“Os problemas não desapareceram depois que serraram meu peito. Mas aprendi que a escolha de como lidar com eles é só minha”

Roberto Ribeiro - 18 jun 2021O engenheiro Roberto Ribeiro.
O engenheiro Roberto Ribeiro.
Roberto Ribeiro - 18 jun 2021
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 “… então, acho que ele está acordando.”
 “Chama o Dr. Fulano pra mim? Acho que o seu Roberto está acordando.”
“Quem?”
“O seu Roberto, do 10”
 “Ah, aquela revasc que chegou né?”

Minhas mãos estão presas. Há um tubo plástico flexível corrugado saindo da minha boca.

Antes da cirurgia, todos me orientaram sobre este momento (“O senhor precisa estar consciente e cooperativo para que a equipe do CTI PÓS faça a sua extubação. Quanto mais o senhor ajudar, mais rápido o senhor se livra do tubo”).

“Seu Roberto, o senhor me ouve? Pisque os olhos.”

Pisco algumas vezes, levanto a mão, faço joinhas com o polegar.

“Nós vamos extubar o senhor agora. O senhor precisa ficar calmo. Precisamos treinar sua respiração. Junto comigo: inspira, expira, inspira, expira.”

“Então, seu Roberto, vou contar até 3.”

1, 2, 3, inspira, vambora e o tubo saiu. A vida é feita de pequenas vitórias.

TUDO COMEÇOU QUANDO VEIO UMA DOR DIFERENTE DE TODAS QUE JÁ SENTI

Esta história começou uma semana antes.

Dia normal. Acordei às 5h45, passei uma garrafa de café. Preparei o café da manhã da família, colocamos as crianças no carro. Quando todos saíram, sentei no quintal com o café, cigarros e celular para ver as notícias do dia.

Segunda-feira era relativamente tranquilo; abri o computador e comecei a trabalhar.

Bianca voltou da academia, linda como sempre. Mal nos falamos, cada um absorto em seus compromissos. As crianças chegam da escola, começamos a preparar o almoço — e aí vem a dor.

Já enfrentei cansaço, esgotamento e dor muitas vezes, principalmente para trabalhar. Essa dor, entretanto, é diferente: nem tão forte, mas no peito, irradiando para o braço esquerdo, como se houvesse duas mãos invisíveis — uma no meu peito e uma nas minhas costas, me apertando

Meço a pressão: 21 por 12. Errado. Muito errado.

Entramos no carro, vamos para o hospital. Mando mensagem para a Chris, minha médica. “Vá para o hospital mesmo e me mantenha informada”.

“SEU ROBERTO, MELHOR O SENHOR FICAR PARA APROFUNDARMOS A ANÁLISE DO CASO”

Chegamos no hospital, marco a opção de dor torácica no totem da recepção, entrego meus documentos.

Eletrocardiograma, exame de sangue, acesso venoso colocado, remédios fluindo junto com o soro.

“Bom, seu Roberto, considerando o seu relato, seus exames e fatores de risco, achamos melhor o senhor ficar conosco para aprofundarmos a análise do seu caso.”

“Claro, sem problemas”, respondo.

Esquerda, direita, esquerda, direita, abre-se uma porta, leio a placa de soslaio: “Terapia intensiva – coronariana”.

Glup.

“Precisamos que o senhor deixe suas roupas, aliança (puta merda, como odeio tirar a aliança; chorei pela primeira vez), celular, carteira, chaves”.

A tarde passa. Bianca precisa ir ver as crianças.

Solidão.

UM INFARTO AGUDO DO MIOCÁRDIO: O RESULTADO DE ANOS DE ROTINA DESREGRADA

Tenho 43 anos. Moro no Rio, depois de uma vida indo e vindo entre Rio e São Paulo. Sou engenheiro, trabalho fazendo implantação de sistemas em grandes empresas. Casado, dois filhos.

São anos de alimentação questionável, trabalho em horas indecentes, cafeína e nicotina, viradas de noite, viagens, hotéis, finais de semana, feriados, dias santos. Com tudo isso, pouca atividade física, acima do peso e, sim: IAM – Infarto Agudo do Miocárdio.

Há uma coisa curiosa. Eu infartei — mas, socorrido a tempo e medicado, não sinto mais nada de “errado”. Estou consciente, sem nenhuma dor.

Por outro lado, estou no CTI, cheio de fios, sem tomar banho, fazendo xixi no patinho, sem poder levantar da cama. Essas limitações me irritam. O barulho do CTI, com os leitos separados por cortinas, me irrita.

E aqui, ganho a primeira de muitas demonstrações de carinho que me emocionam até hoje:

Seu Roberto, tem alguma coisa que eu possa fazer pelo senhor?”, me pergunta um auxiliar de enfermagem. Retoricamente, respondo: “Cara, eu queria um iPod, para poder dormir com música”.

Alguns minutos depois, ele volta com um protetor auricular: “Não é a sua música, mas vai fazer o senhor dormir melhor”.

A vida é feita de pequenas vitórias.

SEM ME CONFORMAR COM A SITUAÇÃO, EU TINHA MEDO DO QUE VINHA PELA FRENTE

Precisamos fazer um cateterismo para ver o quanto e onde o meu coração está afetado. Dependendo do caso, já se aproveita o cateterismo para colocar stents e acabou, vou para casa.

Como assim, “acabou”? Stents? Porra, isso é coisa de velho, fodido. 

Depois do cateterismo, que comprova quatro artérias com 70% a 95% de entupimento, preciso entender que, aos 43, eu talvez não seja velho — mas, definitivamente, sou um fodido

Principalmente quando informado de que a solução para o meu problema é uma cirurgia de peito aberto e colocação de by-passes – pontes de safena e mamária.

Temos que esperar alguns dias para mudar a medicação. Vamos operar na próxima segunda-feira.

Existe uma grande diferença entre entender e aceitar. É muito óbvio, principalmente depois que mandamos o laudo para a Chris, que diz que sim, eu estou numa pior. Aceitar isso é difícil. Choro e choro muito.

Tenho medo de não sair da cirurgia. Tenho medo das dores que, certamente, virão. Tenho medo da minha vida no futuro – o que vou ser? O que vou poder fazer? Tenho medo de carregar, para sempre, a marca de operado. Medo de morrer. Medo de transformar meus filhos em órfãos, minha mulher em viúva e meus pais nessa coisa que não existe

Puta que me pariu, doutor, já que estou sem medicação e monitoramento contínuos, será que não posso, pelo menos, ir para um quarto? Mais quatro dias sem banho e fazendo xixi no patinho vai ser dose.

“Claro que sim, vou te levar para a minha unidade.” Num passe de mágica, vamos para um quarto, com banheiro. Faço xixi em pé e tomo um banho.

A vida é feita de pequenas vitórias.

A DESPEDIDA ANTES DA OPERAÇÃO É BEM MAIS SOFRIDA DO QUE IMAGINEI

Recebo várias visitas. Não quero ser injusto com ninguém, mas me emociono especialmente de ver a Clara. Tenho pavor de que meus filhos passem o que ela passou. Há décadas vivo com a saudade mal resolvida do pai dela, meu tio. Se vou morrer naquela mesa, quero que ela saiba, aqui e agora, o quanto a amo e me orgulho dela.

Roberto, Bianca e os filhos Ana e João.

Roberto, Bianca e os filhos Ana e João.

Domingo, véspera da cirurgia. As crianças chegam para me ver e eu me seguro. O tempo passa e chega a hora de irem para casa. Eu me ajoelho para abraçar os dois ao mesmo tempo. Meus olhos embaçam, minha voz se recusa a sair. Tenho dúvidas quanto ao sucesso da minha tentativa de lhes mostrar que eu estava bem e confiante.

Carregando três malas e uma mochila, Rodrigo chega já depois da meia-noite. Sorte que estamos no térreo, que as enfermeiras são gente fina e que o segurança compreende o ato de amor na viagem maluca do doido que veio de Portugal ver o irmão antes de operar.

Banho de sabão bactericida. Preciso tirar os óculos e a aliança. Merda, como odeio tirar a aliança. Entrego à Bianca, que a coloca no dedo. Digo: “Cuide da nossa aliança para mim.”

Vou para a maca. Choro, abraço Bianca, que se mantém forte e linda. Olhamos nos olhos um do outro. Os dela, vermelhos. Os meus, jorrando lágrimas por todos os lados

“Vou estar lá quando você acordar.” 

“Eu sei. Eu te amo.”

“Eu também.”

Um beijo, um carinho no meu rosto — e a maca anda. 

AO ACORDAR DA CIRURGIA, COMEÇO A RECONHECER MEU NOVO HABITAT

Vejo pessoas de verde e voltamos para o flash inicial desta história.

Começo a reconhecer meu novo habitat: uma grande cama de hospital. Uma porta de correr à minha frente, um pouco para a direita. Mesa de refeição do hospital, também à direita. Monitor de sinais vitais atrás de mim, à direita.

À esquerda, o espaço usado pelos profissionais para fazerem os procedimentos de que preciso. À esquerda, atrás, alguns dosadores automáticos de medicamentos. Televisão à minha frente, oblíqua à esquerda.  

Vejo Bianca entrando. Tento falar, descubro que estou com uma sede insuportável. Quase 20 horas sem beber nada. Bianca vai em busca do santo graal, mas volta sem nada. “Você ainda não pode.” Peço a ela que negocie um pouco de água para bochechar e cuspir.  Conseguimos.

A vida é feita de pequenas vitórias.

FAÇO UM INVENTÁRIO DO MEU STATUS: SOU FIOS E CURATIVOS POR TODOS OS LADOS

Hora de tentar me encaixar na rotina do CTI. Não posso comer nada. Não, não posso beber nada. Não, não consigo me mexer, exceção feita aos meus braços (e mesmo assim, não muito).

Inventario o meu status: um curativo enorme no peito, do pescoço à barriga. Acesso venoso no braço. Uma atadura enorme cobrindo panturrilha e canela da minha perna esquerda.

Há alguma coisa que não sei o que é espetada no meu pulso direito – esse negócio, que depois vim a saber que era um monitor intravenoso de pressão e pulso, dói pra burro.

Um “dedo do homem de ferro” medindo oxigenação do sangue. Um chicote de fios de monitoramento do eletrocardiograma. Uma mangueira de jardim saindo de um ponto um pouco acima do umbigo. Outra mangueira de jardim saindo do peito, um pouco abaixo do mamilo esquerdo. Outro acesso, esse fixado com ponto de sutura, no meu peito. 

Tinha também um fiozinho super fino, que inicialmente acredito ser o resto de algum tecido ali pelo meu peito. Só na hora de sair do CTI venho a saber que é um fio para marca-passo, caso algo desse errado… O fiozinho estava ligado lá dentro do meu coração remendado

Será que os médicos acertaram a mão nessa porra? Será que minhas costas vão parar de me incomodar? O que é esse calor infernal? Por que não sinto minha perna esquerda direito? Como posso me mexer no meio desse emaranhado de fios e mangueiras? E que sede desgraçada!!

Esqueci de mencionar: ao lado da TV há um relógio de ponteiros na parede. Fico observando as voltas do ponteiro dos segundos, o ponteiro dos minutos que não se mexe e o das horas, que anda para trás…

DUAS VOLTAS PELO CTI: A PRIMEIRA CAMINHADA PÓS-CIRURGIA FOI SOFRIDA

Não acordei exatamente, muito porque não dormi exatamente. Entre o ir e vir da equipe, dos meus remédios, loucuras e viagens, não tive um período de sono propriamente dito.

Roberto, com Bianca, pronto para voltar para casa após a cirurgia.

De qualquer forma, amanheceu. Café da manhã, visita do médico, banho, fisioterapia, lanche, almoço, fisioterapia, visita, lanche, jantar, ceia, tentar dormir.

Sofri pacas quando a fisioterapeuta me fez levantar pela primeira vez. O medo é paralisante e eu travei. Travei bonito mesmo. Fiquei alguns minutos sentado na cama, segurando as duas mãos dela, tentando me recompor… Demorei, sofri, mas levantei e completei meu circuito de duas voltas pelo CTI

Depois de três dias no CTI, vou para o quarto. Passei mais quatro dias no hospital, aprendendo a lidar com a dor, enquanto os remédios intravenosos eram substituídos por comprimidos, para que eu pudesse ir para casa.

COM DOR E FEBRE, VOLTEI PARA O HOSPITAL — E TRAVEI NA RECEPÇÃO

Quando saí de derivados da morfina, intravenosos, para a boa e velha dipirona em comprimidos, tive uma medida mais clara do quanto eu estava arrebentado.

A dor aumentou pra caramba. Dores muito fortes, que eu nunca havia sentido, incapacitantes.

Pior que isso, dores que dão uma sensação de impotência e inevitabilidade desesperadoras.

Impotência, porque nada que eu faça diminui a dor. Inevitabilidade, porque dói em qualquer circunstância. Me queixo e ouço, pela primeira vez, que “isso é supernormal”

Até que, em dado momento, já em casa, a dor muda. E junto vem uma febre. Orientados pelos médicos, vamos novamente para o hospital.

Na recepção, prestes a ser admitido na emergência, eu e Bianca travamos, não conseguimos ir adiante. Caíram ciscos nos nossos olhos — mas, como fazemos há mais de 20 anos, demos as mãos e fomos em frente.

DECISÃO IMPORTANTE PACAS: ME LIVRAR DE VEZ DOS CIGARROS ESCONDIDOS

Estou com pneumonia e um derrame na pleura — que, venho a descobrir, também são “supernormais”. Volto para casa com uma receita de antibiótico.

Sigo com minhas caminhadas de 5 minutos por dia, meus muitos remédios e exercícios de fisioterapia respiratória. Os exercícios já eram doloridos; a pneumonia e o derrame adicionam novas camadas de dor.

Eis que um dia vou ligar a moto para a bateria não descarregar. Bianca vem junto e pensamos que poderia ser a oportunidade de dar uma limpeza nela.

Enquanto estava no hospital, todos os cigarros e isqueiros da casa foram para o lixo, mas Bianca não sabia que, às vezes, eu deixava um ou dois maços fechados, no baú do banco da moto… Eu poderia deixar o maço ali, “na moita”. Ninguém viu, ninguém saberia

Momento de fazer uma escolha para sempre. “Amor, por favor, joga esse troço no lixo para mim?”

Decisão importante pacas.

MONITORO CADA PASSO NA ESTEIRA; SIGO A DIETA NOS MÍNIMOS DETALHES

Precisamos nos organizar. Marcamos minhas sessões de reabilitação para o horário imediatamente após deixarmos as crianças na escola.

De certa forma, é uma escola para mim também: preciso aprender a criar novos hábitos, deixar outros para trás.

E aí a Chris volta com o atendimento da clínica. É um conjunto de profissionais, liderados pelo Heitor, que me ajuda – professores de educação física, fisioterapeutas, nutricionista.

Ainda estou muito fraco. Todo esse tempo com limitações de movimento, restrições da cirurgia… Mal consigo pegar um copo no armário.

Na clínica, cada exercício é medido, cada movimento, contado. Cada passo na esteira é monitorado. Ganho uma dieta; passei décadas inventando desculpas para não segui-las – agora, sigo a dieta até nas vírgulas mais irritantes

Vou para um chá de bebê com duas maçãs no bolso. Festinha de criança com nuts. Churrasco com sachê de chá. Até em velório levei uma marmita de ovo e salada.

COMEÇO A CORRER, GANHO ALTA, E SONHO COM A MEIA MARATONA

A cada sessão na clínica, subo na balança e vejo os quilos ficando para trás. Me sinto mais forte. Consigo caminhar mais na esteira.

Passo a fazer corridas de 1, 2, 3 quilômetros. De 30 de setembro, quando operei, até janeiro, quando retomo meu trabalho, começo a olhar com olho grande para os 5 km da corrida de São Sebastião, em 20 de janeiro.

No dia 20, coloco um boné, calço meu tênis, meus fones de ouvido com algum audiobook. Não tenho as condições de temperatura ou ventilação da clínica – estou em pleno verão do Rio de Janeiro – mas, devagar e sempre, saio de casa, corro 2,5 km na ida, 2,5 km na volta

Em junho vai rolar a Maratona do Rio. Começo a treinar para os 10 km. Ganho alta, posso voltar a jogar bola. Passo fevereiro correndo igual a um doido. Saí do zero para 5 km em três meses; dos 5 km para 10 km, em mais um.

Eu me empolgo: “Caramba, Chris, a maratona do Rio é em junho… Até lá consigo fazer os 21 km da meia maratona…!”

“Muita calma nessa hora. Não tem nem um ano que você operou.”

AO ENTENDER QUE SOU FUMANTE EM TRATAMENTO, EU NÃO BAIXO A MINHA GUARDA

Descobri que posso fazer tudo que eu já fazia no trabalho. Continuo sendo competente, competitivo, capaz. Ainda sei estudar, aprender, descobrir e criar coisas novas.

Não sou “ex-fumante”. Sou um fumante em tratamento. Ao compreender e abraçar minha condição, eu não abaixo a minha guarda

Devo muito a muita gente na minha recuperação. Mas, se não coloquei um cigarro na boca desde que entrei no hospital, o grande responsável –mesmo que ele não saiba — é Walter Casagrande Jr.

Tenho uma dívida imensa com Chris e Heitor – sem eles, não teria feito metade do que fiz. A sorte é que ambos são tão generosos quanto competentes e não vão me cobrar.

SOU E SEREI UM CARDIOPATA PARA SEMPRE

Descobri que posso ser feliz sem ver jogos do Vasco (com essa bolinha que tá jogando, enfim…). Descobri que tinha um monte de gente torcendo por mim. Confirmei que os amigos especiais são foda mesmo e até hoje me emociono com um gif bobo de “yes, yes, yes” que recebi quando voltei para casa.

Descobri que posso muitas coisas com a minha mulher e nossos filhos.

Descobri que sim, a vida tem um monte de problemas e dificuldades. E nada disso desapareceu depois que serraram o meu peito. Mas a escolha sobre como lidamos com isso é só nossa. Como cada problema vai afetar a sua vida: isso é uma escolha sua

Sou e serei um cardiopata, um “grupo de risco”, um cara que tem que tomar pelo menos seis comprimidos por dia — muito provavelmente para sempre.

Sabe lá no começo do texto, quando falei que “stents são coisa de velho”? Pois é. Eu NÃO coloquei stents. Isso é “coisa de velho” — e eu ainda tenho muita vida pela frente.

 

Roberto Ribeiro é casado com Bianca, pai da Ana e do João. Passou a vida inteira indo e voltando entre o Rio e São Paulo. Engenheiro, implanta sistemas em grandes empresas. Aos 43, recebeu uma segunda chance e vive todos os dias para fazer por merecê-la.

 

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