Aproveite que hoje é o “Dia do Divórcio” e conheça o Idivorciei, que facilita a vida de pessoas separadas com conteúdos e serviços

Dani Rosolen - 4 jan 2021
Calila Matos, fundadora da plataforma idivorciei, lançada em novembro de 2020.
Dani Rosolen - 4 jan 2021
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Ano novo, vida nova. A máxima, dizem, costuma inspirar uma tendência de aumento no número de divórcios em janeiro. Por conta disso, um grupo de advogados chegou a criar, há alguns anos, o Dia do Divórcio, “celebrado” na primeira segunda-feira do ano. Ou seja, hoje!

Nesse sentido, a pandemia (ou o começo dela, pelo menos) parece ter sido um “eterno janeiro”. Segundo o último levantamento do Colégio Notarial do Brasil (CNB/CF), entre maio e julho do ano passado houve um aumento de 54% no registro de divórcios consensuais em cartórios. O número de casamentos desfeitos saltou de 3 mil (em abril) para 7,4 mil em julho. Dados do Google também indicam que as pesquisas por termos relacionados a divórcio tiveram uma busca 1 100% maior nesses meses, em comparação com o trimestre anterior.

Esse movimento levou a empreendedora Calila Matos, 38, a antecipar o lançamento de seu negócio, que começaria a operar apenas no segundo semestre deste ano. Em novembro de 2020, ela colocou no ar o Idivorciei, uma plataforma de conteúdos e serviços para pessoas separadas ou em vias de se separar.

Hoje, a plataforma tem o suporte de 28 especialistas que produzem artigos e outros materiais em nove áreas de interesse para divorciados. A meta para este ano é chegar a 60 especialistas. O Idivorciei também oferece parcerias com algumas empresas que disponibilizam seus serviços com descontos ou de forma personalizada para pessoas separadas, entre elas a Unilever, a Wemoov e a Destino Férias.

A seguir, Calila conta como é empreender nesse ramo, quais benefícios seu negócio oferece e o tabu que ainda existe em torno dos divorciados em pleno século 21.

 

Qual sua experiência no mundo empreendedor antes do Idivorciei?
Este é meu terceiro empreendimento. Trabalho na área digital há 20 anos e meu primeiro negócio foi uma agência digital por demanda, a KA Comunicação Digital. Foi uma experiência bem legal que durou cinco anos. Depois, preferi voltar para o mercado para me atualizar.

Com o tempo, engravidei e quis gerar conteúdo para mães, então criei a plataforma ABC Mamãe e Bebê. Eu sou radialista e roteirista profissional e decidi juntar minha paixão por vídeos com informações para mães desde a gestação até a primeira idade da criança.

Mas, depois de um ano, começou a ficar muito puxado — e como eu queria passar mais tempo com meu filho, engavetei o negócio. Isso foi em 2014. Aí, acabei voltando ao mercado, para o comercial de empresas de comunicação, área onde sempre atuei.

E como surgiu a ideia de sua empresa atual?
Em 2019, vi que muita gente estava se separando. Sou uma mulher divorciada há quatro anos e percebi que não existia um lugar onde as pessoas pudessem encontrar informações de diferentes assuntos sobre divórcio. Pensei que seria uma oportunidade de criar algo interessante nesse segmento.

Primeiro, pesquisei o perfil do nosso usuário e cheguei a quatro personas.

A primeira é aquela pessoa que deseja se separar, mas ainda não se divorciou porque não sabe direito o que fazer, precisa se sentir mais segura para consumar o fato. A segunda já tomou a decisão e começou a procurar profissionais que possam ajudá-la, está em busca de uma nova moradia ou de uma nova escola para o filho. A terceira é aquela que já se reorganizou de alguma forma, está melhor no trabalho depois de ter a performance abalada pela separação, voltou para a casa dos pais ou alugou um outro espaço, dividiu os pertences…

Por fim, a quarta persona é aquela que já está se sentindo bem de novo: divide as férias dos filhos, fez uma conta no Tinder ou já está apresentando a nova parceira ou novo parceiro para o ex, quer saber de descontos.

Com base nesses perfis, mapeei nove áreas que acredito serem capazes de dar um norte para quem está pensando em se divorciar: saúde emocional, assessoria jurídica, assessoria financeira, moradia, cursos, compras, bem-estar, viagens e relacionamentos

Depois, como não sou especialista em nenhuma delas, busquei autoridades, como advogados e psicólogos, para produzirem conteúdo sobre esses assuntos em troca de divulgação. De um ano para cá, criamos uma ‘rede do bem’ que foi crescendo, com terapeutas, mediadores, médicos, gente da área financeira, astrólogos, consteladores familiares etc.

Além de gerar conteúdo gratuito, o objetivo da nossa plataforma é abrir os olhos do mercado, que não está preparado para atender os divorciados. Para isso, fazemos parcerias com empresas, mostrando que elas podem customizar seus produtos e serviços para pessoas separadas, que têm um poder de consumo gigante.

E como são feitas as parcerias com empresas? Quais os benefícios para os divorciados?
Quando eu me separei, algumas coisas do meu antigo apartamento vieram para onde eu moro hoje. Mas eu precisei comprar outras, como um fogão. Na época, eu pensei: pôxa, como seria legal se tivesse um site com descontos em eletrodomésticos para separados, ou uma escola que reconhecesse que meu filho agora tem pais divorciados e oferecesse um acolhimento para ele…

Então, decidi estruturar essa área de parcerias com empresas ou profissionais que oferecem descontos ou customização de serviços para pessoas divorciadas. Nesse modelo de negócio, ficamos com um percentual sobre as transações realizadas com nossa intermediação. Todos os dias, recebemos cerca de 40 a 50 leads de pessoas precisando de ajuda e direcionamos para esses parceiros.

Temos, por exemplo, uma parceria com a Unilever. Eles têm um mercadinho online, chamado Seu Mercadinho, e uma das empresas que revende esse serviço fez um contrato com o Idivorciei para disponibilizar mensalmente produtos com desconto

Temos também uma parceria com duas agências de turismo, a Wemoov e a Destino Férias, para oferecer pacotes customizados, atendendo desde mães e pais que viajam sozinhos com os filhos até pessoas que acabaram de se separar e querem realizar uma viagem de aventura, por exemplo.

Oferecemos ainda parcerias na área de bem-estar, com profissionais de beleza. Em saúde emocional, temos o apoio de psicólogos como o Daniel Lacerda e em assessoria jurídica contamos com a parceria da Divorciei Rio.

Estamos estudando outras parcerias, como a de moradia, pois sabemos que depois que os casais se separam nem todo mundo está feliz em voltar para a casa dos pais.

Quem geralmente costuma procura o serviço?
A maior parte das buscas vem do público feminino. Os homens demoram mais para pedir ajuda ou muitas vezes nem pedem.

Mas nosso foco são humanos em geral que se separam. Customizamos conteúdos e produtos para atender desde mães e pais solos até casais LGBT+ e maduros que se separam

O jovem que se separa não tem a mesma visão do maduro, assim como uma pessoa que se descobre gay e precisa lidar com sua família hétero e com os filhos tem outras necessidades na hora do divórcio.

A sociedade nos prepara para casar, mas não para separar. Como mudar essa mentalidade?
O casamento é muito romantizado. Isso aconteceu comigo. As pessoas, no geral, têm aquela ideia de conto de fadas, do dia da princesa, do encontro com o príncipe encantado… Quando casam, no entanto, com a convivência, elas veem que é necessário um esforço mútuo para manter aquela união e que aquilo pode ir se desgastando com o tempo e até mesmo acabar. Mas ninguém fala abertamente sobre isso.

Eu conheço muitos amigos e familiares que passaram por um divórcio e foram obrigados a ouvir: levanta essa cabeça, vai passar, daqui a pouco você já está com outra pessoa… E não é assim, não. Dói, porque você investiu seu tempo, seu amor, expectativas e dinheiro num relacionamento que não deu certo.

Não importa quem pediu o divórcio, se foi consensual… Todo mundo sofre. A nossa ideia com o Idivorciei é falar sobre isso de forma aberta, mostrando o que é possível fazer daqui para frente em vez de apenas focar no problema.

Você acredita que ainda existe muito preconceito em relação divorciados?
Sim, existe muito preconceito velado.

O divórcio ainda é visto como um tabu e os divorciados como “fracassados” pela sociedade, porque seus relacionamentos não deram certo. Há muito preconceito também porque ninguém quer falar sobre término, sobre luto, sobre dor

Muita gente me pergunta o que eu fiz até chegar num momento de me reconstruir. Foi muita terapia, às vezes cair e levantar, ir a lugares sozinha e conseguir ajudar outras pessoas.

Assim que eu divorciei, resolvi voluntariar. Isso me preencheu muito. Acho que as pessoas precisam descobrir que ajudar o outro é uma forma de se curar. O Idivorciei também foi isso para mim. Eu me considero muito sortuda por criar esse projeto a partir da dor, mas ter transformando isso em amor.

Quais os desafios de empreender o Idivorciei e os planos futuros?
O primeiro que estou vencendo é a barreira do preconceito, porque mesmo os divorciados não querem falar sobre isso ou não entendem que precisam de ajuda.

Pode até ter um dia, um mês do divorciado, mas as pessoas precisam ter um lugar que seja referência a qualquer época do ano quando elas precisarem de ajuda nessa área, com soluções a curto, médio e longo prazo. E é esse lugar que o Idivorciei quer ser.

No momento, o que mais desejo é ouvir os usuários para entender o que eles precisam — e fazer o mercado acordar para essas necessidades.

 

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