Prepare-se para o mundo sensorizado da Internet das Coisas

Bruno Leuzinger - 2 dez 2015
Sede da SAP Labs Latin America, em São Leopoldo (RS)
Bruno Leuzinger - 2 dez 2015
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“Vou te dar um exemplo simples: geladeira. Em breve, as geladeiras terão sensores que vão monitorar todos os produtos que entram e saem delas. E vão fazer modelos preditivos, do tipo ‘olha, com base no teu consumo semanal, toda quinta-feira você tem que comprar leite, porque senão vai faltar para o fim de semana’. Agora imagine o valor dessa informação para uma empresa de laticínios. Além de saber o estoque na fábrica ou no supermercado, ela vai saber o estoque de leite em cada casa. E pense em quantos milhões de dados passarão por segundo entre todas as geladeiras do futuro que vão estar conectadas”.

É dessa maneira direta e ilustrativa que Daniel Duarte, head de inovação e customer experience da SAP Labs Latin America (centro de pesquisa, desenvolvimento e suporte da multinacional de softwares SAP em São Leopoldo, na Grande Porto Alegre), descreve um fenômeno iminente que atende pelo acrônimo IOT – Internet of Things, ou Internet das Coisas. Sob esse nome singelo está em curso uma revolução tecnológica que vai sacudir o comércio e a sociedade.

Alta performance

Eletrodomésticos, lâmpadas, carros, peças de roupa: por meio de sensores cada vez mais discretos (e baratos), a Internet das Coisas tem potencial para permear quase tudo ao nosso redor – captando e transmitindo informações em tempo real para a tela de aparelhos móveis. Parte disso já virou realidade. Um exemplo são os wearables, ou “vestíveis”, acessórios com sensores biométricos usados por atletas (profissionais ou “de fim de semana”) para avaliação de performance. Sensores também já viraram rotina em esportes como o futebol americano – seja para auxiliar a comissão técnica na análise de desempenho da equipe, seja para entreter  espectadores ávidos por estatísticas na TV e nas redes sociais. Até a Fifa e a International Board, normalmente arredias a admitir inovações no futebol, estão permitindo agora a introdução de tecnologia embarcada no uniforme dos jogadores durante partidas oficiais.

“Assim que essa tecnologia estiver disponível nos uniformes, poderemos coletar todo tipo de evento físico do jogador: velocidade, deslocamento, posicionamento…”, diz Duarte, da SAP Labs Latin America. A empresa tem protótipos prontos, com aplicações surpreendentes. “Para o preparador físico, por exemplo, o que importa são a aceleração e a desaceleração bruscas, momentos em que há estresse muscular. Os sensores embarcados no jogador vão medir isso e ainda a oxigenação do sangue e também o pH do suor, que permite calcular o acúmulo de ácido láctico na musculatura.” Desse modo, será possível verificar objetivamente o desgaste físico do atleta após a partida, prever distensões e determinar se o jogador deve receber uma massagem ou ir para a piscina de gelo. “O céu é o limite do que dá para ser feito em termos de sensorização e tecnologia embarcada.”

Solução “caseira”

Instalada no polo científico Tecnosinos, a SAP Labs utiliza sua própria sede (certificada com o selo LEED Gold de edifícios ecologicamente corretos) como campo de teste de um projeto de prédio inteligente – o Smart Building. “Imagine que eu tenha uma videoconferência com a China, no meio da madrugada”, diz Duarte. “Na catraca, aviso o segurança, ‘ó, estou subindo, por favor acenda as luzes’. Poderia resolver isso com um sensor de movimento, claro. Mas eu quero algo muito mais inteligente: quero que o prédio identifique quem eu sou, saiba a sala em que estou entrando, ligue o ar condicionado e acione apenas as luzes do meu caminho.” Ainda em desenvolvimento, o protótipo Smart Building orquestra sensores e equipamentos, permite simular cenários de economia de energia e faz uso de dados de meteorologia para programar o sistema de refrigeração, a fim de se antecipar a variações de temperatura.

Intensivo de inovação

Segundo a International Data Corporation (IDC), os investimentos ligados a Internet das Coisas devem chegar a US$ 1,7 trilhão até 2020. Para alcançar resultados inovadores, a SAP Labs estimula a competição criativa por meio de torneios como o InnoWeeks, que engajou 40 funcionários no desenvolvimento de soluções na esfera do IOT, em novembro de 2014 (e em julho de 2015 também). Quem visitou o SAP Forum Brasil 2015, ocorrido em março deste ano no Transamerica Expo Center, em São Paulo, pôde conferir de perto os protótipos. Um deles era uma roupinha de bebê com sensores biométricos que monitoram os batimentos cardíacos, a respiração, a temperatura e a posição da criança; outro, destinado à agricultura, faz uso de drones com sensores (de calor, luminosidade e altura das plantas) para fornecer uma visão objetiva e abrangente da lavoura.

Em 2015, a InnoWeeks cresceu e ganhou participação de estudantes de 12 instituições de ensino do país. Munidos de crachás da empresa e equipamentos de ponta, eles se reuniram ao longo do mês de julho para bolar soluções em quatro frentes: varejo, segurança, logística e agronegócio. Desse intensivo de inovação saíram sacadas espertas, que em breve deverão ganhar aplicações práticas no mundo real. Um grupo criou gôndolas de supermercado que avisam a hora de repor um produto, permitindo a gestão inteligente do estoque. Outro lançou mão dos drones para sobrevoar pontos de acidente nas estradas, otimizando o planejamento do resgate. Anunciado no SAP Techniversity, em agosto, o projeto vencedor é um sistema que usa dados de telemetria do trator para alimentar uma plataforma analítica de gerenciamento da propriedade rural, usando a Internet das Coisas para melhorar a produtividade no campo.

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