe, a gente vai meditar?’. A meditação se tornou algo prazeroso.” Maria já percebeu alterações na saúde da família. “Estamos todos mais calmos e nos alimentando melhor, com mais disposição. E é impressionante como tem ajudado meus filhos a dormirem melhor. Eles não ficam levantando da cama, dizendo que não conseguem dormir, pedindo água. E também diminuíram o tempo de televisão e brincam mais juntos, brigam menos.”

Benefícios comprovados pela ciência

Maria e seus três filhos estão sentindo alguns dos benefícios já comprovados da meditação. De uma forma bem simplista, meditar é uma forma de prática contemplativa, que teve origem em tradições espirituais de várias sociedades e culturas, especialmente orientais, há mais de 3 mil anos.

A prática milenar, que tem diversas correntes, ganhou a atenção ocidental nas últimas décadas e passou a ser mais estudada. Suas benesses foram cientificamente comprovadas – e são várias. Da redução da pressão arterial ao combate de enxaquecas, meditar, mesmo que poucos minutos por dia, ajuda a diminuir nossa irritação, insônia e ansiedade. Quer melhor remédio para os tempos atuais?

Mais uma vez, a ciência corrobora: artigos publicados por renomadas universidades recomendam meditação como uma das formas de acalmar nossa mente durante a pandemia. “Meditar regularmente acalma muito. Diversos aplicativos ensinam formas simples de meditação”, aconselha o psiquiatra John Sharp, da Harvard Medical School.

A Universidade do Texas endossa. Em artigo divulgado em abril, afirma que uma técnica de meditação, o mindfulness, “durante a pandemia de Covid-19 é essencial para a saúde o bem-estar de nossas comunidades”. E continua: “A meditação é uma prática corporal e mental que tem uma longa história de uso para aumentar a sensação de tranquilidade e relaxamento físico.”

Neste período, embora não haja uma pesquisa específica, é possível afirmar que muitas pessoas aderiram à prática usando como ferramenta de medida os aplicativos de meditação guiada, que nunca foram tão baixados. A App Store, da Apple, por exemplo, incluiu uma seção de meditação em sua página inicial. E o aplicativo brasileiro Zen App, que está no pacote de saúde mental do Gympass, parceiro da Sodexo, teve um aumento de 400% na demanda no último mês, alcançando 3,6 milhões de downloads.

Autoconhecimento, mas sem ansiedade

A supervisora de RH da Sodexo, Thaís Almas, já era uma praticante de meditação antes da pandemia. Chegou, dois anos atrás, a fazer cursos de thetahealing, um processo de meditação relativamente recente, mas acabou deixando o hábito um pouco de lado. No entanto, por causa do aumento do estresse dos últimos dias, Thais sentiu necessidade de retomar suas sessões diárias.

“Tenho feito meditação todo dia antes de dormir”, afirma. “É uma medida que encontrei para me trazer paz e autoconhecimento e baixar minha ansiedade.” Para Thais, um dos maiores benefícios de meditar é conseguir, com a ajuda da respiração, manter-se com o foco no momento presente, sem pensar no que já passou e tampouco projetar o que sequer aconteceu. “Ainda mais no momento em que estamos vivendo, que mostra que não temos controle de nada.”

A maior lição da prática mental para Thais é o autoconhecimento. “Claro que podemos nos planejar para muitas coisas na vida, mas muito vai acontecer e nos tirar do nosso eixo e planejamento. O que a meditação me ensina é: como eu reajo frente a isso?” Ela afirma que a Thais do começo da quarentena é completamente diferente da de hoje. “Agora aceitei que vamos ter que passar por isso – e que todos que estamos na Terra vamos passar por isso juntos. E vai ser um dia de cada vez.”

Para quem se empolgou, Thais tem um conselho: a meditação é um treinamento e, como todo treino, os ganhos vão sendo percebidos aos poucos. “Comece com 2 minutos, depois 5 e vá aumentando. Vão passar mil coisas pela sua cabeça. Aceite. A aceitação faz parte do processo de autoconhecimento. Não adianta achar que a meditação vai mudar sua vida do dia para a noite. Não vai.” Não faz sentido, afinal, combater a ansiedade sendo ansioso.

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