Verbete Draft: o que é Comunicação Não-Violenta

Isabela Mena - 18 jan 2017Fala que eu te escuto. Comunicação Não-Violenta é uma metodologia que resolve desde conflitos bélicos até atritos de uma empresa (imagem: reprodução Blog Ivo Borges).
Fala que eu te escuto. Comunicação Não-Violenta é uma metodologia que resolve desde conflitos bélicos até atritos de uma empresa (imagem: reprodução Blog Ivo Borges).
Isabela Mena - 18 jan 2017
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Continuamos a série que explica as principais palavras do vocabulário dos empreendedores da nova economia. São termos e expressões que você precisa saber: seja para conhecer as novas ferramentas que vão impulsionar seus negócios ou para te ajudar a falar a mesma língua de mentores e investidores. O verbete de hoje é…

COMUNICAÇÃO NÃO VIOLENTA

O que acham que é: Comunicação sem palavras.

O que realmente é: Comunicação Não-Violenta, ou CNV, é uma abordagem de resolução de conflitos que, por meio de uma série de práticas (feitas em grupo, em oficinas, cursos, dinâmicas) propõe a consideração do todo: fatos externos, auto-observação, contato com sentimentos e crenças, percepções das necessidades individuais e do outro, admissão e celebração das diferenças. Dessa forma, desperta-se a empatia e a compaixão, sentimentos que, segundo a CNV, são inerentes a todo ser humano, resultando na pacificação da guerra cotidiana.

De acordo com Arnaldo Bassoli, psicoterapeuta, professor, sócio-fundador e facilitador de práticas de diálogo da Escola de Diálogo de São Paulo, a CNV se faz a partir de um lugar interior de empoderamento de si e do outro. “O conflito entre pessoas só persiste quando não se abrem as portas do diálogo e da escuta. Uma vez abertas, a conversação progride, a tensão diminui e encontram-se caminhos para atender as necessidades dos participantes que até então estavam obstruídos”, diz.

Para a psicóloga Sandra Caselato, consultora da Sinergia Comunicativa, a CNV proporciona recursos para atuarmos no mundo a partir de um entendimento mais conectado e podermos encontrar formas mais sustentáveis e satisfatórias de interagir e transformar a realidade à nossa volta: “Pode-se dizer que Comunicação Não-Violenta é um processo de humanização radical e pode ser instrumento poderoso de transformação de conflitos e mudança social”.

Quem inventou: O psicólogo americano Marshall Rosenberg, que morreu em 2015. Ele fundou o The Center for Nonviolent Communication e disseminou a CNV em cerca de 60 países. É autor, entre outros livros, de Nonviolent Communication: A Language of Life. Leitura obrigatória e “uma fonte muito importante para quem quer trabalhar com resolução de conflitos em qualquer área da vida”, segundo Bassoli.

Quando foi inventado: A CNV, na década de 1960. O livro “Nonviolent Communication: A Language of Life” é de 2003.

Para que serve: De forma geral, para superar e ultrapassar conflitos imobilizadores e violentos. Bassoli cita, ainda, que a CNV traz mais clareza interior e entre as pessoas. “Mas os benefícios são amplos e irrestritos, numerosos demais para uma pequena lista”, afirma.

Caselato diz que a CNV contribui para desfazer preconceitos e focar nos pontos comuns entre as pessoas, valorizando e celebrando as diferenças: “O foco na conexão humana tem efeitos diretos na nossa linguagem e na forma como construímos nossa realidade social conjunta”.

Quem usa: Pessoas que desejam melhorar suas relações interpessoais, mediadores de conflitos, psicoterapeutas, famílias, educadores, ONGs, comunidades, instituições etc. Caselato, que participa da organização de um encontro anual de CNV nos territórios palestinos ocupados (no qual reúne, por dez dias, mais de 100 israelenses, palestinos e estrangeiros), diz que a CNV é bastante utilizada no âmbito político e em conflitos internacionais. “É muito útil onde quer que haja pessoas e relações interpessoais e grupais.”

Bassoli conta que, na Escola de Diálogo São Paulo, a CNV também é aplicada em empresas de ramos como tecnologia, cosméticos e commodities: “Hoje, há um movimento bem expressivo para levar a Comunicação Não-Violenta para organizações de todos os setores. Mas qualquer pessoa, grupo ou instituição pode usar.”

Efeitos colaterais: Não há.

Quem é contra: “Não sei de situações em que alguém seja contra a CNV. Talvez aqueles que sejam contra o diálogo, que queiram manter situações injustas ou privilégios, pessoas muito dogmáticas e inseguras”, afirma Bassoli.

Para saber mais:
1) Assista, no YouTube, Marshall Rosenberg explicando a CNV desde seu início. É dividido em blocos: primeiro, segundo e terceiro.
2) Leia, no site Papo de Homem, Comunicação não-violenta: o que é e como praticar, conta fala sobre CNV em detalhes e propõe exercícios.
3) No site da Comum, leia o texto 6 coisas que você precisa saber sobre comunicação não-violenta. Há um vídeo curto, de menos de dois minutos, e seis itens bastante esclarecedores sobre a abordagem.

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