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Capacitar o próprio time foi só o começo. Agora, o centro de inovação da Algar Telecom quer capacitar o time da sua empresa

Bruno Leuzinger - 30 jun 2020
Zaima Milazzo, presidente do Brain, centro de inovação da Algar Telecom.
Bruno Leuzinger - 30 jun 2020
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Dez minutos. Foi esse o tempo aproximado que Zaima Milazzo levou para aceitar, em 2016, o convite do presidente da Algar Telecom: idealizar e estruturar uma unidade focada exclusivamente em inovação.

Inaugurado em 2017, em Uberlândia (MG), onde fica a sede do Grupo Algar, o Brain nasceu com o duplo objetivo de ajudar a gerar negócios para a empresa e, sobretudo, chacoalhar a mentalidade da companhia para um mindset de agilidade e transformação digital.

Logo de cara, um desafio ficou claro.

“No começo do Brain identificamos que deveríamos constituir um braço de capacitação, porque tivemos bastante dificuldade de capacitar nossos próprios talentos. Então dissemos: já que a gente não encontra no mercado algo ‘pronto’, vamos criar nós mesmos”

A ideia, ela diz, foi sendo colocada na prática de forma instintiva. Nos últimos três anos, o Brain capacitou mais de mil colaboradores da empresa no domínio de metodologias ágeis

Agora, depois de qualificar sua própria força de trabalho, o Brain quer extrapolar seus limites e oferecer uma injeção de know-how para profissionais de outras empresas. Esse novo passo foi oficializado hoje, 30, com o lançamento de um braço de educação: o Brain Innovation Academy.

“Já vínhamos executando o Brain Innovation Academy sem esse ‘chapéu’”, diz Zaima. “Agora, entendemos que já ganhamos robustez suficiente para ampliar a atuação do Brain — e levar competências novas para o mercado.”

PARA TURBINAR A INOVAÇÃO, ERA PRECISO FAZER MAIS QUE ACELERAR STARTUPS

A história de Zaima na Algar começou nos anos 1990, quando ela, recém-saída da faculdade de engenharia elétrica, ingressou na Algar Telecom — inicialmente como consultora de vendas. 

Depois de cinco anos, migrou para desenvolvimento de produtos, uma área mais afinada com o seu curso. “Me apaixonei pelo processo, foi meu primeiro contato com o tema da inovação”, lembra. 

Ela foi aprendendo a dominar conceitos e metodologias como Job To Be Done enquanto construía sua carreira dentro do setor de telecomunicações, aplicando tecnologia para sanar as “dores” que os clientes B2B traziam em sua operação.

Em 2016, a Algar Telecom deu um passo que se tornava quase incontornável para as companhias comprometidas com a ideia de inovar: criar seu programa de aceleração.

Operado pela então Aceleratech (atual ACE), o programa teve dois ciclos, com a empresa aportando investimentos em startups em troca de equity. Havia, porém, a percepção de que era preciso turbinar ainda mais o tema dentro da companhia.

“Naquele momento, a empresa decidiu que deveria ter uma iniciativa mais audaciosa na questão da inovação, tendo como objetivo a geração de novas receitas, novas soluções, que tirassem a dependência dos produtos tradicionais, como banda larga”

Naquela época, o WhatsApp representava uma ameaça às operadoras de telefonia, que viam as receitas com ligações e SMS despencarem. 

Era necessária uma mudança de rota. E ela viria com o Brain.

AO MAPEAR BENCHMARKINGS, DECIDIRAM EMPREGAR METODOLOGIAS ÁGEIS

Para ajudar a desenhar o projeto, em 2016, a Algar contratou o Boston Consulting Group para “identificar modelagens do que poderia ser essa unidade de negócio”. 

“Mapeamos benchmarkings em diversos setores, como automobilístico, financeiro, telecom…”, diz Zaima. “O próprio setor de consultoria, que é muito intenso de inovação. Visitamos por exemplo o centro de inovação da Accenture em Londres, que é incrível…”

Nessa incursão por boas práticas, o grupo deparou com as metodologias ágeis aplicadas a negócios. Ficou decidido então que a nova unidade seria totalmente agile.

“A inovação traz mais incertezas do que certezas, e a metodologia ágil permite a possibilidade de ‘quebrarmos’ e validarmos essas incertezas numa escala menor, à medida que vamos evoluindo nos nossos projetos” 

A inauguração do Brain se deu em agosto de 2017, ocupando um espaço próprio de 800 m² em Uberlândia. Zaima inicialmente tocou o projeto como diretora de operações, até novembro de 2018, quando foi alçada à presidência.

PARA DISSEMINAR O NOVO MINDSET, O BRAIN ATUA EM TRÊS FRENTES

O Brain, diz Zaima, é um mix, com um pouco de aceleradora, um quê de incubadora, mais uma pegada de coworking… Mais fácil classificar mesmo de centro de inovação. Entre suas funções principais está a transformação do mindset da companhia. 

Uma das frentes em que atua é de imersão, trazendo colaboradores de diversas áreas da empresa (engenharia, marketing etc.) para trabalhar por um tempo — longo, de seis a nove meses — em projetos do centro de inovação.

Nesse período, os profissionais têm contato com metodologias ágeis e aprendem a trabalhar em times multidisciplinares. “Em dois anos e meio, já tivemos 90 pessoas da companhia conosco”, diz Zaima. Depois, eles retornam para a Estação, um programa que dá continuidade à transformação de mindset dentro da Algar Telecom.

Outro programa, o Time Out, mira especificamente a alta liderança do Grupo. O executivo se afasta de suas atividades normais por 30 dias e passa esse período imerso no Brain, entendendo na prática como funcionam a dinâmica e os rituais do Agile.

“Já tivemos 16 executivos de alto nível no programa. Por exemplo, o CTO da Algar Telecom, o diretor de marketing, a diretora de Recursos Humanos… Até o presidente do Conselho de Administração, o Luiz Alexandre [Garcia], esteve conosco”

Há em curso, ainda, uma capacitação de larga escala, que já abrange 25% dos 4 500 colaboradores da Algar Telecom (no Grupo Algar todo são 19 mil). 

“Treinamos as pessoas em diversos métodos, Scrum, tudo o que diz respeito ao arcabouço ferramental do Agile”, diz Zaima. “Nessa linha, já capacitamos um pouco mais de 1 200 pessoas.”

REPLICAR AS CONEXÕES E OS RITOS DO AGILE NO HOME OFFICE É UM DESAFIO

Em 2019, o Brain expandiu e ganhou duas novas unidades: em São Paulo, no bairro da Vila Olímpia, e no Porto Digital, no Recife. Desde março, porém, todas estão devidamente fechadas por conta da Covid-19.

Havia dúvida se os ritos do Agile poderiam ser replicados nesse modelo de home office.

“A mesa do squad simboliza muito o formato de trabalho, as pessoas estão ali, uma ao lado da outra, um time pequeno, multidisciplinar, cada um com sua especialidade — e é essa troca que faz com que o Agile aconteça”

A saída, diz Zaima, foi substituir a mesa por salas virtuais, tentando engajar as mesmas conexões, agora de forma remota. 

“Demorou um pouquinho para ‘azeitarmos’ a atuação sob a ótica da metodologia, mas as coisas estão funcionando bem agora. E tivemos o cuidado de adaptar a infraestrutura básica dos nossos associados [como a empresa chama os funcionários], microfone, cadeiras…”

Segundo ela, uma pesquisa de avaliação interna indica que, após o auge da pandemia, 70% do time gostaria seguir num esquema de home office híbrido, preservando o contato presencial para algumas cerimônias de metodologias como Scrum e Sprint.

EM 2019, O BRAIN INAUGUROU UM HUB VOLTADO À INDÚSTRIA 4.0

A crise gerada pela pandemia tem levado a Algar Telecom a revisar seu portfólio. Pensando nos impactos negativos sobre a economia, uma das diretrizes é olhar com mais carinho para a Internet das Coisas. 

“Queremos focar em iniciativas de IoT que tragam eficiência maior para as empresas, e que possam reduzir custos dos nossos clientes para ajudá-los a atravessar este momento.”

O Brain, ela conta, já hospedou um projeto de IoT para a Algar Telecom, em consonância com o objetivo adicional de gerar resultados relevantes, para além da transformação de mindset.

“Incubamos uma unidade de IoT dentro do Brain que faz de fato muita diferença hoje no resultado da organização. No primeiro ano de operação, tivemos um crescimento das receitas dos projetos da Algar Telecom da ordem de dez vezes”

No ano passado, o centro de inovação capitaneou a criação de um novo hub de Indústria 4.0, numa parceria com empresas como BRF e VLI, além da Universidade Federal de Uberlândia

Por conta da pandemia, as impressoras do espaço maker do hub foram mobilizadas para produzir Equipamentos de Proteção Individual (Zaima contou a respeito dessa iniciativa num Lifehackers aqui no Draft).

NO BRAIN ACADEMY, CAPACITAÇÕES ESPECÍFICAS PARA O MOMENTO DA EMPRESA

O Brain tem cerca de 90 colaboradores. Atualmente, sua atuação já foi ampliada para outras empresas do Grupo Algar. “Hoje temos projetos rodando, por exemplo, com a Algar Tech, nosso braço de call center e BPO”, diz Zaima. 

Com seu novo projeto, o Brain Innovation Academy, o centro de inovação pretende extrapolar de vez os “muros” da Algar Telecom, empregando as expertises de capacitação que o Brain vem aprimorando há três anos para atender a uma necessidade de mercado e preparar os profissionais — e empresas — do futuro.

“Por exemplo, vamos levar conceitualmente o que é inteligência artificial para uma empresa…. Ou um conceito ainda maior: o que significa transformação digital, quais são os caminhos e o que ela pode trazer para a sua companhia?”

Os conteúdos (apenas online, neste momento, por razões óbvias) serão oferecidos tanto de forma avulsa quanto pela venda de pacotes. O formato e a quantidade de horas vão variar conforme o objetivo: a intenção é ter modelagens diversas, que façam sentido para o momento de cada organização. 

“Algumas estão só começando a pensar em transformação digital e precisam de um ‘básico’. Outras estarão buscando capacitações mais específicas: ‘quero que o meu time tenha uma experiência prática do que é um squad’, por exemplo.”

A COLABORAÇÃO COM PARCEIROS É FUNDAMENTAL PARA TOCAR O PROJETO

Inicialmente, o time voltado ao Brain Innovation Academy se resume a cinco pessoas. A ideia é engajar parceiros na construção dos conteúdos. 

O Brain Innovation Academy está em negociação com seis parceiros nas frentes de imersões internacionais, educação para home office, metodologias ágeis e soft skills. Um deles é a Startadora, que já tinha sido engajada no hub de Indústria 4.0. 

“Toda essa parte de Design Sprint e as metodologias que suportam o Agile, eles são mestres nisso”, diz Zaima. “Por exemplo, treinamento de capacitação em pitches. Parece simples, mas envolve uma série de ferramentas, storytelling, como ‘vender’ seu projeto, seja dentro de uma organização, seja para captar recursos de angels e ventures…”

Por ora, pode-se dizer que o Brain Innovation Academy é um MVP. Ajustes são esperados. Os feedbacks de clientes e parceiros deverão ser essenciais para incrementar o serviço.

“É uma evolução que não tem fim!”, diz Zaima. “À medida que empresas forem aprendendo e tendo condições de seguirem por si próprias, outros desafios surgirão. O Brain Innovation Academy vai ser um instrumento vivo.”

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