Erick Sperandio, professor associado de IA para sistemas de ar limpo na University of Surrey (Inglaterra).
A inteligência artificial vai salvar o planeta ou esquentá-lo ainda mais? Essa pergunta resume o paradoxo que ronda o uso da inteligência artificial diante da crise climática.
Muito se fala sobre o impacto ambiental da IA: o alto consumo de energia, a dependência de água para refrigerar datacenters, a mineração de metais raros para produzir chips. O Google, por exemplo, já admitiu em seu relatório ambiental de 2024 um aumento de 51% nas emissões de CO₂ desde 2019, E uma das causas para isso pode ser a inteligência artificial.
Mas o potencial dessa tecnologia para o bem também deve ser levado em conta. A IA já ajuda a prever desastres naturais, otimizar o uso de energias renováveis e modelar riscos climáticos. Um relatório do Boston Consulting Group apontou que a inteligência artificial pode reduzir de 5% a 10% as emissões de gases de efeito estufa até 2030.
Ou seja, fica difícil encarar a IA apenas como ameaça — ou só como solução.
“Lamento dizer que não vai ser como um filme da Marvel, no sentido de que tem sempre o vilão e o mocinho […] Vai depender muito de como nós criamos as soluções de IA e como nós as usamos também. Hoje algumas pessoas usam a IA para coisas que parecem não ter muito sentido…”
A reflexão é de Erick Sperandio, professor associado de IA para sistemas de ar limpo na University of Surrey (Inglaterra) e membro do Global Center for Climate Research, além de professor associado no Senai Cimatec, em Salvador. No novo episódio do Drafters, ele conversa com a repórter Maisa Infante sobre os dois lados dessa equação: o que a IA pode fazer a favor do clima e o que ela já vem fazendo contra.
Entre a geração desenfreada de conteúdos triviais e o uso estratégico da tecnologia para soluções verdes, fica a provocação de Erick: “Será que o nosso uso dessa tecnologia está sendo sustentável e consciente?” Confira a seguir o episódio e entre nesse debate urgente.